Entrevista

“Pesquisas mostram que 54% dos brasileiros confiam na imprensa”

As novas gerações de jornalistas e publicitários que estão sendo formadas no Amapá contam com jovens professores universitários como o mineiro Jacks Andrade, um especialista também em marketing digital e político.


Diário do Amapá – Como o marketing digital vem sendo trabalhado no meio acadêmico professor, e qual sua participação hoje no mercado?
Jacks Andrade – O marketing digital é uma evolução, digamos assim, do pensamento do marketing convencional. Ele é focado na satisfação das necessidades do cliente, de forma a atender esses dois lados da balança, isso é, tanto os consumidores de produtos, serviços ou informação, como para quem está promovendo essa difusão de conteúdo de informação. O marketing digital veio para chacoalhar essas estruturas do marketing a partir da difusão da internet, um movimento que iniciou aqui no Brasil na década de 1990 e também porque o comportamento das pessoas mudou com a internet. Então as pessoas que antes tinham o hábito de consumir informação através dos veículos tradicionais – jornais impressos, rádio e televisão – elas mudaram esse foco para consumir, buscar essas informações nos veículos digitais, aqueles da web.

 

Diário – E pode superar o marketing tradicional, que estaria perdendo terreno para o digital?.
Jacks – Superar sim, agora acabar não porque a base do marketing continua a mesma, o pensamento estratégico continua o mesmo, o que mudou foi exatamente essa transformação do cidadão a partir das mídias sociais.

 

Diário – E aí esse movimento foi impulsionado pela interatividade que essas mídias sociais proporcionam?
Jacks – Exatamente, percebam que até as mídias chamadas de tradicionais não são mais tão tradicionais, pois nós estamos no rádio, mas ao mesmo tempo acessados pela internet, tendo essas informações repercutidas pela mídias digitais.

 

Diário – E essa relação sempre muito controversa entre informação e publicidade professor, tem um componente histórico que vem desde o ‘mercado da informação’, faz tempo…
Jacks – Sim, vem do início até da história do jornalismo onde a indústria da informação percebeu que a informação era um produto muito consumido pela população. E olha que estamos falando lá da Idade Média, onde as pessoas buscavam se informar nas publicações feitas pela igreja, que era a única fonte de informação ou pelas publicações feitas pelo Império na época. E a partir daí veio se ampliando, se transformando até que o mercado descobriu nessa busca da sociedade por informação um nicho comercial para poder explorar. A publicidade justamente entra para dar sustentabilidade a esse mercado, daí então a partir aí de 1950 há o que se chama de industrialização do jornalismo, capitaneada pelos Estados Unidos, quando a gente vai ter uma força maior da publicidade, seja ela empresarial ou política, dando esse aporte ao nosso jornalismo.

 

Diário – As redes sociais são um fenômeno, isso não se discute, mas com elas veio a possibilidade de qualquer pessoa se arvorar a disseminar informação e aí vem o problema da falta de credibilidade, não é?
Jacks – Esse impacto dessa mudança de comportamento com as mídias sociais ele vai refletir não só no marketing, mas também no jornalismo. Com o advento do acesso à internet a gente acaba com aquele antigo monopólio da comunicação, antes a gente tinha apenas as grandes emissoras de comunicação, as grandes empresas jornalísticas é que tinham acesso a divulgar suas ideias, seus pensamentos através da edição dessas informações. Tinham o monopólio de ditar o que era notícia, o que seria discutido pela sociedade. Hoje não. Hoje a gente não tem mais esse monopólio e isso nesse ponto de vista é uma vantagem, afinal como você disse qualquer pessoa com seu celular, com seu tablet, é capaz de divulgar, de difundir ideias, difundir informações. Então aquele monopólio da notícia que vinha do jornalista hoje não existe mais, o que por um lado é uma democratização, o empoderamento do cidadão comum, mas, por outro lado, gente sabe que o jornalista passa por toda uma caminhada de conhecimento, de discussões, até se tornar um jornalista profissional, onde dentro desse treinamento, ele aprende desde cedo a responsabilidade com a verdade da notícia, a responsabilidade com a verdade do que é publicado, não é? E o impacto que essa notícia traz para a sociedade. E o cidadão comum não.

 

Diário – Daí os chamados ‘fake news’, notícias falsas?
Jacks – Sim, pesquisas recentes mostram que 54% dos brasileiros ainda confiam na imprensa, porém, as pessoas já começam a entender as notícias, as informações divulgadas fora das empresas jornalísticas, divulgadas via rede social, por exemplo, elas não tem a mesma credibilidade.

 

 

PERFIL

Jacks Andrade

Professor universitário, empresário, sócio da Delphus Consultoria e Projetos.

Formação acadêmica
– Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (2005), com título de Honra ao Mérito por apresentar o melhor desempenho acadêmico do curso; Pós-Graduação Lato Sensu em nível de especialização em Gestão da Comunicação e Marketing Institucionais, pela Universidade Castelo Branco e Exército Brasileiro (2008), com chancela da UNESCO.
– Especialista em Comunicação e Marketing Institucionais pela Universidade Castelo Branco (RJ),
– Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa (MG)
– Mestrado em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Amapá.
– Atualmente, cursa Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Pará e é acadêmico de graduação em Pedagogia pela Faculdade Estácio do Amapá, com objetivo de aperfeiçoar sua atuação em sala de aula e aprofundar suas pesquisas nos eixos de Educação e Comunicação.

Experiência Profissional
– Foi professor do SENAC-MG e da Universidade Federal de Viçosa (MG) em cursos na área de Comunicação, Marketing e Vendas.
– Atualmente, é consultor e instrutor junto ao SEBRAE e ainda professor da Unifap e da Faculdade Estácio de Macapá.


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