Cidades

Ueap integra projeto que avalia presença de microplásticos em praias brasileiras

No Amapá, foram selecionados 40 pontos de amostragem ao longo da costa do estado


 

A poluição por microplásticos é um dos grandes desafios a serem enfrentados para a proteção das águas do mundo. Com o objetivo de realizar um levantamento sobre a presença desses materiais em praias do estado, a Universidade do Estado do Amapá (Ueap) integra o projeto nacional “MicroMar”, que visa diagnosticar de maneira inédita e abrangente, a situação em todo o país.

 

Liderado pelo Instituto Federal Goiano (IF Goiano), o projeto é um dos maiores trabalhos já realizados sobre a poluição por microplásticos em praias brasileiras e reúne pesquisadores de 15 instituições públicas de ensino do país.

 

No Amapá, foram selecionados 40 pontos de amostragem ao longo da costa do estado, entre os municípios de Calçoene e Amapá. O grupo liderado pela professora mestra, Neuciane Dias Barbosa, do colegiado de Engenharia de Pesca da instituição.

 

 

“A equipe da nossa instituição vem colaborando na construção da proposta e do projeto, e na logística de campo, em que auxiliou os pesquisadores do IF Goiano. Também estamos auxiliando na divulgação científica do projeto no âmbito nacional. Mais adiante, vamos elaborar os resultados, com a produção de mapas, índices e toda a construção da discussão dos dados levantados”, explicou Neuciane.

 

As amostras foram coletadas pela equipe do IF Goiano, em novembro de 2023, e serão analisadas em laboratório, visando a quantificação e tipificação de microplásticos, para estabelecer valores de referência para comparações dos plásticos encontrados em cada região do Brasil.

 

 

A pesquisa ajudará na demonstração da distribuição da poluição microplástica em cada ponto e a determinação de índices de carga poluidora. A Ueap ofereceu o suporte necessário para a realização dos trabalhos realizados no Amapá.

 

Saiba o que são microplásticos

Os microplásticos são definidos como partículas com tamanho entre 100mm e 5mm, que surgem a partir da degradação natural de materiais plásticos e conseguem transpor sistemas de filtração de água e, consequentemente, acabam por chegar aos rios, lagos e oceanos, representando uma ameaça à vida aquática.

 

Por conta disso, governos e instituições científicas de diversas partes do mundo realizam esforços para caracterizar a presença e o risco que esses poluentes podem representar para os ambientes naturais, fauna, flora e para a própria saúde humana.

 

A professora Neuciane explica que materiais plásticos demoram muito tempo para se degradar por completo no meio ambiente, podendo se decompor em um prazo estimado de mais de 450 anos, segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz, tornando o plástico descartado incorretamente um poluente para as gerações atuais e futuras.

 

MicroMar

A iniciativa é um dos projetos apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, estando de acordo com o Programa Ciência no Mar e com o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar.

 

Até o momento, os pesquisadores realizaram a coleta de mais de 6,7 mil amostras de areia e água em 750 praias localizadas em 300 municípios e distritos nos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

 

Um total de 5.578 quilômetros de orla já foram percorridos ao longo de julho de 2023 e fevereiro de 2024. A expectativa é que até abril de 2024, seja realizada a coleta em todos os estados litorâneos brasileiros, abrangendo desde a praia de Goiabal, localizada no município de Calçoene, no Amapá, até a Barra do Chuí no extremo Sul do Brasil, no Rio Grande do Sul. A partir de maio, está previsto o início do processamento de todo o material amostrado.

 

O projeto também conta com a colaboração de pesquisadores de instituições de outros países como Alemanha, Bangladesh, Brunei, Índia, Portugal, Estados Unidos e Espanha.

 


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