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O câncer de mama na atualidade

Marcelo M. F. Lima / Mastologista


O Outubro Rosa é um movimento mundial que vem crescendo ano a ano, voltado para o compartilhamento de informações e conscientização sobre o câncer de mama. É o mês escolhido para refletirmos sobre a importância do diagnóstico precoce da doença. No Brasil, o câncer de mama é o câncer que mais alcança as mulheres em números absolutos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o ano de 2020 é de 66.280 novos casos, enquanto em 2018, 17.572 mulheres vieram a óbito acometidas pelocâncer de mama. Em 2020, a taxa estimada para o estado do Amapá é de 15,84 casos de câncer de mama para cada 100 mil mulheres. Os dados são claros ao demostrar que no estado, o Câncer de Mama é a segunda neoplasia maligna que mais atinge as mulheres e quando comparado aos cânceres de estômago e pulmão, a representividade é bem mais significativa.

A estimativa desses números nos mostram o quão é importante falarmos sobre o assunto, pois o câncer de mama é uma doença silenciosa advinda de situações multifatoriais que exigem das mulheres um acompanhamento periódico como forma de prevenção. Existem vários fatores de risco para o câncer de mama como obesidade, sedentarismo, reposição hormonal em excesso na menopausa, não amamentar, histórico familiar, dentre outros.

Segundo o INCA, a incidência do câncer de mama decorrente de fatores hereditários representa a minoria do casos, entre 5 e 10 %. A grande maioria, cerca de 90 a 95%, decorre de mutações genéticas adquiridas decorrentes da exposição aos fatores de risco já citados. Diante disso, é importante dizer que a prevenção ainda é a arma mais eficaz no combate ao câncer de mama, porém é uma tarefa complexa devido a multiplicidade de fatores desencadeadores. A atitude individual da paciente é fundamental para essa prevenção.

O auto exame das mamas deve ser realizado entre o quinto e o décimo dia após o início do ciclo menstrual (contados a partir do primeiro dia de menstruação) ou do início do sangramento após a pausa do método anticoncepcional hormonal utilizado. As mulheres que estão não menstruam por menopausa ou histerectomia, ou ainda as que usam anticoncepcional contínuo (sem pausa para o sangramento) devem escolher um dia fixo no mês para realizar o auto exame. O objetivo é criar uma rotina onde a mulher possa ter conhecimento do próprio organismo (mama), além de identificar qualquer alteração na mama ao menor sinal de diferença do seu padrão habitual.

O medo de se tocar, além de não proteger, pode atrasar o diagnóstico de doenças, sejam elas benignas ou malignas. Além disso, é importante dizer que a realização do auto exame não substitui a mamografia e o ultrassom das mamas, pois elas são aliadas. Trabalhos recentes de 2020 sugerem que a mamografia de rotina diminui em 41% a mortalidade pelo câncer de mama e em 25% o número de casos avançados. A mamografia é um raio-x da mama. É um exame seguro e eficaz que ajuda a detectar doenças da mama, principalmente o câncer. A idade para o início do rastreio do câncer de mama, defendida pela Sociedade Brasileira de Mastologia, é aos 40 anos, podendo ser antes quando a mulher se encaixar em um grupo de risco.

Os mitos sobre a mamografia atrapalham o diagnóstico precoce do câncer de mama, pois refletem na baixa procura espontânea para realização do exame. É muito importante desmistificar alguns desses mitos, como por exemplo, a dor durante a mamografia e a presença do silicone. Na verdade o que ocorre é que a mama fica mais sensível próximo a menstruação, portanto o incomodo durante o exame é naturalmente maior. Quanto ao silicone, este não interfere na visualização de alterações na mamografia, pois são utilizadas técnicas específicas para um visualização mais ampla e precisa.

O diagnóstico de certeza é dado através da biópsia mamária (nódulo, microcalcificações ou assimetrias/distorções) e com imunohistoquimica, os quais indicam por onde se deve começar o tratamento. O tratamento do câncer de mama engloba diferentes abordagens que se complementam. São elas a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, a terapia alvo e a hormonioterapia. Nos últimos anos a evolução da oncologia mamária e das técnicas de reconstrução pós mastectomia permitem uma cirurgia oncológica mais conservadora e com menos efeitos colaterais, diminuindo a mutilação da mama e influenciando positivamente na autoestima e na qualidade de vida das mulheres.

O câncer de mama tem mais de 90% de chance de cura se diagnosticado precocemente. ■


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