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Waldez é duramente criticado e perde maioria na Assembleia Legislativa

Pelo menos 14 dos 24 deputados estaduais do Amapá anunciaram nesta segunda-feira criação de um grupo independente.


Pelo menos 14 dos 24 deputados estaduais do Amapá anunciaram nessa segunda-feira, 19, a criação de um grupo independente e confirmaram rompimento com o governador Waldez Góes (PDT). O rompimento foi iniciado com o anúncio feito pelo deputado Antônio Furlan (PTB), em pronunciamento, de que o partido dele estava fora da base aliada.

Furlan, que é médico cardiologista, disse que o rompimento se dava pelo pouco caso do governo com a saúde depois de nove meses de gestão. Segundo o deputado petebista, nada do que o governo promete de melhoria no setor de saúde se concretiza. Ele foi logo seguido pelos deputados Roseli Matos, Jaime Peres e Charles Marques, que também anunciaram desembarque do governo, inclusive com entrega de cargos.

Também médico, o deputado Jaci Amanajás acompanhou as manifestações de Furlan com relação ao setor de saúde, considerando que o governo já teve tempo demais para solucionar alguns problemas. Jaci citou, por exemplo, o fato de o mamógrafo do Hospital Alberto Lima não está funcionando em pleno “Outubro Rosa”, quando mulheres acima dos 40 anos de idade são incentivadas a fazer exames contra o câncer de mama.

Dentre os discursos, o mais contundente foi o do deputado pastor Oliveira, para quem o governador e os secretários não respeitam os deputados. De acordo com Oliveira, os secretários não atendem os deputados que presidem comissões temáticas da Assembleia e nem retornam ligações. Ele citou como exemplo os secretários André Rocha, da Infra-estrutura, e Conceição Madeiros, da Educação.

“O secretário André chegou a ser convocado para falar aqui na Assembleia, mas não deu bola e ficou por isso mesmo, e o deputado Jaime Perez, presidente da Comissão de Educação desta Casa, não é recebido pela secretária Conceição Medeiros”, relatou Oliveira. O presidente da Assembleia, deputado Moisés Souza, informou que o secretário da Infra-estrutura será reconvocado e pode ser processado, se não comparecer.

Os deputados Júnior Favacho e Augusto Aguiar, ambos do PMDB, também criticaram o tratamento dispensado pelo governador e por seus secretários aos deputados. Júnior disse ter ouvido de médicos a situação de penúria na saúde e lembrou ao presidente Moisés Souza para cobrar a senha do Siplag para a Assembleia ter acesso às contas do governo. “O governador fez festa, apareceu na foto com deputados e até hoje não repassou a senha do Siplag, tendo feito a entrega apenas ao Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça e Ministério Público. É hora de cobrar, senhor presidente”, discursou Favacho. Moisés Souza informou que oficiará ao governador para passar a senha em 72 horas.

O deputado Pedro da Lua, líder do PSC, anunciou que entregou ao governador Waldez os 20 cargos que detinha no governo e que está fora da base aliada. Para ele, quem ajuda a eleger, ajuda a governar, mas os deputados vêm sendo desprestigiados. Também se queixaram do governo os deputados Jory Oeiras, Edna Auzier, Cristina Almeida, Paulo Lemos e Max da AABB. Os três últimos já são mesmo oposição ao governo.

Pelo lado do governo, se manifestaram o líder Ericláudio Alencar e a deputada Maria Góes, dizendo que continuarão fiéis ao governador Waldez, mas respeitando a decisão dos demais.

O presidente da Assembleia, deputado Moisés Souza, foi duro em afirmar que: “com o governador Waldez Góes eu não sento mais, pois nada do que ele escreve ou promete se confirma no dia seguinte. Foram várias as promessas, e nenhuma cumprida”. Moisés explicou que durante muito tempo conseguiu segurar os parlamentares quanto a rompimento, mas não deu mais.

O presidente da Assembleia Legislativa também informou que a partir do ano que vem o Orçamento do Estado deixará de ser autorizativo e passará a ser impositivo, por proposta do deputado Antônio Furlan. Com o orçamento impositivo, o Executivo será obrigado a cumprir na íntegra o que for aprovado pelos deputados, perdendo, por exemplo, a possibilidade de fazer remanejamento de recursos de uma rubrica para outra.


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