Janeiro Roxo alerta para hanseníase
Ano passado foram notificados 136 novos casos, número um pouco maior do que em 2018, quando foram notificados 131 casos.
O alerta para a doença é importante já que apesar de curável, a hanseníase pode deixar sequelas. O dermatologista e hansenologista do CRDT, Paulo Maurício Figueiredo, explica que apesar de ser conhecida como uma doença que causa manchas na pele, a hanseníase em estágios mais avançados pode provocar danos e sérias incapacidades físicas nos nervos periféricos como das mãos e pés.
“O grande problema da hanseníase é que ela não dá somente as manchas na pele, mas o principal são as manchas adormecidas em que o paciente perde a sensibilidade apenas em cima da mancha, não na pele toda. Quando ela começa a avançar podem existir problemas neurológicos e deformidades provocadas pela hanseníase não tratada”, complementa o especialista.
A manchas provocadas pela hanseníase podem ter diversas colorações entre esbranquiçadas, avermelhadas ou acobreadas e podem atingir qualquer área do corpo, o fator comum em todas elas é a perda total ou parcial de sensibilidade na área afetada, que fazem com que o paciente perca sensibilidade térmica, ou seja, a sensação de frio e calor.
Outros sintomas incluem áreas com diminuição dos pelos e do suor, dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das perna e inchaço de mãos e pés.
O diagnóstico da doença é simples, em caso de suspeita o paciente deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) onde será feito o teste de sensibilidade. O tratamento para a hanseníase dura entre 6 meses e 1 ano, é gratutito e feito com antibióticos específicos para a doença seguindo protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em caso positivo para a doença Paulo Maurício ressalta que é importante que toda a família busque atendimento, já que a hanseníase é uma doença trasmissível.
“Passa de pessoa para pessoa, principalmente no meio domiciliar, por ser uma bactéria que tem a reprodução muito lenta é preciso ter contato constante no mesmo ambiente. Por isso que quando descoberto um caso novo é aconselhado que o paciente leve toda a família ou pessoas com quem tem muito contato para serem examinadas”.
Nos casos em que o paciente apresenta sequelas ele é encaminhado para o CRDT. A complicação mais comum é a perda de sensibilidade na região dos pés, para isso o Centro fornece palmilhas personalizadas, férulas e adaptação dos calçados para os pacientes que sofrem desse tipo de problema.
A palmilha personalizada é uma órtese com objetivo de prevenir a formação de feridas e até mesmo ajudar a cicatrizá-las, gerando uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes ao longo do tratamento. Já a férula é um suporte usado para dar firmeza nos nervos fibular e tibial, que também podem ser comprometidos pela doença e que controlam a forma como pisamos.
“As pessoas sofrem lesões que não sentem e podem acabar desenvolvendo infecções que ocasionam a perda de membros, principalmente nas extremidades, mas isso demora anos para acontecer, só chega nesse ponto se a pessoa deixar, se não buscar atendimento. É possível vencer a hanseníase”, alertou o médico
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