Esportes

Natação vê redução de verbas, ídolos sem clube e polêmica na comissão de atletas

Modalidade não conquistou nenhuma medalha na Olimpíada do Rio, terá eleição para presidente em março e vive um caos político e financeiro


Depois de passar em branco na Olimpíada do Rio de Janeiro, a natação brasileira vive uma crise política e financeira sem precedentes. Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA) há quase 30 anos, chegou a ter pedido de afastamento pelo Ministério Público por indícios de irregularidades em convênios. Ele segue no poder até o dia 18 de março, data da eleição. Em termos de patrocínio, a entidade também passa por dificuldades, já que os Correios, maior patrocinador, anunciou um corte considerável na verba para o ciclo olímpico: de R$ 16,2 milhões para 5,7 milhões por ano. Os clubes, sempre essenciais na modalidade, também cortaram investimentos.

Neste cenário pós-olímpico, a CBDA fará sua eleição no dia 18 de março com dois candidatos: Miguel Cagnoni, ex-presidente da Federação Aquática Paulista, de oposição, e Sérgio Silva, presidente da Federação Baiana, da situação.

Com menos verbas, a CBDA anunciou, ano passado, que apenas oito nadadores iriam participar do Campeonato Mundial da Hungria, em julho de 2017. Só como comparação, foram 29 participantes do país na competição de 2015, em Kazan (Rússia). Ricardo Moura, braço direito de Coaracy, explica que isso pode ser mudado:

– Esse número pode ser ampliado, estamos avaliando os objetivos. O primeiro objetivo é adaptar o que tem de objetivo com a verba. Ninguém vai fazer nada que não tenha dinheiro – disse.
Historicamente, a natação brasileira sempre contou com investimento gigantesco dos clubes em seus atletas. Mas, atualmente, o cenário não é o mesmo. Equipes de ponta como Minas e Corinthians reduziram seus investimentos e cortaram alguns dos principais nadadores. O Pinheiros trouxe de volta o campeão olímpico Cesar Cielo, mas ao mesmo tempo se desfez de Bruno Fratus, bronze no Mundial de 2015 e finalista olímpico no Rio de Janeiro 2016 e Londres 2012.

– É uma situação muito triste. Eu também fiquei sem clube no final do ano. Fui dispensada em cinco minutos de conversa, teoricamente porque eu estava mais limitada, um pouco mais velha, apesar do ano espetacular que tive. Eu fico triste. Enquanto tivermos essa cultura clubística, em que a gente depende de grandes salários para se manter, a gente vai estar refém da nossa economia, disse Joanna Maranhão.


Deixe seu comentário


Publicidade