Política

Embora sem descartar o Senado, Ivana Cei diz que, se optar pela política, prioridade será disputar o governo do estado

Promotora de justiça pondera, entretanto, que as suas respostas aos convites dos senadores Capiberibe e Randolfe Rodrigues só serão dadas após finalização de suas atividades institucionais.


Em entrevista nesta segunda-feira à bancada do programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9), a promotora de justiça e coordenadora da área do meio ambiente do Ministério Público do Amapá (MP-AP), Ivana Cei, revelou que, embora não descarte o Senado, caso venha a optar pela política partidária, poderá priorizar a disputa pelo governo do estado, mas ponderou que as suas respostas aos convites recebidos pelos senadores Capiberibe e Randolfe para concorrer nas eleições de outubro somente serão dada após a finalização das suas atividades institucionais. Como foi veiculada em primeira mão na semana passada no programa, ela foi convidada por Capí para disputar o Palácio do Setentrião e por Randolfe para concorrer ao Senado, como o segundo nome da REDE Sustentabilidade.

“Eu não acho elegante, não acho bom ficar nessa dúvida, sem dar uma resposta imediata, inviabilizando eventuais escolhas de outros nomes, mas eu não dei resposta até agora porque estou focada a finalizar o que tenho que finalizar no que diz respeito às minhas ações institucionais e mesmo definir de forma responsável se quero entrar na política partidária ou fazer o curso de especialização em meio ambiente na ESG (Escola Superior de Guerra) para o qual fui selecionada e sempre foi um grande sonho pessoal e profissional. Mas, quanto ao questionamento se eu me sentiria melhor optando pelo governo ou pelo Senado, eu sou incisiva, sou macapaense, estou falando porque nasci aqui e sei o que minha cidade precisa, o que o meu estado precisa, por isso inicialmente eu priorizaria o governo; mas sei também que no Senado eu faria bem a minha parte, pois sempre procuro fazer bem tudo o que eu faço e eu me acho preparada para dar o melhor, por isso eu não descarto o Senado”, analisou.

Perguntada como se sente com os convites para entrar na política, a promotora se disse “gratificada e honrada”, mas insistiu que suas atividades no Ministério Público a impedem de tomar uma decisão imediata: “Sem nenhuma dúvida eu fiquei muito gratificada e honrada, porque os convites partiram de pessoas importantes, de políticos importantes que têm toda uma história no estado. Mas estou hoje com duas situações, primeiramente focada na minha área institucional e também eu tenho um doutorado a terminar, além do lançamento do meu mestrado, que ocorrerá possivelmente no dia 2 de fevereiro; tem também o fato de que tenho que deixar todas as minhas ações, iniciativas ambientais e administrativas em dia; em fevereiro vamos inaugurar a sede do MP em Laranjal do Jarí e de igual modo preciso deixar a minha promotoria em dia. Também fui selecionada pela ESG para me aperfeiçoar na investigação, um curso especializado que eu quero fazer há muito tempo, e para o qual ainda não fui autorizada pelo MP, pois essa autorização é dada pelo Conselho. Eu sou muito responsável pelo que eu faço; as coisas que eu faço eu tenho a responsabilidade de terminar. Eu achei maravilhosos os convites, porque acho a política partidária um setor importantíssimo, pois inunda a realidade da sua vida, das pessoas, da nação, mas tudo depende de como você é politicamente”.

Respondendo à pergunta de um ouvinte, Ivana Cei negou que uma tomada de decisão no momento poderia lhe causar prejuízos institucionais, mas disse que por questão ética não pode se definir politicamente enquanto não se aposentar do Ministério Público, definição que ocorrerá no próximo mês de março, conforme também revelado pelo programa na semana passada: “Eu não digo que prejudicaria, mas que se trata de um passo diferente do que estou acostumada; eu não tenho experiência política e não posso dar resposta sem embasar nas minhas atribuições, do que estou fazendo, fiscalizando. Para dizer que sim ou não, eu teria que me alinhar e como membro do MP eu não posso dizer que irei para a política enquanto não estiver aposentada; sem estar aposentada eu devo satisfação aos meus colegas, aos meus Conselhos e sou muito exigente, preciso realmente pautar qualquer que seja a minha escolha com responsabilidade e respeito às pessoas”.


Viagem a Londres

A promotora de justiça foi instada a se manifestar sobre matéria publicada por um jornal local aduzindo que ela estaria de viagem marcada a Londres para essa quarta-feira (24), com despesas pagas pelo Ministério Público para cobrar dívida da Mineradora Anglo com o marido dela, Glauco Cei: “É lógico que não, isso não é verdade. Nós vamos cobrar da Anglo America, que é um conglomerado grande ao qual as Anglos brasileiras estão interligadas, o ressarcimento dos danos que causou ao Amapá, o que é uma recorrência das mineradores, que chegam, fazem o que querem porque não há fiscalização como deveria e deixa pra gente situações como essa. Houve um desastre no porto que todos conhecem, mas as vítimas não foram devidamente indenizadas. O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com ação de indenização, as vítimas foram ao coordenador ambiental do estado pedindo providenciais; o doutor Adilson Garcia, do Meio Ambiente pediu a nossa intervenção no sentido de fazer um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e vamos cobrar. Ajuizamos as ações necessárias, onde estamos pedimos que a empresa assuma as suas responsabilidade no que diz respeito ao desabamento do porto, às vítimas e ao sucateamento da Estrada de Ferro (EFA). O jornal está mentindo, porque com relação aos credores a cobrança é com a Zamin, eles (os empresários) entraram com a ação contra a Zamin, que para evitar a falência, apresentou um plano de recuperação, que foi apresentado no dia 5 de abril de 2017 e foi aprovado e homologado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no dia 6 de abril, determinando que após 30 dias da aprovação do plano a Zamin junto com outra empresa que estava abarcando as dividas, que não são da Anglo, teria que pagar os credores. E quem foi para acompanhar, por portaria, para tomar conta e fiscalizar não foi doutora Ivana Cei, mas sim o doutor Adilson Garcia, que é o promotor de justiça responsável pelo acompanhamento e fiscalização”.

Ivana Cei também comentou sobre a afirmação atribuída ao Procurador Geral do Estado (PGE) Narson Galeno de que o MP não tem responsabilidade jurídica para fechar acordo em Londres: “O doutor Narson Galeno me falou que não foi ouvido pelo jornal, e eu já disse que a fiscalização sobre o acordo que está sendo discutido na questão da dívida cabe ao Ministério Público, e quem faz essa fiscalização é o doutor Adilson Garcia, não a doutora Ivana Cei, que vai a Londres para outra pauta que não tem nada a ver com essa dívida que está ajuizada. Nós estamos indo para exigir o nosso porto, o ressarcimento às nossas vítimas, porque elas devem ser ressarcidas, olhadas com respeito”.


Outro questionamento feito pela matéria do referido jornal, também rechaçado por Ivana Cei, foi a razão que motivou o Ministério Público a não procurar diretamente a Anglo do Brasil para a cobrança dessas indenização: “Procuramos a Anglo sim, mas a empresa sempre dá um jeitinho de não sentar e não fazer o que deve fazer. Inclusive nós estamos contestando o negócio entre a Anglo e a Zamin porque todos sabem que é uma fraude. E nós vamos lá porque a própria Anglo do Brasil disse que Londres não tem conhecimento; eles fazem o que querem no estado, na Amazônia e MP se propõe a ajudar para a Anglo pagar o que deve ao nosso estado. Com relação às dívidas deixadas no Amapá os credores judicializaram e o caso é da competência do Tribunal de Justiça de São Paulo e nada tem a ver com o nosso papel até papel; o MP tem legitimidade, mas quem acompanhou e está acompanhando é o doutor Adilson Garcia e outros dois promotores, não eu, até porque não sou cobradora, sou promotora de justiça e nessa condição eu cobro pela sociedade. O Ministério Público é um agente político institucional, nós somos partes, e como partes nós temos sim que agir como partes, temos que ir atrás se houver dano patrimonial ao erário, nós temos que ir atrás sim para cobrar”, finalizou a promotora.


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