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Integração energética na América do Sul

A grande questão energética do mundo é garantir atendimento à demanda crescente, que deve dobrar nos próximos 12 anos, e incluir mais de 1 bilhão de pessoas sem acesso à eletricidade, reduzindo a emissão de carbono com energia mais limpa. 


Energia é um fator essencial para o desenvolvimento, e a busca de formas mais econômicas, sustentáveis e universais de produzi-la e consumi-la deve ser prioridade para o Brasil e para os países da América do Sul.A integração energética regional é uma opção importante diante do crescimento do consumo energético, fruto da inclusão social das populações da região, por um lado, e da crescente exigência de sustentabilidade, reforçada pelos acordos da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), por outro. O Brasil tem vantagens que o credenciam e impulsionam a liderar esse movimento.

A grande questão energética do mundo é garantir atendimento à demanda crescente, que deve dobrar nos próximos 12 anos, e incluir mais de 1 bilhão de pessoas sem acesso à eletricidade, reduzindo a emissão de carbono com energia mais limpa. Este trilema combina segurança, equidade energética e sustentabilidade socioambiental. O Brasil está caminhando bem nas duas últimas premissas, pois assegurou a universalização do acesso à energia (99,5% da população) e tem uma das matrizes energéticasmais limpas do mundo, com geração predominantemente hidrelétrica e muito potencial eólico e solar.Um quadro completamente diferente dos países desenvolvidos do Norte, onde a geração ainda é, em sua maioria, dependente de usinas termelétricas à base de combustíveis fósseis, como óleo combustível e carvão.

O maior desafio brasileiro é o terceiro pilar do trilema: a segurança energética. Evitar as fragilidades que temos por conta da sazonalidade da geração hidrelétrica e da dependência do ciclo das chuvas. E uma das soluções para reforçar a segurança energética é a maior integração com os países vizinhos.

O Brasil tem hoje um sistema elétrico interligado que envolvegeradoras, transmissoras edistribuidoras em todo o território nacional. Isso permite o aproveitamento do regime de chuvas em diferentes épocas do ano – se há escassez no Norte, usa-se a eletricidade gerada no Sul e vice-versa -, o que resulta em uma economia de cerca de 20% nos custos de geração, segundo o Ministério de Minas e Energia. Replicado pela América do Sul, o modelo integrado brasileiro garantiria um aumento significativo na eficiência das hidrelétricas da região, com ganhos não só econômicos, mas também ambientais e sociais.

A construção de uma hidrelétrica envolve delicadas questões econômicas, ambientais e sociais, como desmatamento e deslocamento de populações. A integração reduziria a necessidade de construção de usinas em toda a Região já que os benefícios da interligação brasileira se estenderiam para os países vizinhos. Falamos, portanto, de algo bom para a economia, para o meio ambiente e para as pessoas em um continente que busca superar suas dificuldades históricas.

Desde a experiência bem-sucedida da Itaipu Binacional, diversos outros projetos evoluíram entre os países da Região.Ocorre, ainda, que a tendência atual é de participação cada vez maior da iniciativa privada nesses projetos, o que coloca a necessidade da construção de uma regulação capaz de garantir segurança aos investidores. Com essa base legal, a integração energética Sul-Americana poderá avançar, em apoio ao nosso desenvolvimento econômico e social.

Sergio Malta é presidente do Conselho de Energia Elétrica do Sistema FIRJAN e diretor do Comitê Brasileiro do Conselho Mundial de Energia


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