Política

Desastre do Porto de Santana – o que está por trás da Anglo

Unifap promove Semana de Engenharia Civil para tratar de tema polêmico sem diversificar participantes.


Douglas Lima
Editor

esta segunda-feira, 5, Dia Internacional do Meio Ambiente, ocorre no Sebrae-AP, em Macapá, a ‘II Semana de Engenharia Civil: O Acidente no Porto de Santana (AP, 2013)’, realização da Universidade Federal do Amapá (Unifap).

O evento poderia até passar despercebido da imprensa ou ser motivo de pequeno registro no noticiário, não fosse o assunto pautado para debates de grande relevância para a economia do estado do Amapá, do Brasil e do mundo, e a programação não fosse tão tendenciosa a favor da empresa Anglo American.

A mineradora, de nacionalidade inglesa, participou de uma transação no mínimo suspeita com a indiana Zamin, sete meses depois do Porto de Santana ruir.

O acidente, que chegou a ceifar seis vidas, redundou na virtual paralisação da atividade minerária no Amapá, porque além do sumiço do logradouro exportador da produção, o estado também passou a sofrer com a desativação da estrada de ferro para o transporte de minérios dos locais de extração ao embarque em navios.

Conforme relatos de especialistas no assunto, a Anglo, ao comprar a mina de ferro da MMX em Pedra Branca do Amapari, sabia por meio de informações técnicas confiáveis que a qualquer momento o Porto de Santana poderia desabar com consequências incalculáveis.

A empresa não tomou providências. Ao contrário, acelerou a extração e a exportação de ferro, desgastando, sem qualquer manutenção, tanto a ferrovia como o porto. Aquela não aguentou o excesso de uso e o paradoxal abandono, e o outro apenas se rendeu à instabilidade do solo com grande carga sobre ele.

Depois de ganhar muito dinheiro no Amapá, sem praticamente nada retribuir, fechando os olhos para o porto desabado dentro do rio Amazonas e a estrada de ferro aos poucos se deteriorando até à exaustão, a Anglo American vendeu esse caos para a Zamin.

A empresa indiana, por sua vez, não colocou um parafuso na rodovia nem moveu um dedo para reerguer o porto de exportação de minérios. Mesmo assim, ainda conseguiu exportar ferro, faturar altos financiamentos e ainda ganhar o prêmio de ser protegida por um outro conglomerado indiano que até agora ainda não liquidou a dívida trabalhista deixada pela antecessora, não pagou as empresas prestadoras de serviços e tampouco mostra ânimo de recuperar a estrada de ferro e o porto.

Mesmo com todo esse histórico, o Curso de Engenharia Civil da Unifap fecha os olhos e aceita incluir num evento de grande importância para o seu currículo, uma programação visivelmente a favor da Anglo American. Todos os palestrantes e apresentadores pertencem ou são ligados por algum motivo à empresa inglesa.

Ninguém, com pensamento e posicionamento contrários aos interesses da Anglo American, foi convidado para a II Semana de Engenharia Civil: O Acidente no Porto de Santana (AP, 2013). O máxximo que foi dado para pessoas de fora da seara da empresa foi o tempo de uma hora para fazer perguntas que podem suscitar debates.

Por que toda essa omissão num assunto de tão alta importância, e ainda mais vindo de uma instituição que acima de tudo tem o dever de primar pela busca do conhecimento em todas as vertentes, jamais abordando-as de forma unilateral e suspeita?


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