Política

Por falta de acordo com governo, médicos ameaçam deflagrar gre

Reivindica reajuste salarial, contratação de mais profissionais, medicamentos e melhores condições de trabalho



 

Reunidos em assembleia geral do Sindicato dos Médicos do Amapá (Sindmed), no auditório do Conselho Regional de Medicina (CRM), os médicos que atuam na rede pública estadual decidiram encaminhar ofício ao governador Waldez Góes (PDT) para que se manifeste no prazo de 72 horas sobre documento encaminhado no dia 21 de maio, cobrando reajuste salarial, contratação de mais profissionais, medicamentos e melhores condições de trabalho na rede pública do estado. De acordo com a presidente do Sindmed, Hellen Melo, caso o governo do estado (GEA) não apresente resposta nesse prazo, uma nova assembleia, já marcada para esta quinta-feira, 18, oficializará paralisação das atividades durante 24 horas.

“Daremos ciência à população, através da mídia, quanto às precárias condições de trabalho e ao fato de não termos avançado em relação ao reajuste no salário base do médico. Se após a paralisação de 24 horas não houver sinalização positiva do governo, de maneira oficial, agendaremos nova assembleia para deflagrar a greve, tudo dentro da legalidade, respeitando os 30% dos serviços essenciais, como atendimentos de emergência, por exemplo, em funcionamento”, revelou a direção do sindicato.

De acordo com a médica Hellen Melo, o sindicato vem tentando dialogar com o governo, mas não tendo resposta: “Temos que garantir uma solução imediata para tantos problemas que prejudicam o nosso trabalho e penaliza a população. Há meses estamos tentando solucionar pacificamente esses impasses, sem êxito, e não estamos dispostos a esperar mais quatro anos para que o nosso principal objetivo seja alcançado: condições dignas de trabalho para melhor atender à população, e um salário base digno”, justifica.

Denúncias levam deputados ao PAI
Na edição do último domingo, o Diário do Amapá veiculou reportagem sobre a situação de insalubridade no Pronto Atendimento Infantil (PAI), tema de entrevista do promotor da saúde do Ministério Público, André Araújo, ao programa Togas&Becas (DiárioFM 90.9), apresentado pelo advogado Helder Carneiro na manhã do dia anterior. De acordo com o promotor de justiça, os médicos daquela unidade de saúde “são obrigados a escolher quem vai ser atendido e quem vai morrer”, por falta de leitos nas enfermarias e as poucas vagas disponíveis na única UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) que existe em todo o estado.

As matérias tiveram repercussão nacional, com a transmissão ao vivo da entrevista pelo site da Diário FM e da TV Diário na internet (www.diariodoamapa.com.br.). Na segunda-feira, 15, o Jornal Hoje, da Rede Globo, também abordou o assunto, em reportagem que mostrou imagens absurdas: dezenas de crianças amontoadas em leitos improvisados nos corredores do PAI, além de depoimentos de revoltados pais e do próprio promotor, que ratificou suas declarações dadas ao Sistema Diário de Comunicação.

Por conta dessas denúncias, os membros da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (AL) estiveram no PAI, acompanhados do titular da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), Pedro Leite. “Não estamos aqui para fazer denúncias, mas sim um levantamento das principais dificuldades enfrentadas pelas duas instituições (PAI e Hospital da Criança e do Adolescente). Nossa intenção é assegurar um atendimento rápido e de qualidade para a população”, explicou o presidente da comissão, deputado Jaci Amanajás.

O presidente e os membros da comissão, Dr. Furlan, Jory Oeiras, Max da AABB e Maria Goés, percorreram os setores do hospital e ouviram familiares de pacientes, servidores e médicos. As reclamações são as mesmas das demais unidades de saúde: faltam materiais básicos, profissionais, há demora no atendimento e superlotação. “O principal fator para a superlotação é a falta de pediatra nos postos de saúde”, relatou aos membros da comissão a médica Betânia Kaiate.

De acordo com informações, mais de 35 crianças estão internadas no pronto atendimento, sendo que 80%, ou seja, 25, estão de forma improvisada no corredor que foi transformado em enfermaria. “Até o fim do ano será inaugurada a obra do Hospital da Criança, desafogando o atendimento no PAI”, contemporizou Pedro Leite. Nos corredores do único pronto socorro infantil crianças esperam no colo das mães ou em macas improvisadas. Nas salas com leitos algumas camas são ocupadas por vários pacientes. “Com a conclusão da obra, o hospital vai duplicar o número de leitos”, garantiu o secretário.


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