Política

Randolfe minimiza declarações de Camilo e se diz disposto a contribuir para a governabilidade

Senador afirma que fará oposição equilibrada e responsável para que o governo Bolsonaro construa novos rumos para o país e o Amapá e mais uma vez criticou o reajuste dos salários dos ministros do STF.


Senador Randolfe Rodrigues (REDE)

Em entrevista concedida nesta sexta-feira ao programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) o senador Randolfe Rodrigues (REDE) minimizou as declarações feitas pelo deputado federal eleito Camilo Capiberibe (PSB) de ter contribuído, com a sua neutralidade no 2º turno, para a reeleição do governador Waldez Góes (PDT). Ele também condenou o reajuste dado aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por considera-lo “inadequado e inoportuno” e se disse disposto a fazer uma oposição “equilibrada e responsável” para que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) construa novos rumos para o país e o Amapá.

 

“Eu estou na militância política desde os 13 anos de idade, quando fui presidente do Grêmio Estudantil do CCA (atual Escola Estadual Grabriel de Almeida Café, em Macapá); sempre fiz política às claras, de forma transparente; minha posição neutralidade não foi pública de um jeito e escondida de outro, conforme a reclamação que tem sido feita (por membros do PSB); eu até entendo essa reclamação, mas eu acho que vamos estar juntos no campo político de oposição no Amapá e no Brasil; entendo que esse sentimento pós-eleição é natural, que se queira encontrar responsáveis pelo resultado eleitoral; eu atribuo isso a eventual calor pós-eleitoral, mas tenho certeza que dentro em pouco estaremos juntos no mesmo campo político de oposição”, ponderou.

 

“Neutralidade combinada”
O senador contestou a declaração de Camilo de que a decisão de neutralidade no 2º turno teria sido “combinada” nos bastidores com o então candidato à reeleição, Waldez Góes (PDT), e teria como foco facilitar uma eventual eleição dele (Randolfe) para o governo em 2022: “Respeito a posição do deputado federal eleito, mas reiterando o que afirmei antes, desde que eu iniciei na militância política nunca fiz nada clandestinamente; as minhas posições políticas sempre foram claras, abertas e francas; se eu tivesse que apoiar alguém o faria abertamente; não teve nenhum ‘escondidinho no cinema’; por circunstâncias eleitorais tomamos a decisão de neutralidade no 2º turno. Eu não posso terminar uma eleição e já ser candidato na outra, mas sim pensar no Amapá; tem muito trabalho a fazer, muitas dificuldades para travar na próxima quadra política”.

 

Perguntado sobre a sua expectativa em relação ao futuro governo Bolsonaro, Randolfe se disse disposto a contribuir para garantir a governabilidade, fazendo oposição “equilibrada e responsável” com o objetivo de construir “novos rumos” para o Brasil e para o Amapá. Ele criticou o reajuste dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal aprovado pelo Senado, que considera “inapropriado e inadequado” ao atual cenário político e econômico do país, “extremamente prejudicial” ao futuro governo e elogiou algumas primeiras medidas anunciadas pelo futuro presidente.
“Este é o momento de pensarmos no Brasil. Esta semana por exemplo achei inadequado e inapropriado o STF encaminhar ao Congresso Nacional projeto que reajusta em 16% os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que terá um efeito cascata em toda a magistratura brasileira e isso não é adequado no momento atual; o Bolsa Família é reajustado em 6% e os salários dos servidores públicos em 6%; conceder esse reajuste em meio à dramaticidade das contas publica brasileiras é questão de irracionalidade para o brasil, pois estamos em um momento delicado”, criticou.

 

Lembrado que um aliado dele (Davi Alcolumbre, do DEM) votou favorável ao reajuste, Randolfe ponderou que suas convicções próprias “não se misturam” às convicções e ideologias dos demais parlamentares: “Não voto pela posição dos meus colegas; posso me responsabilizar pela minha convicção. Sou contrário a esse aumento não que eles (os ministros) não mereçam; acho que todos os trabalhadores braasleiros precisam muito, os servidores públicos precisam e merecem muito, até mais; acho que os magistrados devem até merecer, mas o momento não é adequado para o Brasil, não é adequado para o presidente que vai tomar posse daqui a dois meses; claro que não o apoei, mas tem que se reconhecer que não é uma medida adequada neste momento”.

 

Relação com o futuro presidente
Sobre como será a sua relação com Bolsonaro, considerando que ambos tiveram sérios atritos, inclusive quase chegando às vias de fato no Plenário do Congresso, Randolfe considerou que divergências fazem parte da atuação parlamentar, e até elogiou algumas medidas anunciadas: “Divergências fazem parte da atuação parlamentar e logo são superadas; agora o foco é o Brasil. Inclusive exulto o posicionamento flexível do futuro presidente de voltar atrás à ideia de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio-Ambiente; mas me preocupam outras medidas, como a anunciada fusão do ministério da Indústria e Comércio porque teria repercussão negativa na Zona Franca Verde e na Área de Livre Comércio; tenho essas preocupações sim, mas entendo que não deve ser só razão de preocupação, mas sim de atuação nossa”.

 

O parlamentar também se mostrou disposto a discutir a Reforma da Previdência Social, desde que não há prejuízos para os trabalhadores. Mas ele previu dificuldades para que a proposta seja aprovada ainda neste ano: “Estamos há cinco semanas do final do ano legislativo e a reforma da previdência precisa ser aprovada pela maioria Constitucional de 3/5 de cada bancada do Congresso Nacional; acho difícil algum tipo de reforma passar este ano, mas estou à disposição desse debate desde que não haja sacrifícios para o trabalhador, desde que não vá aumentar a alíquotas de desconto do servidor público, da previdência pública, porque desse caminho de debate eu não comungo”


Deixe seu comentário


Publicidade