Brasil e França discutem cooperação militar para solução de crimes transnacionais
Durante a reunião da Comissão Mista Transfronteiriça, foram levantados os temas relacionados a cooperação militar, policial e aduaneira para combate ao crime.
De acordo com as discussões, a cooperação militar, policial e aduaneira visam combater a exploração ilegal do ouro e a pesca ilegal. As comitivas brasileira e francesa falaram sobre compartilhamento de informações, e sobre as tratativas para instalação do Centro de Cooperação Policial em Saint-Georges.
Cooperação militar
O general da 22ª Brigada do Exército Brasileiro Viana Filho apresentou, na ocasião, o trabalho que o Exército desenvolve na fronteira do Amapá, em conjunto com a Guiana Francesa. O militar falou também sobre a interlocução que é mantida através da Reunião Regional de Intercâmbio Militar.
“As Forças Armadas do Brasil e as Forças Armadas da França, junto com as demais instituições ligadas a inteligência, estão sempre em avanço na cooperação do combate ao crime. Sobre o garimpo ilegal, não podemos ficar combatendo apenas o garimpeiro, estamos matando formigas em vez de acabar com o formigueiro”, comparou.
Para ele, é necessária mais cooperação para o apoio logístico das forças policiais. “São 17 mil quilômetros de fronteira, e, por isso, precisamos de mais apoio logístico, como acesso a pista de voo de Camopi”, opinou.
O embaixador da França no Brasil, Michael Miraillet, disse que essa é uma solução que já está encaminhada para o combate ao crime organizado com mais eficiência.
“Já discutimos essa solução em outro encontro durante a Reunião Regional de Intercâmbio Militar, pois a França tem interesse na presença do Exército na Vila Brasil, que fica próxima ao Camopi. No entanto, infelizmente, há um impasse na regulamentação francesa para o trânsito aéreo livre. Já estamos discutindo com Paris uma solução”, disse o embaixador.
Compartilhamento de informações
São 20 órgãos e agências envolvidas em ações na fronteira. O representante da Polícia Federal na Guiana Francesa, delegado Daniel Daher, falou a respeito do compartilhamento de informações federais e de que forma isso pode ajudar no combate às organizações criminosas.
“Temos que atuar em todos os ciclos da atividade de exploração do ouro, e não somente da exploração em si. Existem os crimes conexos que estão envolvidos na exploração, que são todos relacionados com armamento, prostituição e tráfico humano, que abastecem os garimpos. Nós estamos dispostos a avançar junto com as autoridades francesas nesse sentido”, afirmou o delegado.
Combate à pesca ilegal
A França apresentou propostas para o combate à pesca ilegal, destacando a utilização da Marinha brasileira em conjunto com a francesa. O Brasil destacou que as operações vêm sendo realizadas de forma organizada e com cronograma.
“Fazemos o ano inteiro atividade operacional, principalmente, o trabalho de prevenção desse tipo de crime, inclusive, destacamos que estamos com excesso de participação nesse quesito”, ressaltou o general Viana Filho.
Centro de Cooperação Policial
No que diz respeito ao Centro de Cooperação Policial (CCP), efetivamente, ele funcionará para a troca de informações entre as entidades ligadas a inteligência. A delegação da França propôs a instalação do CCP na área francesa, logo após o pátio aduaneiro. A delegação brasileira se posicionou no sentido de colaborar com informações técnicas, e se propôs a manter a linha direta, para contato, com todas as instituições que atuam na fronteira.
Segurança e Defesa Civil
A Defesa Civil se apresentou durante a reunião, ressaltando a cooperação que vem fluindo no acordo que existe entre as duas nações, para apoio em situações de sinistros, crises ou acidentes. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Wagner Coelho, disse que já há exemplos práticos sobre a necessidade da cooperação.
“Podem vir a acontecer acidentes automobilísticos com incêndio e atentados de suicídio na ponte. Já houve combate de incêndio no lado de Saint-George, onde foi acionado o apoio do Corpo de Bombeiro do Amapá, e um acidente no lado de Oiapoque, onde foi acionado o acordo, para que a equipe técnica de saúde de Caiena ajudasse na estabilização do paciente. Os protocolos são diferentes, por isso, a necessidade dessa cooperação e troca de experiência”, finalizou.
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