Cidades

Após venda cair 80%, Prefeitura faz campanha reforçando qualidade do pescado em Macapá

O objetivo é percorrer todas as feiras da capital para certificar à população a qualidade dos peixes vendidos.


Imagens: Joelson Palheta/DA

Railana Pantoja
Da Redação

Após feirantes da capital reclamarem que a venda de pescado caiu 80% com o surgimento de casos da doença da urina preta em municípios paraenses e amazonenses, a Prefeitura de Macapá iniciou nesta quinta-feira (16) a campanha Peixe Tucuju Saudável e Gostoso.

O objetivo é percorrer todas as feiras da capital para certificar à população a qualidade dos peixes vendidos. O primeiro ponto visitado pela equipe da Prefeitura foi a Feira Maluca, no bairro Novo Buritizal. “Importante dizer que não existe nenhum caso suspeito em Macapá, nem em outro município do estado. A população ficou muito assustada e isso criou um problema gravíssimo para os feirantes, que tiveram mais de 80% das vendas diminuídas. É um problema não só para os peixeiros, mas para quem vende a verdura também, então, virou uma questão social. Por isso estamos com essa ação em parceria com a Vigilância Sanitária. E eu mesmo vou almoçar uma pirapitinga, para provar que nosso pescado é saudável”, garantiu o prefeito de Macapá, Antônio Furlan.

O feirante conhecido como ‘irmão Júnior’, que trabalha na Feira Maluca e está na profissão há 12 anos, relata que o movimento tem sido cada vez menor, mesmo com o pescado sendo vendido por um preço justo. A Pirapitinga, por exemplo, está custando R$ 15, em média. “A venda caiu uns 80% a 90%. Hoje a gente vem pra cá ficar olhando um para a cara do outro, não tem saída de pescado e isso acontece em todas as feiras. Atinge não só os peixeiros, mas também os verdureiros, especialmente os vendedores de limão. Estamos aqui para conscientizar o povo, o nosso peixe é sadio, pode comer, é de excelente qualidade. Nós não estamos em risco de nada, venham comprar nosso pescado”, ressaltou.

 

A doença
De acordo com o Ministério da Saúde, a doença de Haff, conhecida popularmente como ‘doença da urina preta’, “é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes ou crustáceos”.

Quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada, ele cria uma toxina sem cheiro e sem sabor. Ao ingerir o produto, mesmo cozido, a toxina provoca a destruição das fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro dessas fibras no sangue, ocasionando danos no sistema muscular e em órgãos como os rins.

Segundo nota divulgada nesta quarta (15) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os primeiros casos de doença registrados no Brasil foram em 2008, com origem em espécies de água doce como o pacu, tambaqui e pirapitinga, bem como em peixes de água salgada, como a arabaiana/olho-de-boi e badejo. Foram registrados mais casos em 2016 e em 2021, todos após os contaminados relatarem ter consumido algum tipo de pescado.

“Pesquisas sobre os possíveis agentes causadores estão sendo realizadas pelo LFDA e o IFSC, a partir das amostras coletadas dos alimentos consumidos, bem como de material biológico dos próprios pacientes acometidos. Por ter sido registrada em diversos biomas (rios, lagos, mares etc) e espécies, não é possível, até o momento, determinar, com base nos casos analisados, os ambientes e animais envolvidos”, diz trecho na nota.


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