Política

Diretor do Iapen diz que Estado atua para conter ações de facções no presídio

Lucivaldo Monteiro concedeu entrevista na manhã deste sábado (19) ao programa Togas&Becas (Diário 90,9FM) onde reconheceu a existência de facções que atuam de dentro do presídio, apontando uma política de enfrentamento ao crime organizado no Amapá.


Cleber Barbosa e Elden Carlos
Da Redação

 

A ação de organizações criminosas é uma realidade no Amapá, segundo admitem, hoje, as autoridades da área de segurança pública, inclusive, confirmando que muitos crimes são planejados e determinados de dentro do presídio estadual. O diretor do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), Lucivaldo Monteiro, abriu o jogo na manhã deste sábado (19) durante entrevista ao programa radiofônico Togas&Becas (Diário 90,9FM), reconhecendo essa realidade e apontando mecanismos para repelir a ação dessas facções.

 

“Temos facções, sim, dentro do cárcere, e, com certeza, existe um comando partindo de dentro da cadeia. Isso é uma realidade e não podemos negar. O Amapá chegou a uma situação equivalente a outros estados aonde existe o domínio de facções dentro do cárcere. Isso é algo que há seis anos, para nós, era novidade, mas nos últimos 4 anos elas [facções] vem se fortalecendo. Existia, antes, uma política que não sei se foi a mais acertada, que foi o envio de presos do Amapá para presídios federais. Isso trouxe braços do crime organizado de outros estados pra cá, como de São Paulo e Rio de Janeiro, que acabaram se instalando e se espalhando em todo o estado”, confirma o diretor, revelando que a partir disso houve a ramificação dessas organizações em todos os municípios amapaenses, inclusive, com a criação de facções locais e que predominam em alguma regiões, como no Vale do Jari.

 

Estrutura

Ainda de forma muito transparente e sincera, o diretor da penitenciária falou das limitações e problemas internos do Iapen, cuja estrutura originalmente foi concebida para ser uma colônia penal, portanto, sem os conceitos atuais de segregar presos de justiça de alta periculosidade.

“O Iapen tem estrutura deficitária. É uma estrutura que foi pensada, inicialmente, para uma colônia agrícola penal e que com o passar do tempo foi-se construindo puxadinhos, diferente das estruturas modernas onde, hoje, o preso ‘sai pra dentro’ para tomar banho de sol, ou seja, ele deixa o pavilhão em direção a uma área que fica no centro do complexo penitenciário. Nossa estrutura é o oposto desse desenho. O preso vai para o banho de sol em área aberta, próxima às muralhas, por onde, reconhecemos, alguns criminosos jogam drogas e celulares para dentro da cadeia. Mas, estamos trabalhando para dificultar esse acesso. Em breve teremos uma penitenciária de segurança máxima com esse novo sistema”.

 

A entrada de drogas, celulares e armas, vem sendo combatida de forma permanente, inclusive, com o incremento de tecnologias como scanner corporal, detectores de metal e bloqueadores de sinal de celular. “Mas, todos esses problemas verificados na penitenciária atual deverão ser resolvidos, repito, na penitenciária de segurança máxima que o Estado está construindo e que devemos entregar até o início de 2021”, completou o diretor.

 

Pandemia

Por fim, o representante do Estado falou sobre as medidas para garantir a segurança dos trabalhadores e internos do Iapen durante o enfrentamento ao novo coronavírus. “Tivemos muitas dificuldades no início, como em todo o país e no mundo, pela falta de oferta de equipamentos de proteção no início da pandemia, mas com a alocação de recursos do Fundo Penitenciário e muitas doações de parceiros a situação foi controlada. Hoje temos um estoque considerável de EPIs”, concluiu.


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