Ulisses Laurindo

Medalhas, sonho distante

De nada adianta propagar qualidades em atividades esportivas se, paralelamente, não houver as devidas ações para atingir os resultados desejados. O que está acontecendo com o esporte brasileiro nestes Jogos Olímpicos faz parte do desejo de se conquistar muitas medalhas, sem, contudo, ter havido o necessário trabalho para viabilizar os objetivos.

É cedo ainda para se prognosticar um saldo positivo ou negativo do esporte do país. Salvo algumas modalidades, a exemplo, o voleibol, a vela, o judô, as demais correm por sua própria conta e risco.

Quando se reúnem os melhores atletas do mundo desaparece a possibilidade de milagre, ou seja, brilham só os que de fatos estão preparados. O Comitê Olímpico Brasileiro projetou a décima colocação entre os vencedores e o saldo dos primeiros dias deixa dúvida quanto ao resultado. Um dos grandes trunfos para aumentar o número de medalha, 108 até agora, pode sofrer um sério revés, com a péssima atuação do futebol, duas vezes vice-campeões e que, agora, está correndo sério risco de não se classificar para as quartas de final. Também a seleção masculina de voleibol, de Bernardinho, não está no seu auge.

A grande distancia existente pelos países vitoriosos é formada, principalmente, pela natação, atletismo e ginástica. Nessas modalidades o nível brasileiro é baixo, criando, assim, dificuldade para se sobressair entre vencedores. A natação brasileira é muito forte na América do Sul, mas sem índice compatível a confronto internacional. Igualmente, o atletismo, com mais de 37 eventos e que só em um, no salto com vara, Fabiana Murer, pode ter êxito. Na ginástica, a concorrência com Europa é enorme, diminuído as chances brasileiras. A grande saída para desenvolvimento no esporte é o intercambio. Antigamente não havia dinheiro, diferente de hoje, onde sobram recursos. No momento, é preciso idéias.

O exemplo seguido agora vem de longa data. Só se preocupam com Jogos na véspera da disputa. Um pequeno deslize do esporte nacional, aconteceu em março de 2014, quando foi demolida a principal pista de atletismo do Rio e uma das melhores do país sob alegação que era preciso o espaço para fazer garagem para a Copado Mundo de 2014. Talvez consigamos a posição pensada pelo COB, mas é tarefa exagerada para os atletas, porque eles não foram preparados para a grande batalha.

Claro que esse não é um diagnostico final da atuação do esporte nos jogos. O brasileiro é de superação e tudo pode acontecer, embora se admita que melhor seria que os atletas estivessem preparados para oferecerem luta de igual para igual.

Legado dos Jogos para o Rio

Para ao analista é difícil acompanhar o desenrolar do dia a dia das disputas nas diversas arenas, porque nos primeiros dias os confrontos são em número considerável começando pela manhã e vão até à noite, durante os 16 dias de batalha.

O mais que pode fazer é destacar algum resultado fora da linha comum, um recorde, por exemplo, de Usain Bolt, nos 100 ou 200 metros, ou o nadador Mike Phelps aumentar seu rosário de 22 medalhas olímpicas, nesse caso, são pois assuntos relevantes, merecendo destaque mais do que especial. Mas, de resto, a análise a ser feita corresponde mais ao envolvimento dos Jogos na sua extensão. Há mais de sete anos o assunto sobre a promoção do Rio de Janeiro preocupa quanto ao legado que o evento deixará para a cidade.

Quando os países encarnam com seriedade a questão o resultado é sempre benéfico e os gastos astronômicos feitos nas arenas, ao final, acabam trazendo resultado. O Rio de Janeiro foi vítima de um período político ruim criando dificuldade para desempenho melhor.Mas, mesmo assim, o resultado que ficará para a população será compensador.O legado, em relação às obras, só poderá ter efeito, se, paralelamente, houver ações que promovam o seu aproveitamento.

No meu entender, para o Rio foi bom o resultado final, pois ganhou não só mais visibilidade no mundo, como também ofereceu à população investimento que, de outra forma, não seria possível.
O metrô, por exemplo, na Barra da Tijuca, é um bom exemplo. Alguém vai perguntar: mas isso é tarefa dos governantes e não esperar algo especial. Pois bem, mais o fato é que com obrigação ou não o adiantamento foi concluído.

Quem for ao Rio notará varias mudanças arquitetônicas na cidade que foram possível pela presença do Jogos. A conclusão é que cada um tem que fazer sua parte. Disse que a época foi ingrata para o Rio. E foi mesmo. Se a epidemia grassou no período, deve-se culpar outros segmentos, nunca os Jogos. As criticas dirigidas ao Rio, na verdade, são decorrentes, sim, do tipo organização atual do Jogos, que responsabiliza os promotores por tudo o que houver de errado, quando, na verdade, a culpa maior é do próprio Comitê Internacional delegando poderes excessivos aos promotores que acabam embaralhados com dificuldade para atender o gigantismo dos Jogos, alíás, na mira do COI que pensa em mudanças. O Rio fez seu papel de casa e merece os parabéns.

O Objetivo agora é medalha

Mais de três bilhões de pessoas acompanharam ontem, à noite, a solenidade de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio Janeiro, espetáculo que fez jus ao carisma do povo brasileiro, com relação à alegria, bom humor e generosidade. Várias artistas nacionais desfilaram para mais de 80 mil pessoas de olhos fixos no grande palco montado no Maracanã, que já foi o maior estádio do mundo. Representantes de mais de 200 países formaram longas delegações que acompanharam a entrada da Tocha Olímpica e o acendimento da Pira Olímpica que arderá até o dia 21, no encerramento do evento.

A partir de hoje, começam as disputas nas arenas e 15 modalidades iniciam as disputas, algumas nas fases preliminares, outras, com a luta pelas medalhas, como o tiro ao arco, no Sambódromo , com a presença do brasileiro Felipe Wu, cotado para subir ao pódio numa das três posições, inclusive à meta do ouro.

Diariamente, até o dia 21, o calendário aponta encontros diários com, pelo menos, 10 esportes. Para amanhã são os seguintes confrontos, poucos ainda para classificação. Hoje serão disputados o rugby, remo, pólo aquático, handebol, hipismo, judô, levantamento de peso, na natação, tiro ao arco, este em caráter final, na pistola na distancia de 10 metros.

Das atividades previstas para hoje, o judô tem boas chances de obter medalhas para o país. A razão disso é que os lutadores das sete categorias a grande maioria figura no ranking internacional, boa credencial para a vitória. A ginástica artística e outra especialidade em que o país espera grande resultado através Arthur Zanetti, campeão olímpico em 2012, em Londres, e que se mantém em forma.

Os dirigentes brasileiros garantem que os atletas, neste ano, superarão o recorde anterior de medalhas e chegarão entre os país classificados no cômputo geral. O recorde nacional foi estabelecido em Londres, em 2012, e pelas contas, o saldo será positivo, considerando que algumas modalidades têm capacidade de chegar a um grande número de conquistas citando , em primeiro lugar, o voleibol, de quadra, masculino e feminino, além das duplas de praia, masculina e feminina. Também a vela, judô são especialidades que têm prestígio no mundo.

O objetivo do COB de passar para a posição entre os dez primeiros pode ser alcançado, primeiro pelo fato de os atletas atuarem dentro de casa, mais confiantes. Acima de tudo,o problema de alguns países não terem mandados grande parte de seus campeões facilita a tarefa dos brasileiros, embora, a partir de Londres, o esporte nacional passou a contar com mais verba para a preparação das equipes olímpicas.

Hoje, o inicio da grande festa

Aguardados há sete anos os Jogos Olímpicos mostram sua cara hoje, no Rio de Janeiro, com a solenidade de abertura, às 20 horas, no Maracanã, que dá inicio ao período de 16 dias de competições. Com mais de 40 modalidades.

Como de costumes em todos os Jogos, o Rio também vai apresentar uma programação artística e cultural, com a participação de artistas nacionais.

Durante a solenidade, depois do acesso das delegações ao gramado, procede-se a entrada da Tocha Olímpica conduzida pela pentatleta Yanes Marques que a entregará ao Pelé, com a incumbência de acender a Pira Olímpica, símbolo que ficará até o encerramento no dia 21 do mês.

Segundo a programação distribuída pelo Comitê Olímpico Brasileiro, além da presença de mais de 10 artistas nacionais, haverá ainda, a exibição de uma réplica do 14-Bis, de Santos Dumont e um show virtual,com desfile de Gisele Bundchen.
Na parte musical, consta a espetáculo com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e outros e mais a presença de passistas das Escolas de Samba.

De acordo com a programação estabelecida pelo COI, em todos os Jogos, o futebol começa dois antes das demais das modalidades.

A razão é que o futebol tem regras fixas em relação ao tempo de uma partida outra. Por isso, as seleções brasileiras já fizeram suas estréias, com o pé direito rumo à medalha de ouro, tanto no masculino e feminino.

Comandada por Marta a seleção feminina venceu a da China por 3 a 0, e terá ainda pela frente para se classificar às quartas, a Suécia e África do Sul.

Depois de correr mais de 300 cidades do país a Tocha Olímpica passeou ontem pelo Rio de Janeiro, e hoje estará no Maracanã. Durante sua passagem por Niterói, cidade vizinha ao Rio, houve protestos de torcedores contrários à realização dos Jogos, pedindo, em seu lugar, mais escolas e melhores condições de vida.

Aos poucos a delegações estão se sentindo em boas condições na Vila Olímpica, a princípio motivo de reclamações por parte de alguns países. A Austrália, a primeira de reclamar do estado dos apartamentos, através de seus dirigentes Já disseram que Vila está em nível superior a várias outras.

Para a disputa em si vários analistas asseguram que o Brasil superará seu recorde de medalhas e, com certeza, ficará entre os 10 melhore colocados no geral. O melhor resultados do país em Jogos aconteceu em Londres, 2012, quando foram conquistadas 17 medalhas, sendo cinco de ouro. Agora, no Rio, o prognóstico vai além desse índice.

Voleibo Feminino (Final)

Esta série falando sobre os 23 campeões olímpico brasileiro, iniciada em 5 julho, com o medalhistas Guilherme Paraense, em 1920, e que se encerra hoje destacando, mais uma, vez a equipe feminina de voleibol e sua gigante vitória nos Jogos de Londres, em 2012, repetição do que já ocorrera em Pequim, quatro anos antes quando as brasileiras subiram ao pódio mais alto para o primeiro coletivo da modalidade feminina. Vale a apenas citar agora as campeões daquele feito, sem dúvida o inicio do domínio do voleibol do país pelas quadras do mundo. Seus nomes: Adenizia, Dani Lins, Fabi, Fabiana, Fernandinha, Fernanda Garay, Jacqueline Carvalho, Natália, Paula Pequeno, Sheila,Tandara e Tayssa.

Muitas delas estarão representando novamente a seleção dirigida por José Roberto Guimarães e podem ser apontadas como favoritas ao inédito título de tricampeães olímpicas.

É preciso porém,colocar os pés no chão, porque na disputa estão adversárias de peso, como Estados Unidos,Sérvia, França, Itália, todas, aliás, já derrotadas na recente disputa da Liga Mundial, na qual chegaram à décima conquista.

Nunca é de mais ressaltar que o salto dado pelo voleibol brasileiro no mundo se deveu à ação da Confederação criando desde o inicio da década de 90 um Centro de aperfeiçoamento, na cidade fluminense de Saquarema.De lá saem os campeões adultos e das demais categorias de base.

Com o trabalho de divulgar os feitos dos medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos procuramos aproximar os leitores da importância desse evento por excelência universal. Todos acompanharam o brilho dos atletas empenhados na competição na qual o mais objetivo é participar dessa festa de grata recordação para todos. Revelo um dado estatístico que dá bem a dimensão de ser um praticante: desde inicio de sua história, em 1920, na cidade belga de Antuérpia, os brasileiros participaram em 90% das edições e nesses 96 anos, o total de atletas do país inscritos nas diversas provas foram no total de 1.875 homens e 689 mulheres, revelando um dado que muito orgulha ser um dia olímpico em defesa de seu país.

Ao concluir essa série não posso deixar de expressar os agradecimentos à Professora Doutora Kátia Rúbio que publicou, no ano passado, com ajuda do Sesi e de um batalhão de professores, um livro- documento de 647 páginas, contendo o histórico brasileiro com o título Atletas Olímpicos Brasileiros, com dado estatístico de todas as delegações, com foto e biografia dos 2 mil 564 atletas que estiveram presentes até Londres, 2012. Servi-me desse documentos para oferecer uma visão ampla do esporte que se pratica no Brasil, colocando em pauta minha experiência de mais de 60 anos.

Sarah Menezes (XXII)

Mais uma vez o judô aparece na série de campeõs olímpicos, desta vez, com Sarah Gabrielle Cabral de Menezes, pódio maior em Londres, em 2012, na categoria até 48 quilos, e a primeira mulher a se laurear na modalidade do país.O Judô já havia ganho, anteriormente, dois ouros, com Aurélio Miguel e Rogério Sampaio. A campeã Sarah que continuou treinando ativamente, confia que nas lutas no Rio de Janeiro o resultado não seja outro, o mesmo de Londres, quando venceu cinco duelos.

Que é de março de 1990,começou o judô com nove na os na escola primária que estudava em Teresina. Após esse período começou freqüentar a academia, mas teve que parar aos 13 anos, devido o fechamento do estabelecimento. Já gostando imensamente das tarefas a que se submetia durante todo o tempo, manteve firme o treinamento, até que foi convocado pela Confederação para participar de uma seleção para a formação de uma equipe pré-juvenil, para a disputa do Pan-Americano, da categoria.

Mas o sucesso da judoca começou a aparecer mesmo em 2008 quando integrou a delegação brasileira para os Jogos de Pequim China, em 2008. Não foi bem, pois perdeu a primeira luta do programa e foi desclassificada. Mesmo assim permaneceu durante muito tempo no ranking internacional dos 48 quilos , condição que lhe deu ânimo para encarar um forte treinamento visando às disputas de Londres. Sempre bem cotada dentro do ranking nacional Sarah estabeleceu roteiro para conquistar uma das três medalhas reservadas aos vencedores;

Quem ainda podia duvidar de seu valor passou a pensar diferente, depois que ela pisou no tatame em Londres. Foram cinco lutas seguidas e a todas elas aplicava senão o ippon ou o vazári, e a luta chegava ao fim. O judô faz parte do programa olímpico em sete categorias, sendo o mais leve, ligeiro vai de 36 quilos a 55 , enquanto o maior peso é acima de 100 quilos. Além de Sarah a equipe nacional será composta por mais seis judocas, entre elas Mayra Aguiar. A equipe masculina será composta também de sete integrantes entre outros, Tiago Camilo e Rafael Buzacarini.

As provas de judô geralmente são realizadas logo no segundo ou terceiro dia da programação oficial e ocupa exatamente sete dias do calendário. As lutas são em caráter de eliminatórias, perdeu é eliminado sem chance de nova oportunidade. A medalha bronze é conquistada pelos dois litigantes na luta pelo terceiro lugar, o mesmo sistema utilizado no boxe.

Arthur Zanetti (XXI)

A estrela do esporte brasileiro a coroar esta série dos campões olímpicos é o ginasta Arthur Nabarrete Zanetti, de 26 anos, nascido, em São Caetano do Sul (SP) e que hoje vive no Rio Grande do Sul, onde montou sua base para brilhar nas argolas, um dos seis aparelhos no programa masculino. Completa lista olímpica o cavalo com alça, barras paralelas, barra fixa, solo e saltos. O título inédito de Zanetti, foi em Londres, 2012, no aparelho argolas, vitória que lhe valeu os elogios de todo o mundo da ginástica pela excelência da forma como se apresentou, derrotando rivais russos, franceses, americanos, e outros países que se destacam na modalidade.

O campeão teve contato com o esporte aos sete anos. Durante as aulas de educação física o professor reparou no seu biótipo próprio para ginástica, argumento de que se valeu o mestre para conduzi-lo aos treinamentos. Depois de um ano e meio de iniciação passou a treinar diariamente com Marcos Goto, que o acompanha até hoje. Em 2007, aos 17 anos, Zanetti foi convocado para competir nos Jogos Pan-Americanos, do Rio de Janeiro, mas sua atuação foi discreta, o que, aliás, não lhe trouxe desânimo e, pelo contrário, mais se motivou para novas competições.

O passo seguinte foi à seleção que o selecionou para um estágio no Japão, visando os Jogos de Pequim, 2008, ocasião que integrou a equipe, como reserva. Em 2009 começou a aparecer no cenário mundial, conquistando a quarta colocação em um campeonato mundial. Com os treinamentos em Tóquio e o lastro conseguido em vários outros torneios, Zanetti ganhou em Londres o título olímpico, façanha até hoje louvada pelos especialistas em ginástica artística. A trajetória de vitória não terminou na terra londrina e se estendeu até 2013, quando novamente ganhou o mundial da sua especialidade, as argolas.

Entre os reais candidatos à medalha de ouro para 2016, Zanetti tem grande credito, embora não seja tarefa fácil, porque é modalidade em que os países asiáticos, europeus bem como os das Américas, aplicam todas as fichas para vencer. Ele comanda a esperança dos dirigentes brasileiros de, que este ano, o Brasil superará o recorde medalhas, passando Londres, quando foram 17 delas, inclusive, três de ouro, um de Zanetti. O otimismo do país se concentra no fato de que os atletas competem dentro de casa e, ainda, com o atenuante de muitos países não mandarem suas delegações com força máxima, como aconteceu com a Rússia, que estará presente com apenas 115 atletas, diferente de outros Jogos, nos quais os russos eram, junto com os norte-americanos competiam com delegação enormes. A epidemia de alguns vírus também afastou muitos campeõs.

Voleibol feminino (XX)

Foi nos Jogos de Londres, em 2012, que o Brasil conquistou o maior número de medalhas, superando os recordes de Jogos anteriores, desta vez, com 17 pódios, sendo três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Dessas, três de ouro, uma pertence à equipe feminina de voleibol que bisou o feito de Pequim (2008), em Londres, quatro anos depois, feito que se firmou no mundo do vôley como uma grande seleção do esporte da rede. As heroínas, comandadas por José Roberto Guimarães, em 2008, foram as campeãs Carol Albuquerque, Fabi, Fabiana Claudino, Fofão, Jacqueline Carvalho, Mari, Paula Pequeno, Sheila, Thaissa, Valeskinha, Waleska e Sassá. Há quem confie que a seleção poderá chegar ao tricampeonato olímpico agora no Rio de Janeiro, fato que seria inédito na história. O segundo título feminino foi em Londres, 2012, ocasião em que passou para os anais dos Jogos.

O voleibol brasileiro, tanto nas quadras como nas areias começou a mostrar sua cara a partir dos Jogos de 1984, em Los Angeles, quando ganhou a primeira medalha na história, duelando com os Estados Unidos, dono da casa, dos quais perdeu ficando com a medalha de prata, com uma geração bastante positiva para o sucesso, dali em diante.

Com 17 medalhas no currículo, o mesmo número de vitórias do judô, o voleibol começou se despontar como modalidade mundial, como já vimos, a partir de 1984, com a medalha de prata. O sucesso posterior teve, como base, a criação, pela Confederação Brasileira do Centro de treinamento, localizado na cidade fluminense de Saquarema, polo que concentrava não apenas as seleções para compromissos oficiais, como, também, para formação de novos valores, nas diversas idades. De lá saíram os grandes ídolos que fortaleceram o esporte nacional e, particular, o voleibol.

Para os Jogos do Rio há apostas na vitória das moças brasileiras, pois, além de contar com a direção de Zé Roberto Guimarães no comando, a equipe está em excelente preparo físico e técnico, provados no recente título da Liga Mundial, aonde chegou à décima conquista, derrotando adversários que, por certo, vai enfrentar seleções preparadas como França, Itália, Sérvia, todas com derrotas para as brasileiras.

A possibilidade da vitória no Rio é perfeitamente possível. Hoje as modalidades coletivas têm comportamento diferenciado de alguns anos, quando os treinamentos eram realizados parciais, ou pela manhã, tarde ou noite, devido aos compromissos dos jogadores, todos eles trabalhadores e com tarefas em outras atividades. Agora a maioria ou mesmo a totalidade das atividades se concentra em atividade diária nos treinamentos, com exigência praticamente nos três turnos do dia. Só assim é possível neutralizar a força dos adversários, que seguem as mesmas receitas.

Cesar Cielo (XIX)

Cesar Augusto Cielo Filho é o primeiro e único a ganhar medalha de ouro para a natação brasileira, nadando o 50 metros nado livre, em 2008, em Pequim. Participando da natação desde os 13 anos, idade que conquistou o título brasileiro nos 400 metros nado livre. No ano seguinte, triste por não ter conquistado nenhum pódio em campeonato brasileiro, ameaçou a abandonar as competições, decisão que só durou um ano, pois logo se filiou ao Clube de Campo de Piracicaba, mudando de distância, disputando os 50 e 100 metros livres.

Sua trajetória continuou vitoriosa nas piscinas do Continente. Quando completou 18 anos, por orientação do pai, viajou para os Estados Unidos, para cursar Comércio Exterior, na Universidade de Auburn, sem, contudo, deixar de nadar. No Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, Cielo foi a grande figura da natação, ganhando três medalhas de ouro e uma de prata, grande referencial para os Jogos de Pequim no ano seguinte. De fato, na China, Cielo veio a ser o primeiro nadador a ganhar a medalha de ouro para o Brasil, em toda sua história em prova da natação.

Sua condição de campeão continuou imbatível, ganhando as medalhas de ouro nos 50 , borboleta e 50 livre, no mundial de Xangai, o mesmo acontecendo no Rio de Janeiro durante o Pan-Americano. Em 2011, pilotou um projeto, que visava, no Clube Pinheiros, de São Paulo, a preparação de nadadores que, a longo prazo, tinham como estimulo os Jogos do Janeiro, em 2016. A idéia não foi avante e os resultados esperados os mais positivos e que, afinal, não se concretizaram. A carreira de Cielo prosseguiu de vento em popa e, em Londres 2012, conquistou medalha de bronze nos 50 metros nado livre. Quase ao final da carreira, ainda obteve o bicampeonato dos 50 metros livre e do nado borboleta, no Mundial Aquático, em Barcelona, em 2013. Em 2014, transferiu-se do Flamengo para o Minas Tênis Clube, onde se preparou o Mundial da Rússia, sem ter conseguido êxito, devido a contusão no ombro.

Para melhor se recuperar da lesão foi se tratar e treinar nos Estados Unidos. Apesar de recuperado, Cielo não conseguiu voltar à sua forma física e técnica e, depois de várias tentativas, não ganhou a vaga na equipe nacional para os Jogos do Rio, praticamente a retirada das piscinas, onde brilhou desde a idade de oito anos. Na natação brasileira no cenário olímpico tem apenas a medalha de ouro de Cielo, mas conquistou, em todo o período, 10 medalhas, sendo sete de bronze e três de prata.

Maurren Higa Maggi (XVIII)

Nos Jogos de Pequim em 2008, o atletismo brasileiro chegou à sua quarta medalha de ouro, através de Maurren Higa Maggi, na distância, superando a adversária norte-americana no último da prova, cravando mais de sete metros.

Como disse foi à quarta conquista no atletismo antes com os vitoriosos Adhemar Ferreira da Silva (triplo), duas vezes, 1952 e 1956) e Joaquim Cruz, (800 metros). Sendo o maior espetáculo dos Jogos, final, desde sua origem, o atletismo do Brasil nunca recebeu o tratamento avançado, conseguindo subir ao pódio mais por trabalho pessoal dos atletas, e, nunca, como seria natural, fruto de políticas esportivas dirigidas para esse fim.

A vitória de Maurren pode ter sido surpresa para muitos, mas, considerando o retrospecto das marcas registradas no salto em distancia, o resultado final de Pequim pode ser analisado como normal. Maurren é paulista de São Carlos. Aos sete anos vivia nas pistas, nos ginásios, nas quadras, praticando ginástica, futebol, natação, tênis de mesa e, finalmente, atletismo, onde se encontrou e fez grande sucesso para o esporte brasileiro.

A trajetória vitoriosa começou quando, aos 17 anos, se filiou ao São Paulo para frequentar o Projeto Futuro. No Pan-Americano de Winnipeg, Canadá, conseguiu a medalha de prata nos 100 metros barreiras, prova em que era também especialista. Na mesma competição ganhou a medalha de ouro no salto em distancia. Um ano depois, ficou fora da delegação dos Jogos de Sidney por ter sofrido lesão no reto femoral, que a impediu de treinar e viajar. Apesar do sucesso nas pistas, a atleta foi acusada de dopping,em 2003, ficando fora das pistas durante dois anos. A reparação da punição veio pelo fato de que ela havia usado uma substancia numa pomada cicatrizante, Mesmo assim, a atleta ficou dois anos parada. Voltou aos treinos e visou o Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, onde reapareceu com grande brilhantismo, chegando à nova medalha de ouro na distancia.

A grande meta a atingir era a vitória em Pequim. Com excelente nível de atuação, a presença na China era possível, embora em Jogos Olímpicos são reunidos os melhores competidores do mundo. Depois da classificação, pela manhã, no dia seguinte, a sorte estava lançada e não deu outro resultado do que a vitória de Maurren, na distância. Na Olimpíada seguinte, em Londres, 2012, não obteve resultado e ficou entre as que não conseguiram marca para a final.

Para o magro atletismo brasileiro a medalha de ouro em Pequim coorou a modalidade em país que poderia somar múltiplas medalhas se houvesse planejamento e não deixasse tudo a cargo do heróis excepcionais.