Cidades

Amapá ocupa 76% das rotas de tráfico de pessoas no Brasil

A porcentagem é revelada pela major PM Marizete Góes, que no estado coordena o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, braço da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública.


Douglas Lima

Da Redação

 

Cinquenta e oito por cento do tráfico de pessoas no Brasil são para fins de exploração sexual, estando o Amapá ocupando 76% das rotas desse tipo de crime. Os percentuais foram dados na manhã desta segunda-feira, 15, pela major PM Marizete Góes, que no estado coordena o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP), um braço da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

A major Marizete falou no programa LuizMeloEntrevista (Diário FM 90,9), para anunciar para hoje a abertura da campanha ‘Coração Azul Contra o Tráfico de Pessoas’, indo até o fim do mês. A programação desta segunda-feira consiste de divulgação do evento nas emissoras de rádio e televisão de Macapá e Santana.

Acompanhada de F. Carlos, que também pertence ao NETP, desde que foi criado no ano de 2012, Marizete Góes revelou que os casos de tráfico de pessoas no Amapá são muitos, mas pouco registrados ou subnotificados, porque ainda são pouco conhecidos os serviços telefônicos para denúncias: Disk 100, estadual, e Disk 180, nacional.

F. Carlos informou que desde 2012, até 2019, o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas registrou 16 casos, com dois sendo caracterizados, um referente a uma mulher colombiana e, outro, de um homem paraense que trabalhou como escravo numa fazenda do município de Laranjal do Jari.

A major Marizete, no programa radiofônico, narrou a terrível experiência que uma bonita jovem do interior do Pará teve na Espanha, para onde foi levada para prostituição e lá teve que ser submetida a diversas humilhações, sendo inclusive obrigada a enveredar no alcoolismo e no vício de drogas, teve as unhas arrancadas; depois, foi abandonada numa praça pública, mas conseguiu apoio diplomático e foi trazida de volta para o Brasil.

“Essa jovem, que retornou com a aparência de 30 anos mais velha, ainda hoje sofre de transtornos mentais e psicológicos; dorme somente sob efeito de remédio. A vida dela e da família foram feridas profundamente. Tiraram dessa moça a sua dignidade e os sonhos que ela tinha”, analisou a coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

Marizete alertou que o perfil preferido dos traficantes de pessoas é a mulher morena ou parda de cabelos encaracolados com poucos filhos ou nenhum, sem emprego, que procura emprego e tem muita vontade de se dar bem na vida. Na abordagem, o aliciador promete emprego no exterior com salário muito bom; à mulher que trabalha, geralmente o salário prometido é cinco vezes maior do que ela ganha no Brasil. Diz ainda que a mulher poderá falar com a família na hora que quiser, e que pelo menos duas vezes no ano poderá vir visitar os seus familiares.

F. Carlos descreveu que uma das rotas do tráfico de pessoas é a que vem pelo rio Amazonas até Santana, onde aliciador e vítima entram num veículo que já os espera, levando-os para Oiapoque, de onde o traficado é conduzido para a Guiana Francesa, depois para o Suriname e, por fim, é transportado para a Europa, o principal destino desse crime.

A major Marizete também revelou que o tráfico de pessoas, além da prostituição, busca extração de órgãos, trabalho escravo e doações ilegais, quando se trata de criança. É a terceira atividade mais rentável do crime organizado, depois do tráfico de drogas e do tráfico de armas.

A programação de amanhã da campanha Coração Azul Contra o Tráfico de Pessoas será uma ação na Escola Estadual ‘Santa Inês’, zona sul de Macapá. No dia seguinte, uma blitz informativa, a partir das 8, acontecerá na praça Veiga Cabral para chamar a aatenção da população para a necessidade de engajamento da sociedade no combate ao tráfico humano.]Dia 18, quinta-feira, haverá panfletagem no Hospital Mãe Luiz. E no domingo, 21, a panfletagem será na praia de Fazendinha. O ponto alto da campanha será em 30 de julho, o Dia Mundial e Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.


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