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Lula, a Amazônia e a COP 27

Randolfe Rodrigues Senador da República   A Amazônia será protagonista na COP-27, realizada no Egito. Lamentavelmente, boa parte dos modelos propostos para a região se agrupam em duas posições extremas e igualmente equivocadas sobre a gestão da maior floresta tropical do planeta, fundamental para qualquer iniciativa de desenvolvimento de baixo carbono. De um lado, há […]


Randolfe Rodrigues
Senador da República

 

A Amazônia será protagonista na COP-27, realizada no Egito. Lamentavelmente, boa parte dos modelos propostos para a região se agrupam em duas posições extremas e igualmente equivocadas sobre a gestão da maior floresta tropical do planeta, fundamental para qualquer iniciativa de desenvolvimento de baixo carbono.
De um lado, há os que defendem “passar a boiada”, afrouxando o combate ao desmatamento e estimulando um modelo histórico e predador, ideologia capitaneada pelo governo Bolsonaro nos últimos quatro anos.

De outro lado, há aqueles que, sem entender a dimensão socioambiental, propõem fechar a Amazônia em uma redoma intransponível a qualquer atividade econômica, mantendo assim a situação atual de carência do povo que mora na região.

O resultado das eleições, em alguns estados da Amazônia, nas quais se votou massivamente pela continuidade da permissividade e do conluio com crimes ambientais, deve ser motivo de reflexão. O fato de Lula ter perdido na região pode ser avaliado como indicador de que a maioria dos amazônidas acredita que a defesa do meio ambiente vai impedir o crescimento econômico.

Nem o modelo devastador e nem o “conservacionismo” extremo são soluções para a Amazônia!

Em um dos seminários de elaboração do programa de governo, o presidente Lula apontou o caminho: “a humanidade exige a preservação da Amazônia, mas muitas vezes se esquece que há 25 milhões de humanos que vivem na região e anseiam por melhor qualidade de vida”.

É preciso por as coisas em seu devido lugar:

Primeiramente, a pauta “Amazônia” tem que partir prioritariamente dos amazônidas e com a premissa de que não só é possível como urgente e imprescindível conciliar desenvolvimento e meio ambiente. A região pode crescer, gerar emprego e renda, melhorar as condições de infraestrutura, produzir do minério de ferro ao açaí, sem ameaçar nem unidades de conservação nem terras indígenas, mantendo e regenerando a floresta em pé, além de cumprir a Constituição.

Falamos da bioeconomia, sistema que reúne as atividades produtivas baseadas em recursos naturais renováveis, com alta agregação de tecnologia e ampla aplicação na alimentação, fármacos, cosméticos, indústria química e energia limpa. O modelo de “Zonas Francas Verdes” cumpre um papel importante para essa industrialização de novo tipo.

Da mesma forma, já se produz madeira com certificação internacional de boas práticas de manejo em Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Há igualmente a necessidade de se investir em infraestrutura sustentável na Amazônia: rodovias, portos, aeroportos, energia elétrica, comunicações, condições urbanas dos municípios e saneamento básico.

Finalmente, é fundamental reforçar qualitativa e quantitativamente a presença do Estado na Amazônia. Trata-se de equipar e ampliar a estrutura, o pessoal e as condições para monitorar com inteligência e fazer cumprir a lei na região.

Renovam-se as esperanças com a vitória de Lula de que conseguiremos transformar em realidade esse modelo e o Brasil deixará a condição de pária internacional. A Amazônia voltará ser parte da solução para os desafios climáticos da humanidade em debate na COP 27.


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