Cidades

Petrobras assume concessões na Foz do Amazonas no Amapá após desistência da francesa Total

Blocos estão em águas ultraprofundas, áreas consideradas prioritárias no plano de investimento da companhia


A Petrobras vai assumir a operação e a participação da petroleira francesa Total em cinco blocos exploratórios localizados a aproximadamente 120 quilômetros do Amapá, na Bacia do Foz do Amazonas, local de disputa com ambientalistas. No Amapá a informação foi confirmada pelo senador Lucas Barreto (PSD).

 

Os blocos estão em águas ultraprofundas, áreas consideradas prioritárias no plano de investimento da Petrobras, por geralmente apresentarem reservas substanciais de petróleo e gás.

 

As cinco concessões foram arrematadas em 2013 pelo consórcio formado pela Total, que ficou com 40% de participação, Petrobras (30%) e BP Energy do Brasil (30%). Com o acordo divulgado nesta segunda-feira (28), a estatal brasileira poderá aumentar a sua participação para, pelo menos, 50%, podendo chegar a 70%caso a BP não demonstre interesse em elevar a sua fatia.

 

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estima que a Bacia da Foz do Amazonas possui cerca de 14 bilhões de barris de petróleo, mais que as reservas provadas do Golfo do México, segundo a agência de notícias “Reuters”.

 

Porém, os projetos de exploração passaram por questionamentos de ONGs ambientais e do próprio Ibama, que chegou a negar licenças para exploração, após a descoberta de um coral de recife nas redondezas.

 

Comunicado em Paris

Na França, através da agência Reuters, a petroleira francesa Total disse a segunda-feira (28) que fechou acordo para transferir sua participação em cinco blocos exploratórios na ambientalmente sensível Foz do Amazonas, no Brasil, à estatal Petrobras.

 

Os ativos foram arrematados em um leilão realizado em maio de 2013 por consórcio liderado pela Total e que ainda inclui a britânica BP, mas as empresas não conseguiram avançar até o momento com as atividades de exploração.

 

O Ibama rejeitou pela quarta vez em 2018 um pedido da Total por licença ambiental para perfuração na bacia, que fica a 120 quilômetros da costa do Brasil.

 

A Petrobras disse em comunicado que entrou em acordo com a Total para assumir “a operação e a integralidade das participações” da empresa nos blocos, que ficam a 120 quilômetros da costa do Amapá, em águas ultraprofundas.

 

“A Petrobras poderá aumentar sua participação de 30% para pelo menos 50%, podendo chegar a 70%, caso a BP não manifeste interesse em incrementar a sua participação”, afirmou.

 

A estatal disse ainda que a concretização da negociação fica sujeita a aprovação de órgãos reguladores.

 

Geólogos afirmam que a área pode conter até 14 bilhões de barris de petróleo, mais que as reservas provadas do Golfo do México. Segundo a Petrobras, a área é uma “fronteira exploratória de alto potencial”.

 

Mas ambientalistas vêm tentando evitar a exploração de petróleo na Foz do Amazonas desde que um enorme recife de corais foi descoberto nas redondezas. A Total já havia afirmado no início de setembro que desistiria de seu papel como operadora no projeto.

 

A organização ambientalista Greenpeace comentou na segunda-feira que os recifes do rio Amazonas seriam definitivamente poupados se a BP e a Petrobras também desistissem do empreendimento. (Por Matthieu Protard em Paris, reportagem adicional de Luciano Costa em São Paulo)


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