Política

Historiador da Unifap faz balanço pós-eleições no 2º turno

Professor Daniel Chaves participou do programa Café com Notícia


Professor Daniel Chaves

Célio Alício
Da Redação

O programa “Café com Notícia” apresentado pela jornalista Ana Girlene e veiculado pela Rádio Diário FM 90.9 contou com a presença do professor Daniel Chaves, docente da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e doutor em história, para fazer uma análise dos resultados do 2º turno das eleições para a presidência da república e para os governos estaduais, com destaque para as eleições no Amapá. Daniel Chaves esteve nos estúdios da Rádio Diário na segunda-feira (29), um dia após a realização das eleições no domingo (28). A entrevista também contou com a participação do professor e historiador Célio Alício, comentarista político do Sistema Diário de Comunicação que também analisou o cenário político pós-eleição.

Após as vitórias de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT) para a presidência da república e de Waldez Góes (PDT) sobre João Alberto Capiberibe (PSB), a conjuntura política que se evidencia em nível local é de composição de forças para as eleições municipais de 2020 e mesmo para a sucessão de Waldez Góes nas eleições para o governo do estado a partir dos desdobramentos da eleição para o GEA deste ano. No âmbito nacional, o que se verifica é a expectativa dos diferentes setores da sociedade brasileira em torno do governo de Jair Bolsonaro, da recomposição das forças políticas com fraco desempenho nas eleições como o MDB e principalmente o PSDB e do retorno do PT à oposição depois de 13 anos à frente da política nacional.

Eleições presidenciais

Para o professor Daniel, “a vitória de Jair Bolsonaro foi reflexo da circunstância política configurada com base no antipetismo Bolsonaro não é um raio sozinho, é antes de tudo um resultado de uma crise estrutural do sistema político brasileiro que resultou na dissolução e no ocaso da social democracia no país, demonstrado pelo fraco desempenho do partido que a representa, o PSDB, e do MDB, que ocupava o papel de moderador do ‘Centrão’ indo junto pelo mesmo ralo e com imensas dificuldades para reeleger seus quadros históricos e o PT tentando se garantir como o afiançador da oposição de esquerda, e que vai ter enormes dificuldades em função do antipetismo que galvanizou a vitória de Bolsonaro que por sua vez conseguiu provar que não é um brinquedo, político, um tolo ou “bufão”, usando de uma estratégia muito inteligente e com poucos recursos conseguiu triunfar nas eleições tendo dois partidos (PSL e PRTB), considerados “nanicos” que graças a ele elegeram uma bancada parlamentar e até candidatos que colaram suas campanhas na onda bolsonarista também conseguiram triunfar nas eleições”.

Eleições para o GEA

Daniel Chaves esteve nos estúdios da Rádio Diário

De acordo com o professor da Unifap, a disputa eleitoral no 2º turno polarizou-se entre os dois maiores líderes políticos locais, sendo que de um lado, o atual governador Waldez Góes com uma coligação composta por diversos partidos, teve o apoio da maioria dos prefeitos, deputados estaduais eleitos, lideranças políticas expressivas e grupos empresariais liderados por seu vice, Jaime Nunes (PROS); e, de outro, João Capiberibe, com apenas dois partidos coligados, com poucos recursos e ainda prejudicado pela impugnação de todas as candidaturas do PT pelo TRE-AP devido a irregularidades ligadas à prestação de contas em 2015 e que fez com que a coligação fosse praticamente desfeita e o candidato a vice, Marcos Roberto (PT) fosse substituído por Andreia Tolentino (PSB) e a decisão do TSE em validar os votos de Capiberibe no 1º turno e mantê-lo na disputa para o 2º turno. Ainda assim conseguiu atingir 47,65% dos votos de durante a campanha, liderou todas as pesquisas de intenção de votos.

“Dois fatores foram determinantes para a eleição para o governo do estado e que estão relacionados: em primeiro lugar, temos obviamente a questão relacionada à votação 1º turno com todo o imbróglio em torno da presença ou não do PT na coligação liderada por Capiberibe; em segundo lugar, evidencia-se um certo grau de isolamento do PSB dentro do cenário político amapaense. O partido que há mais de duas décadas foi responsável pela quebra da hegemonia de Annibal Barcelos e seu grupo e João Capiberibe que na minha opinião é um dos pais da democracia e da modernidade política no Amapá agora se vê num cenário diametralmente oposto ao da fundação de seu mito político. No segundo turno, as dificuldades foram maiores devido a falta de apoio político já que a maioria dos partidos e lideranças se alinharam à campanha de Waldez Góes e isso implicou na presença de uma maquina que no primeiro turno estava mobilizada para as candidaturas proporcionais e que no segundo turno voltou-se para o pleito majoritário e nesse aspecto Capiberibe teve dificuldades, somando-se a isso a falta de apoio efetivo e mais explícito de lideranças proeminentes da esquerda como o senador Randolfe Rodrigues e do prefeito Clécio Luís, ambos da Rede Sustentabilidade”, concluiu Daniel Chaves.


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