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Atletismo continua o mesmo

Quem acompanha o esporte olímpico nacional vai detectar que mais grave em relação ao seu desenvolvimento não se trata de dinheiro, que, às vezes, é mal projetado.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulador

Em geral, os desportistas brasileiros se ligam muito mais ao futebol por ser a modalidade mais badalada pela mídia, deixando de lado outras grandes atrações do calendário nacional, não porque deixem de lado por questão de preferência, mas por desconhecer seus méritos. Alguns esportes no país provocam pouca atração, destacando-se, em primeiro lugar, o voleibol, masculino e feminino. A explicação é que no esporte da rede houve bom planejamento para colocá-lo em grande destaque. Nas demais atividades, não existe a história do voleibol, e a razão é clara: faltam instalações, gente qualificada em grande número, e. ainda, planejamento a longo prazo, assim como divulgação maciças nas escolas, caminho mais certeiro para se atingir um fim.

Quem acompanha o esporte olímpico nacional vai detectar que mais grave em relação ao seu desenvolvimento não se trata de dinheiro, que, às vezes, é mal projetado. O x do problema é a massificação das modalidades que não chega a empolgar à juventude, não por culpa dela, juventude, mas por falta de planejamento global, como se observa em outros países, que considera o esporte com duplo valor, de saúde em de projeção no conceito mundial. Citemos por exemplo a natação. Sendo o Brasil um país cercado pelo mar seria natural que tivesse uma elite da natação e, infelizmente, isso não ocorre. Vibramos com Cesar Cielo quando ganhou a primeira medalha olímpica em 2008, em Pequim, quando fez até chorar de alegria o país inteiro.

A idéia desse artigo é comentar o recente Campeonato Mundial de Atletismo, encerrado em Londres, com o estádio olímpico lotado nos sete dias de competição. O Brasil esteve presentes e seus dirigentes e treinadores acharam a 21ª posição alcançadas pelo Brasil, satisfatória. Na prática, a posição dos foi em decorrência de apenas uma única medalha, conquista na prova de 20km marcha, pelo competidor Caio Bonfim. No mais, os atletas brasileiros chegaram a oito final, ficando à margem das medalhas.

Também ninguém pode eleger um país que esquece, por completo, a importância do esporte e todo o seu potencial e que em 2016 promoveu o que sonho para os países mundiais, os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Várias barbaridades vieram à tona durante a sua programação, sendo a mais grave, a demolição do único estádio próprio do atletismo, com pista reconhecida pela Federação Internacional. Entende-se que isso é falta de noção básica em relação à necessidade do esporte. Hoje, o Rio de Janeiro, pela sua importância no aspecto político e social, ficou sem o legado para os atletas se prepararem para grandes eventos.

Há muito anos, os entendidos em esporte sempre disseram que o problema atraso do esporte olímpico não era falta de dinheiro e, sim, cultural. Você pode ser muito rico, mas em esporte só prevalece se houver planejamento e, a longo prazo. Não será novidade dizer que se o Brasil tomar ciência de que tem valores para superar os melhores passará desfrutar o que hoje se orgulha do voleibol e do futebol e seus títulos mundiais.


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