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O povo, a economia e os políticos

No debate, estávamos nos referindo a posição de um conjunto de economistas que acreditam que os resultados positivos da economia, mesmo considerando a instabilidade na política, poderá atenuar a possibilidade de queda do Presidente Michel Temer, diante das denuncias no caso Joesley Batista.


Antônio Pinheiro Teles Júnior – Secretário estadual de planejamento
Articulista

No dia 05/07/2017 o jornalista Luiz Melo postou em sua rede social um comentário que fiz no rádio sobre a crise política. A nota replicava uma observação que eu havia feito ao vivo no seu programa naquela manhã, cito-a: “Salvação, da Seplan, Teles Júnior também acha que é a economia que vai salvar Temer da cassação. Seguindo pegada de dados recentes, revelando crescimento na produção industrial, principalmente, e, no embalo, com queda no desemprego (Jornal Diário do Amapá)”.

No debate, estávamos nos referindo a posição de um conjunto de economistas que acreditam que os resultados positivos da economia, mesmo considerando a instabilidade na política, poderá atenuar a possibilidade de queda do Presidente Michel Temer, diante das denuncias no caso Joesley Batista.

O leitor Ubiratan Junior fez uma argumentação interessante: “Como se o sucesso da economia fosse induto pra quem cometer crime”. O leitor está correto em sua observação, de fato, as duas coisas não deveriam ser confundidas, mas não é o que ocorre na prática.

Na política existe uma regularidade entre o desempenho da economia e o nível de popularidade do governo. Sempre que a economia vai bem o governo de plantão se fortalece politicamente. Essas evidências são observadas no mundo inteiro. O Nazismo na Alemanha, o Comunismo na Rússia e, recentemente o “Em Marcha” na França, foram partidos ou movimentos políticos que ascenderam ao poder a partir de crises na economia de seus países.

No Brasil, a revolução de 1930 e a instituição do Estado Novo estão intimamente ligados ao desempenho da economia e a sua recuperação. O Milagre Econômico entre 1967 e 1974 foi responsável pela consolidação da ditadura Militar, naquela época o povo ignorou os crimes do Regime Militar e a perseguição que promovia na sociedade, assim como fez na época do Estado Novo, nos dois casos, o Brasil apresentava recuperação dos seus indicadores econômicos.

Em 1986, o PMDB elegeu boa parte dos governantes brasileiros, no eixo do sucesso inicial do Plano Cruzado. Tempos depois, o desconhecido Collor de Melo, se elegeu em função da recessão oriunda do insucesso do Plano Cruzado. Até que em 1994 o presidente Itamar Franco, elegeu o seu Ministro da Fazenda, o desconhecido intelectual Fernando Henrique Cardoso, atualmente a historia recorda de FHC, mas esqueceu do papel de Itamar na estabilização da economia.

Na historia recente, temos o Mensalão, a opinião pública e a classe política ignoraram o fato – mesmo atingindo figuras importantes do Lulismo – o governo se reelegeu com facilidade em 2006. A economia crescia em ritmo acelerado e as políticas sociais promoviam uma popularidade sem precedentes na história nacional. Pouco tempo depois, o Petrolão – uma versão aprofundada do mensalão – com a economia em recessão permitiu a queda do governo depois de 13 anos.

A economia não deve ser induto para quem comete crimes, mas essa não é a evidência na história. De fato, existe uma conivência entre o povo, a economia e os políticos.

Antônio Pinheiro Teles Júnior


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