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Boff reconhece erros do PT

Segundo o teólogo, Lula seguiu um caminho diferente do trilhado por Evo Morales, na Bolívia, que buscou apoio na vasta rede social, de onde surgiu como forte líder, a exemplo do Luís Inácio.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

Defensor do Partido dos Trabalhadores e de todo o seu pessoal, principalmente do ex presidente Luís Inácio Lula da Silva, Leonardo Boff, teólogo, escritor, professor universitário, pseudônimo de Genésio Darci Boff e expoente da Teologia da Libertação no Brasil, em seu último comentário no Jornal do Brasil, pela primeira vez fala sobre os equívocos do PT e o sonho de Lula.

Boff escreve que durante quatro a cinco décadas houve rigorosa movimentação das bases populares da sociedade discutindo o Brasil que queremos. O processo deveria nascer de baixo para cima e de dentro para fora, democrático, participativo e libertário.

Leonardo Boff diz que no governo Lula o que predominou foi a Política de Conciliação entre os partidos e as oligarquias, mas sempre sem o povo.

No texto, o teólogo faz uma comparação do que aconteceu com Evo Morales, na Bolívia, que procurou se apoiar na vasta rede de movimentos sociais, de onde ele veio como forte líder. Lula, diz, fez a opção contrária: optou pelo Parlamento no ilusório pressuposto de que seria o atalho mais curto para as reformas pretendidas que, aliás, não vieram em seus oito anos de mandato, pois não havia base. Se tivesse observado um pouco da história, teria sabido o risco desta política de coalizão que atualiza a política de conciliação do passado. A coalizão se faz à base de interesses com negociações, troca de favores e concessão de cargos e de verbas. E denuncia que a maioria dos parlamentares não representa o povo, mas o interesses de grupo que lhe financia a campanha.

Intransigente na defesa do PT, Boff alinha que o partido cometeu equívoco fatal, e aceitou a opção de Lula pelo presidencialismo de coalizão de base para formar politicamente seus membros e suscitar novas lideranças. Em consequência veio o Mensalão que para o teólogo se aplicou uma justiça duvidosa que a história um dia tirará a limpo. O Petrolão, pelos números altos da corrupção, inegável, condenável, vergonhosa, o que a desmoralizou parte do PT e as lideranças e seu coração.

Segundo o teólogo, Lula seguiu um caminho diferente do trilhado por Evo Morales, na Bolívia, que buscou apoio na vasta rede social, de onde surgiu como forte líder, a exemplo do Luís Inácio.

O PT deve ao povo brasileiro uma autocrítica nunca feita integralmente. Para se transformar numa fênix que ressurge das cinzas para voar às bases e, junto como povo, reaprender a lição de uma nova democracia participativa, poderá resgatar a dívida histórica com os oprimidos. Quem cai sempre pode se levantar. Quem erra sempre pode aprender com os erros. Caso queira sobreviver, o PT não tem outro caminho a percorrer do que o de se alinhar ao povo.


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