Cidades

Rádio Difusora comemora 71 anos de criação com festa popular

Pioneira no Amapá, a emissora foi instalada em Macapá no dia 11 de setembro de 1946, dois anos após a criação do ex-Território Federal


O diretor da Rádio Difusora de Macapá, jornalista e radialista Roberto Gato, anunciou na manhã desta segunda-feira (11) uma grande festa popular no final deste mês em comemoração aos 71 anos de instalação da emissora, ocorrida no dia 11 de setembro de 1946, três anos após a criação do ex-Território Federal do Amapá, por ato do então presidente Getúlio Vargas a pedido o governador Janary Gentil Nunes.

“Estou mais de 20 anos na Rádio Difusora, passei por todos os setores da emissora, iniciando na produção da programação, depois como redator no jornalismo comandado por Leal de Souza, repórter, diretor de jornalismo e agora como diretor com muita honra, muito orgulho. Esses 71 anos de existência da emissora merecem ser comemorados por sua importância para a história do Amapá. Hoje (segunda) teremos um jantar com a participação de pioneiros e funcionários, mas a grande festa mesmo ocorrerá no final deste mês de setembro, com a participação da população”, pontuou.

História

A Rádio Difusora foi a primeira emissora de rádio a se instalar no Amapá, em 11 de setembro de 1946, dois anos após a posse de Janary Nunes como governador, cujo embrião foi o Serviço de Alto-Falantes, montando por determinação de Janary logo após assumir o governo, que se destinava a veicular músicas, noticiário e informações de interesse público.

O estúdio funcionou, inicialmente, no prédio da antiga Intendência, depois utilizado pelo Museu Histórico do Amapá, na Rua Mário Cruz, irradiando o som amplificado por dois possantes alto-falantes, tipo corneta localizados na Praça da Matriz e na Praça Barão do Rio Branco (Largo de S. João).

No dia 11 de setembro de 1946, uma quarta-feira, a aparelhagem mudou para a Rua Candido Mendes, local onde a emissora está instalada ate hoje. A Difusora funcionou, inicialmente, num prédio, em estilo colonial, construído pelo Governo do Território Federal do Amapá, num terreno da empresária Sarah Rofeff Zagury, adquirido na época por 350 mil reis. Dona Sarah, de origem hebraica, matriarca da família, administrava entre outros bens, uma conceituada loja – Casa Leão do Norte – com venda de tecidos, pratarias, móveis, e eletrodomésticos, além de uma fábrica de refrigerantes, o extinto Flip Guaraná.

O prédio era composto de um auditório com capacidade para 100 pessoas, com duas portas frontais e uma lateral, alem de três janelas para a Rua Candido Mendes. Um corredor, que levava até a discoteca, dava acesso para a sala do Diretor e para o controle de som, tendo ao fundo o palco, muito utilizado para serestas, programas do Clube do Guri e apresentação de radionovelas, ao vivo, montadas na própria emissora, por um cast de radioatores, seguindo scripts de autores consagrados.

Em 1951, foi construído um pátio com bar ao ar livre, com vista para o Rio Amazonas, usado em grandes bailes sociais e carnavalescos. A emissora iniciou suas atividades, operando em um equipamento Supertel de fabricação nacional, com 250 watts, na frequência de 1460 quilohertz, ondas médias de 205.5 metros, além de amplificadores, receptores, transmissores para reportagens externas, equipamentos de estúdio, etc. O técnico em eletrônica Manoel Veras (irmão do também técnico Ivaldo Alves Veras), que montou os equipamentos, o controlista de som Benigno Penafort (tio do jornalista Hélio Penafort) e o locutor Delbanor Dias, colocaram a Difusora no ar.

A discoteca da emissora, iniciada com cerca de duzentas (200) unidades, foi, durante muitos anos, uma das mais completas daAmazônia, com um acervo de obras populares, clássicas, semiclássicas, de câmara, tendo inclusive óperas completas. Além dos funcionários, existia um qualificado elenco de colaboradores como: cantores, radioatores, músicos, locutores, operadores de áudio – conhecidos na época como controlistas, etc. Entre os seus principais programas efetivos destacam-se: O GRANDE JORNAL FALADO E-2 – um completo noticiário, muito bem elaborado, informando com detalhes, sobre tudo que estava acontecendo de importante, “no Amapá, no Brasil e no mundo”.OGrande Jornal Falado E-2 seguia a mesma linha do Grande Jornal Falado Tupi que foi ao ar pela primeira vez pela Rádio Tupi de São Paulo na sexta-feira dia 3 de abril de 1942.

O Grande Jornal Falado E-2 era apresentado por dois locutores que se revezavam na leitura das seções: O Comentário do Dia, A Cidade em Revista, Indústria Comércio e Finanças, Notas Científicas, Notícias dos Estados, O que vai pelo Mundo e Atualidades do Esporte, Siga Este Exemplo, Galeria dos Homens Célebres.Os noticiários nacional e internacional, apresentados no programa, eram captados de outras grandes emissoras e repetidos sempre às 21:00 durante o noticioso, depois de cuidadosa adaptação de seus redatores. A partir de 1961, entrou em funcionamento um setor de escuta rádio-telegráfica, que captava noticiário em código Morse, das Agências UPI (United Press International) France Press e Meridional.

O noticiário local era produzido por uma equipe de jornalistas do Serviço de Informações do Governo do então Território, que mais tarde se transformou em Assessoria de Imprensa e depois em Assessoria de Comunicação Social (atual Secom). Além deste, alguns outros programas registraram grande audiência na emissora: A Voz do Seresteiro, Em cada Coração Uma História de Amor, Radionovelas, Escadinha de Valores, A Hora do Guri, Audições do Conservatório Amapaense de Música, (hoje Escola de Musica Walkyria Lima) etc, além do noticiário da Agencia Nacional – A Voz do Brasil.Os programasHora do Guri (depois chamado Clube do Guri) e Desfile de Calouros – sempre apresentados e transmitidos do Palco Auditório da emissora e do Cine Teatro Territorial – na fase de ouro do rádio local, conseguiram revelar novos talentos e grandes intérpretes da música amapaense.

Através do Decreto nº 32 501 de 1º de abril de 1953, o Presidente Getulio Vargas outorga concessão ao Governo do Território Federal do Amapá, para estabelecer, a título precário na cidade de Macapá, sem direito a exclusividade, uma estação radiodifusora em onda tropical, que, por dificuldades de conseguir a freqüência, só vai ao ar em 1957. Até essa data operava apenas em ondas médias. Daí em diante passou a funcionar, também, em onda tropical. Por volta de 1958 ficou funcionando apenas em ondas tropicais, ate 1964.

Essa concessão teve validade até 22 de maio de 1978 quando foi revogada pelo Presidente Ernesto Geisel através do Decreto nº 81.699, face a inclusão do referido serviço na finalidade legal da Empresa Brasileira de Radiodifusão (Radiobrás) e da transferência para esta, de todo o acervo da Rádio Difusora de Macapá. Em 1964, o Comando Militar Revolucionário encampou uma emissora clandestina, surgida em Macapá, a ZYD-11 – Radio Equatorial, pertencente à Sociedade Anônima Técnica de Rádio do Amapá (Satra), cujo acervo técnico foi incorporado ao patrimônio do governo do Território e utilizado pela Rádio Difusora.

O parque transmissor da RDM ocupou, desde o início, o mesmo local onde por muitos anos funcionou a Imprensa Oficial, na Rua Cândido Mendes com Av. Raimundo Álvares da Costa, no centro da cidade. Com a encampação da Rádio Equatorial em 1964, seu transmissor de ondas médias, passou a ser operado pela Difusora, permanecendo instalado no mesmo terreno, onde hoje está edificada a Escola Estadual Lucimar Amoras Del’Castillo, na Av. Pe. Júlio Maria Lombaerd, esquina com a rua Marcello Cândia, no bairro Sta. Rita.

Em 1978 o Governo Federal implantou em Macapá uma das emissoras da rede Radiobrás, e extinguiu a Rádio Difusora. Em 28 de agosto daquele ano, entrou no ar a Rádio Nacional de Macapá. Era o fim da primeira fase da emissora oficial, iniciada em 11 de setembro de 1946. De agosto até final de outubro de 78, a Rádio Nacional de Macapá, funcionou com os velhos equipamentos da RDM. Os programas Grande Jornal Falado e-2 e Carnet Social permaneceram no ar até 1978. Em meados de janeiro de 1989, o governo federal começou a privatizar algumas emissoras da Rede Radiobrás. Ao tomar conhecimento da política de privatização do governo federal, o então governador Jorge Nova da Costa manteve gestões junto ao Presidente José Sarney, para compra da RDM pelo valor de 800 mil cruzeiros, em 12 prestações, proposta que foi prontamente aceita pelo Palácio do Planalto.


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