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Saquearam o Brasil

Sem um timão firme, o resultado foi a assunção dos desonestos que, livres e sem limites, nada temiam porque não havia vigilância. Então o Brasil de hoje passou de emergente para submerso.



Ulisses Laurindo – jornalista
Articulista

 

Todo bom cidadão tem sempre como prioridade questões que dizem respeito à sua vida privada e, igualmente, muita atenção ao que se passa no seu país, principalmente na área política, cuja órbita abrange a todos, por mais indiferente que seja a personalidade de cada um.

Há momentos, porém, que por mais alheios que sejam os modelos de vida, não há, entretanto, como deixar de sentir um frio na espinha ante a inconsequência de algumas atitudes públicas que se tornam comuns nos costumes do povo.

Quem, por sorte ou azar, assistiu pela TV, à parte ou totalidade do depoimento dos envolvidos na CPI da Operação Lava Jato, teve a sensação de que um grupo de malfeitores tomou conta do Brasil, e suas declarações se assemelham a um conto dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, que fizeram das suas obras de entretenimentos uma passagem fictícia da realidade.

Chegava a ser como se fosse um conto de fadas as falas dos envolvidos, confessando livremente que desviaram recursos, esses mesmos que infelicitam uma Nação inteira, por carência de melhor saúde, educação, verbas para a casa própria, enfim, uma miséria consentida por quem teria o dever de cuidar e faz exatamente o contrário.

O país já passou por momentos difíceis, principalmente nos períodos ditatoriais de 1930/1945 e 1964/l985, mas nunca jamais chegou ao degrau tão baixo, principalmente no conteúdo de respeito aos valores pertencentes a todos.

Naqueles períodos se podia acusar de tudo os déspotas, menos de analfabetismo, símbolo que coroou o país nesses últimos anos. O analfabeto é tido como cego, surdo e mudo incapaz de discernir o podre do sadio. Foi o mal maior do Brasil que o fez perder o rumo que mentes mais lúcidas projetaram para seu futuro.
Sem um timão firme, o resultado foi a assunção dos desonestos que, livres e sem limites, nada temiam porque não havia vigilância. Então o Brasil de hoje passou de emergente para submerso.

Em pleno século XXI vive-se na incerteza de um destino prometido. Muitas coisas, além da corrupção, infestaram o país, sendo uma delas a propalada melhoria da população.

Basta identificar os grandes centros urbanos e se verá uma realidade diferente daquela que tentaram projetar e, ao contrário, parte do povo vive em condições precárias, sem sensibilizar os graúdos colarinhos brancos verdadeiros que, covardemente, colocaram o país em 20 anos de atraso, pelo menos.

Stefan Zweig escreveu na década dos anos 1940 que o Brasil é o país do futuro. Acertou, mas não com essa gente que está no timão.


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