Política

Eleições 2018: especialistas analisam 1º turno no Brasil e no Amapá

Para os analistas, os resultados das eleições não chegaram a surpreender e com algumas poucas exceções não causaram impactos muito relevantes.


Professores Daniel Chaves e Marco Leal.

Depois de terem participado do programa Café com Notícia na quarta-feira (03), os professores da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) Daniel Chaves, doutor em história e Marco Leal, mestre em Desenvolvimento Regional, voltaram à bancada do programa para fazerem um balanço das eleições gerais em todo o país e analisarem os resultados do pleito presidencial do Brasil e particularmente do Amapá.

Para os analistas, os resultados das eleições não chegaram a surpreender e com algumas poucas exceções não causaram impactos muito relevantes. A vitória de Jair Bolsonaro (PSL) com 46,03 % no primeiro turno e sua ida ao segundo turno com Fernando Haddad (PT) que obteve 29,28% dos votos válidos já era antecipada pelos principais institutos de pesquisa como Ibope, Datafolha e Vox Populi com diferenças mínimas expressas na performance de cada candidato. Segundo os professores, a tendência de favoritismo do candidato do PSL é bastante plausível uma vez que o mesmo conseguiu capitalizar para si as expectativas de grande parte da sociedade brasileira em torno do combate à corrupção e da associação do PT a essa prática.

Os analistas acreditam que no Amapá, do mesmo modo, apesar da pesquisa Ibope apresentar um empate técnico no limite da margem de erro entre Waldez Góes (PDT) e Davi Alcolumbre (DEM), a decisão do TSE em indeferir as candidaturas do PT para a as eleições com base na não prestação de contas em 2015, e determinadas pelo TER-AP em agosto deste ano, acabou prejudicando a candidatura de João Capiberibe e Janete Capiberibe uma vez que o primeiro que liderou todas as pesquisas para o governo do estado no primeiro turno terminou em 2º lugar atrás de Waldez Góes e a segunda, que somente era superada por Randolfe Rodrigues (REDE) na corrida para o senado, acabou superada nas eleições por Lucas Barreto (PTB).

Segundo Marco Leal, a vitória parcial de Waldez Góes se explica em grande parte pelo fato de que “a máquina estadual tem muita força e o governo está dentro do tecido social, nas relações, do aspecto político que permeia as administrações ligadas a partidos e grupos políticos e se analisarmos friamente, Capi e Waldez dominam atualmente a maioria dos votos no estado e estão entre os três maiores políticos da história do Amapá, possuem votos, militância, partidos fortes e possuem larga experiência em termos de estratégias políticas e à frente do governo sabem lidar com as circunstâncias típicas da cena política e a vitória de Waldez, estando como governador durante o pleito se justifica nessa medida e com base na sua liderança política.

Sobre o desempenho dos institutos de pesquisa, o professor Daniel Chaves observa que “há uma crítica à luz do resultado das eleições de ontem (domingo), de que o Ibope errou no âmbito das eleições locais, mas no contexto nacional, o instituto não errou. Segundo a pesquisa Datafolha do último dia 6 que apresentava Jair Bolsonaro com 40%, Fernando Haddad com 25% e Ciro Gomes com 15%. Do ponto de vista prático, com as oscilações típicas entre os números das pesquisas, o resultado é esse, a proporção dos votos é essa, o que pode ter acontecido, e isso explica em alguma medida alguns comportamentos eleitorais estaduais, as pesquisas apontam tendências e o Ibope, e especialmente o Datafolha, acertaram em seus prognósticos e há sim, o elemento do ‘novo’ especialmente nas eleições majoritárias estaduais”, concluiu Daniel.

Sobre o fator Bolsonaro, o mesmo analista afirma que “o dado geral da eleição nacional, e que vai ser incômodo pra muita gente, inclusive pra mim pessoalmente que não me sinto à vontade pra falar disso, é que nós temos um mito político surgindo no Brasil e se acomodando no espaço político, e não se trata de um cavaleiro solitário, como muita gente apontava, por que fez sua bancada parlamentar crescer (hoje se fala em bancada bolsonarista) e vários governadores eleitos já manifestaram imediatos apoio a Bolsonaro. Aqui no Amapá, se tem uma certa discrição porque não existe em nível local essa cristalização da direita como ocorre de forma mais latente em outros estados onde os candidatos se assumem e se apresentam como tal. Mas o que deve ocorrer neste 2º turno é o recrudescimento desse discurso de apoio massivo de governadores e parlamentares eleitos no 1º turno a Bolsonaro. Contudo mais resultado eleitoral mais marcante é o surgimento do PSL, alugado e ocupado pela família Bolsonaro, e que agora se coloca à disposição das opções políticas em cada um dos estados, lembrando que ainda há candidatos desse partido disputando eleições governamentais e surge um novo mito político que atingiu 46% sendo que o último mês de campanha  foi feito praticamente da cama de um hospital, apesar de Haddad ter feito uma campanha muito digna no 1º turno, a diferença foi de 17 pontos percentuais” em favor de Bolsonaro.


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