Política

Exclusivo: Davi destaca avanços nos 5 meses como presidente do Congresso Nacional

Davi Alcolumbre falou sobre os avanços nas pautas do Amapá durante seus cinco primeiros meses como presidente do Congresso, além das pautas nacionais. Ele também destacou a sucessão ao governo do Estado, em 2022.


Douglas Lima
Da Redação

O presidente do Congresso Nacional, senador pelo Amapá, Davi Alcolumbre (DEM), deu entrevista exclusiva ao jornalista Luiz Melo, na manhã desta sexta-feira, 5. O encontro foi em Brasília, na Residência Oficial da Presidência do Congresso. O senador amapaense fez uma avaliação dos 5 meses em que está como presidente do Congresso, após ter obtido uma vitória histórica sobre o senador Renan Calheiros.

Davi também falou sobre outros assuntos, entre eles, a sucessão do prefeito Clécio Luís e a eleição para o governo do Amapá, em 2022, no âmbito da coalização política à qual pertence. Ele garantiu que tentará a reeleição, e que o candidato do grupo político será o prefeito da capital, Clécio, ou o senador Randolfe. O jornalista Luiz Melo conseguiu extrair do entrevistado o motivo que o faz muito querido entre os colegas senadores, ao ponto de um grande número deles estar mobilizado na elaboração de uma PEC que autorizaria a sua reeleição para o cargo. Acompanhe a entrevista.

 

Jornalista Luiz Melo – Senador, já passou aquele friozinho na barriga, por ter sido eleito presidente do Congresso Nacional?  Já está tranquilo?

Senador Davi Alcolumbre – Já estou tranquilo, conseguindo conduzir as sessões, respeitando o povo brasileiro e o Parlamento.

 

Luiz Melo – É um grande peso.

Senador Davi – Sim. É um cargo muito relevante. A presidência do Senado também representa a presidência do Congresso Nacional; é a quarta pessoa na linha sucessória da Presidência da República. É o presidente do Poder Legislativo do país.

 

Luiz Melo – Um dia já tinha passado pela sua cabeça chegar a tão alto posto?

Senador Davi – Não. Mas é uma satisfação muito grande representar o povo amapaense como presidente. Sou o primeiro amapaense que preside o Congresso Nacional. Um momento histórico no Brasil. Então, tento ter serenidade e tranqüilidade para honrar o povo do Amapá e o Brasil nesta missão.

 

Luiz Melo – As suas responsabilidades como parlamentar ficam sobremaneira carregadas…

Senador Davi – É uma nova rotina de trabalho legislativo, bem mais carregada, muito mais porque as obrigações de chefe de poder e nas relações institucionais com outros poderes naturalmente me impõem uma rotina de trabalho muito grande. Nossa agenda em Brasília praticamente começa às 7h da manhã e termina às 2h da manhã do dia seguinte.

Luiz Melo – Como o senhor lida com as pautas diárias levadas para discussões plenárias, sabendo que o resultado disso interfere diretamente na vida dos brasileiros?

Senador Davi – É uma responsabilidade muito grande, já que o presidente do Senado tem, regimentalmente, autoridade na pauta. Eu estou tentando democratizar as pautas, no Colégio de Líderes, onde debatemos, também, a pauta da semana seguinte. Isso é uma novidade, inédito.

 

Luiz Melo – Mas não adianta só estar na presidência do Senado; tem que estar com o Amapá na presidência do Senado.

Senador Davi – É isso mesmo. O Amapá está na presidência do Senado, com certeza. Nossa pauta de agenda institucional, em relação ao Amapá, é muito grande. A gente recebe semanalmente várias lideranças políticas do Amapá – autoridades, prefeitos, vereadores, líderes sociais. A agenda nossa do Amapá é uma constante no exercício da presidência, até porque a gente vai entrando numa engrenagem que a função do gestor do Senado acaba sendo rotineira.

 

Luiz Melo – Como assim?

Senador Davi – Temos que solucionar os problemas do estado. A agenda da bancada do Amapá, por exemplo, é startada a partir do Gabinete do presidente do Senado.

 

Luiz Melo – Por quê?
Senador Davi – Com a minha autoridade e o prestígio que o cargo impõe as coisas que o Amapá precisa no governo federal são conseguidas com muito mais rapidez.

Luiz Melo – O senhor já está sendo conhecido como o presidente do Senado que mais quebra o cerimonial…

Senador Davi – Nas agendas institucionais, tem o rito do poder, mas estamos vivendo um momento em que as pessoas precisam participar ativamente das decisões. Por exemplo: no Colégio de Líderes não entravam antigamente os líderes dos blocos, só os líderes dos partidos, ou seja, a pauta do Senado era estabelecida apenas por 11 pessoas; agora, entram os 18 líderes dos partidos e mais os 6 líderes dos blocos. Então, a reunião do Colégio de Líderes é decidida, às vezes, até por 27 senadores.

 

Luiz Melo – Isso não atrapalha?

Senador Davi – Não, pelo contrário, ajuda, porque a gente faz uma pauta produtiva.

 

Luiz Melo – E no gabinete, presidente?

Senador Davi – A agenda no gabinete, naturalmente que é institucional, mas eu acabo quebrando o cerimonial, positivamente, porque quero q ue as pessoas estejam lá dentro, participando dos eventos.

 

Luiz Melo – O que o senhor contabiliza como ganhos positivos nesses 5 meses como presidente do Senado?

Senador Davi – Temos o documento que estabelece as prioridades da bancada do Amapá. Nele estão elencados 11 pontos principais, entre outros, a BR 156, ponte sobre o rio Jari, transposição de servidores, relação com a Guiana Francesa. Fazemos uma agenda institucional da bancada, para ser priorizada.As coisas estão avançando.

 

Luiz Melo – Dê exemplo.

Senador Davi – A questão da transposição quadruplicou a velocidade da avaliação dos documentos encaminhados pelos servidores.

 

Luiz Melo – O que mais o senhor avalia?

Senador Davi – Conseguimos agora, no começo do ano, mais de trinta milhões de reais para a saúde em acordo construído pelo governo do estado. Essa importância já está nas contas das prefeituras.

 

Luiz Melo – O governo do estado está fazendo a sua parte?

Senador Davi – Sim. Vamos ter mais recursos, de acordo que construímos com a bancada parlamentar e com o governo federal. Agora no segundo semestre vamos também liberar mais recursos para o governo do Amapá. Isso foi acordo entre o governador Waldez Góes e a bancada, especialmente capitaneado pelo senador Lucas Barreto.

 

Luiz Melo – Como se encontra a situação da ponte do rio Jari?

Senador Davi – Toda a solução burocrática do problema está encaminhada com todos os atores envolvidos: Advocacia Geral da União, Ministério Público Federal, Prefeitura Municipal de Laranjal do Jari e o governo do estado.

 

Luiz Melo – Mas quem vai construir a ponte?

Senador Davi – O Ministério do Desenvolvimento Regional vai assumir a construção da ponte do Jari que passa a ser uma obra prioritária do governo federal.

Luiz Melo- A Reforma da Previdência vai passar no Senado?

Senador Davi – O sentimento dos senadores é de votar a Reforma da Previdência, por ela ser importante para o país, uma vez que poderá equilibrar as contas públicas e dar condições do Estado nacional ter mais recursos para investir.

 

Luiz Melo – O ministro Moro, com o vazamento de conversas, perdeu o crédito?

Senador Davi – Ele é uma pessoas mais respeitada por todos os brasileiros em virtude de tudo o que fez contra a corrupção. Naturalmente esse episódio ainda vai ter muitos desdobramentos. Ainda tem muita coisa por acontecer.

 

Luiz Melo – E o pacote anticrime, do próprio Moro, é imexível?

Senador Davi – O pacote vai tramitar na Câmara Federal, porque foi apensado a outros projetos de uma comissão especial. Vamos aguardar o segundo semestre para ver o andamento do pacote, mas ele vai naturalmente sofrer alterações no Parlamento, como todos os projetos que entram e não saem da mesma maneira que entraram.

 

Luiz Melo – O senhor aconselhou Ônyx Lorenzoni a deixar o governo de Bolsonaro? E por quê?

Senador Davi – Eu conversei com ele, que é meu amigo, foi uma pessoa que ajudou a construir o processo da minha eleição para a presidência do Senado. Na conversa, tratei com ele da possibilidade de ter o respaldo do presidente Bolsonaro para tratar politicamente com o Congresso Nacional. Então, nesse sentido, se ele tivesse autoridade e prestígio, como foi visto atravessando a rua para cuidar pessoalmente da articulação política da reforma, seria bom que continuasse ministro para fazer a interlocução com o Congresso, já que ele é o interlocutor que escolhemos para dialogar com o governo.

 

Luiz Melo – Quem será o candidato a sucessor de Clécio na Prefeitura de Macapá?

Senador Davi – Essa questão estamos discutindo: eu, Randolfe, Clécio e o senador Lucas que está se aproximando do grupo político que governa Macapá, junto com os partidos que compõem esse arco. A prioridade será uma escolha coletiva que inevitavelmente passará pelo aval de Clécio, que é o prefeito.

 

Luiz Melo – Há algum tempo vem se falando em três nomes para a prefeitura: Silvana Vadovelli, Paulo Lemos e o seu irmão Josiel. O senhor confirma?

Senador Davi – Vamos conversar para nos posicionar em relação a esses nomes e outros que poderão aparecer dos partidos do nosso grupo. Mas a palavra de Clécio será fundamental.

 

Luiz Melo – O senhor apoia a ideia de Josiel, seu irmão, para prefeito de Macapá?

Senador Davi – Ele está colocado no contexto. O Josiel é filiado do DEM. Está construindo a sua pré candidatura, como a Silvana e o deputado Paulo Lemos. Vamos fazer monitoramento através de pesquisas internas, e avaliar um nome capaz de aglutinar as forças políticas que governam Macapá.

 

Luiz Melo – DEM e Psol nunca leram pela mesma caligrafia. Como fica o caso de Paulo Lemos, por ser do Psol?

Senador Davi – Paulo Lemos é um forte candidato, porque é amigo de Clécio, ajudou na administração de Macapá, é nosso amigo. Vamos ter que construir uma relação político partidária para Paulo Lemos, caso ele possa se viabilizar como candidato.

 

Luiz Melo – O senhor tem condições de administrar isso?

Senador Davi – Vamos administrar. Aliás, temos administrado até hoje.

 

Luiz Melo – Como o senhor tem se relacionado com Waldez Góes, e vice versa?

Senador Davi – A relação tem sido boa. Aqui em Brasília temos tido várias reuniões, para ajudar o governo do estado. Esse recurso da saúde, de 30 milhões, vai ajudar na compra de medicamentos, a Unacom. Foi um apelo que o governador fez à bancada. E nós vamos conseguir resolver a questão de mais recursos para o governo.

 

Luiz Melo – Na outra ponta, na condição de presidente do senado, como o senhor tem visto a relação do governo do Amapá com o governo federal?

Senador Davi – Tem sido feita através da bancada federal. O coordenador da bancada, deputado André Abdon, tem me passado todas as informações das agendas do estado, e em todas as agendas que o governo precisa da minha interlocução e do meu prestígio, tenho cem por cento participado, ajudando, abrindo as portas do governo federal para que o Amapá acesse em Brasília os projetos e os recursos necessários para o estado.

 

Luiz Melo – Existe mesmo a disputa de protagonismo entre o Senado e a Câmara Federal?

Senador Davi – Não. O problema é que a Reforma da Previdência está na Câmara Federal. Então os holofotes estão também lá. Mas não existe protagonismo. A minha relação com o Rodrigo Maia é de amizade pessoal; ele é meu amigo. O que existe, mesmo, são dois líderes políticos que estão de mãos dadas para ajudar o Brasil.

 

Luiz Melo – E o tal Pacto Federativo, presidente?

Senador Davi – Vai acontecer, já, no Senado. É uma discussão de há 30 anos. Os brasileiros esperam o Pacto Federativo, especialmente prefeitos e governadores. Aí, sim, o protagonismo será no Senado.

 

Luiz Melo – Essa questão de aumento nos repasses de verbas do FPE e FPM pela União…

Senador Davi – Temos varias propostas em relação a isso. No Pacto Federativo, a nossa decisão foi em relação à emenda impositiva de bancada, já aprovada, que autoriza praticamente trezentos milhões de reais por ano de novos investimentos obrigatórios por parte do governo federal. Esse é um recurso extraordinário, inédito, que vai cair na conta do estado e municípios. Outra emenda, tramitando na Câmara Federal, que já votamos, a União é obrigada a colocar direto o FPM e o FPE na conta, sem convênios.

 

Luiz Melo – O senador Major Olímpio, em entrevista, disse que o governo Bolsonaro se move sem pauta pré-elaborada no Senado. É verdade?

Senador Davi – O líder do governo, Major Olímpio, tem participado de todas as reuniões do Colégio de Líderes. Assim como outros líderes, a gente sente falta da presença do governo federal com a agenda, mas nem por isso o Congresso vai parar; o Senado já está estabelecendo agenda própria. Votamos matérias importantes no primeiro semestre. Há realmente carência de agenda do governo federal, e o que tem sido feito no Congresso Nacional é por iniciativa de deputados e senadores.

Luiz Melo – Ônyx Lorenzoni ajudou o senhor a se eleger?

Senador Davi – Ajudou.

 

Luiz Melo – Como?

Senador Davi – Pedindo voto. Eu sou muito grato a ele, por isso.

 

Luiz Melo – Fiz rápida pesquisa no Senado, e vi que o senhor é muito querido entre os seus colegas parlamentares… Isso o motivaria a mexer no Regimento Interno da Casa, para uma reeleição?

Senador Davi – Na verdade, não estou motivado a mexer no Regimento, porque há um sentimento dos senadores de que conseguimos socializar nossas relações. Eu trato com carinho e respeito a todos. Um grupo grande de senadores está falando sobre a possibilidade de aprontar PEC autorizando a reeleição que não seja noutra legislatura, como é a regra, hoje, e esse debate está ocorrendo. Se a PEC acontecer, se tudo der certo, estarei à disposição.

 

Luiz Melo – Renan Calheiros, quem o senhor venceu na disputa para a presidência, tem sido uma pedra no caminho de sua gestão?

Senador Davi – Não. Pelo contrário. Ele tem ajudado a gestão. A eleição já passou. Agora é governar e pacificar o Senado para ajudar a pacificar o país.

 

Luiz Melo – Por conta desta visibilidade toda que o senhor está tendo como presidente do Congresso Nacional, em 2022 tentará a reeleição ou disputará novamente o governo do Amapá?

Senador Davi – O nosso grupo já decidiu que em 2022 a candidatura ao governo do estado do Amapá será de Clécio ou de Randolfe. Eles vão construir consenso porque são aliados históricos, e a minha pretensão é disputar a reeleição.

 

Luiz Melo – Clécio ficará pelo menos 2 anos sem mandato. É certo que o senhor estaria trabalhando numa nomeação dele para ministro?

Senador Davi – O Clécio tem capacidade de ser o que quiser no Brasil, pelo conhecimento que possui. Seria uma grande conquista para o Brasil e o Amapá ele como ministro. É um grande quadro. Com certeza, nestes dois anos Clécio vai se capacitar ainda mais para este sonho de governar o Amapá.

 

Luiz Melo – Como fica o Amapá sem o DNIT agora administrado por paraenses?

Senador Davi – Logo vamos dar a notícia do cancelamento da portaria que passou o DNIT para o Pará. Vamos trazê-lo novamente para o Amapá, porque é importante para a conclusão do asfaltamento da BR 156.

 

Luiz Melo – Obrigado, senador, pela entrevista.

Senador Davi – Eu é que agradeço.


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