Ulisses Laurindo

Arthur Zanetti (XXI)

A estrela do esporte brasileiro a coroar esta série dos campões olímpicos é o ginasta Arthur Nabarrete Zanetti, de 26 anos, nascido, em São Caetano do Sul (SP) e que hoje vive no Rio Grande do Sul, onde montou sua base para brilhar nas argolas, um dos seis aparelhos no programa masculino. Completa lista olímpica o cavalo com alça, barras paralelas, barra fixa, solo e saltos. O título inédito de Zanetti, foi em Londres, 2012, no aparelho argolas, vitória que lhe valeu os elogios de todo o mundo da ginástica pela excelência da forma como se apresentou, derrotando rivais russos, franceses, americanos, e outros países que se destacam na modalidade.

O campeão teve contato com o esporte aos sete anos. Durante as aulas de educação física o professor reparou no seu biótipo próprio para ginástica, argumento de que se valeu o mestre para conduzi-lo aos treinamentos. Depois de um ano e meio de iniciação passou a treinar diariamente com Marcos Goto, que o acompanha até hoje. Em 2007, aos 17 anos, Zanetti foi convocado para competir nos Jogos Pan-Americanos, do Rio de Janeiro, mas sua atuação foi discreta, o que, aliás, não lhe trouxe desânimo e, pelo contrário, mais se motivou para novas competições.

O passo seguinte foi à seleção que o selecionou para um estágio no Japão, visando os Jogos de Pequim, 2008, ocasião que integrou a equipe, como reserva. Em 2009 começou a aparecer no cenário mundial, conquistando a quarta colocação em um campeonato mundial. Com os treinamentos em Tóquio e o lastro conseguido em vários outros torneios, Zanetti ganhou em Londres o título olímpico, façanha até hoje louvada pelos especialistas em ginástica artística. A trajetória de vitória não terminou na terra londrina e se estendeu até 2013, quando novamente ganhou o mundial da sua especialidade, as argolas.

Entre os reais candidatos à medalha de ouro para 2016, Zanetti tem grande credito, embora não seja tarefa fácil, porque é modalidade em que os países asiáticos, europeus bem como os das Américas, aplicam todas as fichas para vencer. Ele comanda a esperança dos dirigentes brasileiros de, que este ano, o Brasil superará o recorde medalhas, passando Londres, quando foram 17 delas, inclusive, três de ouro, um de Zanetti. O otimismo do país se concentra no fato de que os atletas competem dentro de casa e, ainda, com o atenuante de muitos países não mandarem suas delegações com força máxima, como aconteceu com a Rússia, que estará presente com apenas 115 atletas, diferente de outros Jogos, nos quais os russos eram, junto com os norte-americanos competiam com delegação enormes. A epidemia de alguns vírus também afastou muitos campeõs.

Voleibol feminino (XX)

Foi nos Jogos de Londres, em 2012, que o Brasil conquistou o maior número de medalhas, superando os recordes de Jogos anteriores, desta vez, com 17 pódios, sendo três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Dessas, três de ouro, uma pertence à equipe feminina de voleibol que bisou o feito de Pequim (2008), em Londres, quatro anos depois, feito que se firmou no mundo do vôley como uma grande seleção do esporte da rede. As heroínas, comandadas por José Roberto Guimarães, em 2008, foram as campeãs Carol Albuquerque, Fabi, Fabiana Claudino, Fofão, Jacqueline Carvalho, Mari, Paula Pequeno, Sheila, Thaissa, Valeskinha, Waleska e Sassá. Há quem confie que a seleção poderá chegar ao tricampeonato olímpico agora no Rio de Janeiro, fato que seria inédito na história. O segundo título feminino foi em Londres, 2012, ocasião em que passou para os anais dos Jogos.

O voleibol brasileiro, tanto nas quadras como nas areias começou a mostrar sua cara a partir dos Jogos de 1984, em Los Angeles, quando ganhou a primeira medalha na história, duelando com os Estados Unidos, dono da casa, dos quais perdeu ficando com a medalha de prata, com uma geração bastante positiva para o sucesso, dali em diante.

Com 17 medalhas no currículo, o mesmo número de vitórias do judô, o voleibol começou se despontar como modalidade mundial, como já vimos, a partir de 1984, com a medalha de prata. O sucesso posterior teve, como base, a criação, pela Confederação Brasileira do Centro de treinamento, localizado na cidade fluminense de Saquarema, polo que concentrava não apenas as seleções para compromissos oficiais, como, também, para formação de novos valores, nas diversas idades. De lá saíram os grandes ídolos que fortaleceram o esporte nacional e, particular, o voleibol.

Para os Jogos do Rio há apostas na vitória das moças brasileiras, pois, além de contar com a direção de Zé Roberto Guimarães no comando, a equipe está em excelente preparo físico e técnico, provados no recente título da Liga Mundial, aonde chegou à décima conquista, derrotando adversários que, por certo, vai enfrentar seleções preparadas como França, Itália, Sérvia, todas com derrotas para as brasileiras.

A possibilidade da vitória no Rio é perfeitamente possível. Hoje as modalidades coletivas têm comportamento diferenciado de alguns anos, quando os treinamentos eram realizados parciais, ou pela manhã, tarde ou noite, devido aos compromissos dos jogadores, todos eles trabalhadores e com tarefas em outras atividades. Agora a maioria ou mesmo a totalidade das atividades se concentra em atividade diária nos treinamentos, com exigência praticamente nos três turnos do dia. Só assim é possível neutralizar a força dos adversários, que seguem as mesmas receitas.

Cesar Cielo (XIX)

Cesar Augusto Cielo Filho é o primeiro e único a ganhar medalha de ouro para a natação brasileira, nadando o 50 metros nado livre, em 2008, em Pequim. Participando da natação desde os 13 anos, idade que conquistou o título brasileiro nos 400 metros nado livre. No ano seguinte, triste por não ter conquistado nenhum pódio em campeonato brasileiro, ameaçou a abandonar as competições, decisão que só durou um ano, pois logo se filiou ao Clube de Campo de Piracicaba, mudando de distância, disputando os 50 e 100 metros livres.

Sua trajetória continuou vitoriosa nas piscinas do Continente. Quando completou 18 anos, por orientação do pai, viajou para os Estados Unidos, para cursar Comércio Exterior, na Universidade de Auburn, sem, contudo, deixar de nadar. No Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, Cielo foi a grande figura da natação, ganhando três medalhas de ouro e uma de prata, grande referencial para os Jogos de Pequim no ano seguinte. De fato, na China, Cielo veio a ser o primeiro nadador a ganhar a medalha de ouro para o Brasil, em toda sua história em prova da natação.

Sua condição de campeão continuou imbatível, ganhando as medalhas de ouro nos 50 , borboleta e 50 livre, no mundial de Xangai, o mesmo acontecendo no Rio de Janeiro durante o Pan-Americano. Em 2011, pilotou um projeto, que visava, no Clube Pinheiros, de São Paulo, a preparação de nadadores que, a longo prazo, tinham como estimulo os Jogos do Janeiro, em 2016. A idéia não foi avante e os resultados esperados os mais positivos e que, afinal, não se concretizaram. A carreira de Cielo prosseguiu de vento em popa e, em Londres 2012, conquistou medalha de bronze nos 50 metros nado livre. Quase ao final da carreira, ainda obteve o bicampeonato dos 50 metros livre e do nado borboleta, no Mundial Aquático, em Barcelona, em 2013. Em 2014, transferiu-se do Flamengo para o Minas Tênis Clube, onde se preparou o Mundial da Rússia, sem ter conseguido êxito, devido a contusão no ombro.

Para melhor se recuperar da lesão foi se tratar e treinar nos Estados Unidos. Apesar de recuperado, Cielo não conseguiu voltar à sua forma física e técnica e, depois de várias tentativas, não ganhou a vaga na equipe nacional para os Jogos do Rio, praticamente a retirada das piscinas, onde brilhou desde a idade de oito anos. Na natação brasileira no cenário olímpico tem apenas a medalha de ouro de Cielo, mas conquistou, em todo o período, 10 medalhas, sendo sete de bronze e três de prata.

Maurren Higa Maggi (XVIII)

Nos Jogos de Pequim em 2008, o atletismo brasileiro chegou à sua quarta medalha de ouro, através de Maurren Higa Maggi, na distância, superando a adversária norte-americana no último da prova, cravando mais de sete metros.

Como disse foi à quarta conquista no atletismo antes com os vitoriosos Adhemar Ferreira da Silva (triplo), duas vezes, 1952 e 1956) e Joaquim Cruz, (800 metros). Sendo o maior espetáculo dos Jogos, final, desde sua origem, o atletismo do Brasil nunca recebeu o tratamento avançado, conseguindo subir ao pódio mais por trabalho pessoal dos atletas, e, nunca, como seria natural, fruto de políticas esportivas dirigidas para esse fim.

A vitória de Maurren pode ter sido surpresa para muitos, mas, considerando o retrospecto das marcas registradas no salto em distancia, o resultado final de Pequim pode ser analisado como normal. Maurren é paulista de São Carlos. Aos sete anos vivia nas pistas, nos ginásios, nas quadras, praticando ginástica, futebol, natação, tênis de mesa e, finalmente, atletismo, onde se encontrou e fez grande sucesso para o esporte brasileiro.

A trajetória vitoriosa começou quando, aos 17 anos, se filiou ao São Paulo para frequentar o Projeto Futuro. No Pan-Americano de Winnipeg, Canadá, conseguiu a medalha de prata nos 100 metros barreiras, prova em que era também especialista. Na mesma competição ganhou a medalha de ouro no salto em distancia. Um ano depois, ficou fora da delegação dos Jogos de Sidney por ter sofrido lesão no reto femoral, que a impediu de treinar e viajar. Apesar do sucesso nas pistas, a atleta foi acusada de dopping,em 2003, ficando fora das pistas durante dois anos. A reparação da punição veio pelo fato de que ela havia usado uma substancia numa pomada cicatrizante, Mesmo assim, a atleta ficou dois anos parada. Voltou aos treinos e visou o Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, onde reapareceu com grande brilhantismo, chegando à nova medalha de ouro na distancia.

A grande meta a atingir era a vitória em Pequim. Com excelente nível de atuação, a presença na China era possível, embora em Jogos Olímpicos são reunidos os melhores competidores do mundo. Depois da classificação, pela manhã, no dia seguinte, a sorte estava lançada e não deu outro resultado do que a vitória de Maurren, na distância. Na Olimpíada seguinte, em Londres, 2012, não obteve resultado e ficou entre as que não conseguiram marca para a final.

Para o magro atletismo brasileiro a medalha de ouro em Pequim coorou a modalidade em país que poderia somar múltiplas medalhas se houvesse planejamento e não deixasse tudo a cargo do heróis excepcionais.

Voleibol masculino (XVII)

Ao longo de toda a série sobre os medalhistas de ouro do Brasil em Jogos Olímpicos disse que iria falar muito do voleibol e suas várias conquistas dessa modalidade, que começou a ser mostrada ao mundo a partir de 1984, em Los Angeles, com a conquista da medalha de prata, com uma geração de jogadores ainda hoje lembrados na história do esporte da rede. Nessa vitória, destacaram-se jogadores com Bernardinho, Bernard, Domingo Maracanã, Montanaro, Fernandão, com legado dos quais se aproveitaram as gerações seguintes, com o primeiro ouro, em Barcelona, em 1992.
Agora chegou a hora de se festejar o segundo ouro pela equipe que tinha no elenco 12 campeões dirigidos por José Roberto Guimarães , que tinha sob seu comando Anderson, André Heler, André Nascimento,

Dante, Giba,Giovani, Gustavo, Mauricio, Nalbert, Ricardinho, Rodrigão e Sérginho. Já sob o comando de Bernadinho, a seleção masculina obteve ainda duas medalhas de prata, em Pequim. 2008 e Londres, 2012, com quase o mesmo elenco da conquista de 2004

Destacamos os campeões que brilharam nas quadras e, por questão de justiça, é bom lembrar a ação de José Roberto que foi jogador de vários clubes brasileiros e também no exterior. Aos 22 anos integrou a seleção que foi a Montreal, Canadá, em 1976, e para melhor se preparar passou 40 dias treinando no Japão. Zé Roberto assumiu a seleção feminina em 2003 e, no ano seguinte dirigiu a seleção nos Jogos de Atenas, 2004,, mas só obteve a quarta colocação.

A rotina séria de trabalho chegou à primeira medalha de ouro nos Jogos de Pequim, com o privilégio de ser o único treinador do voleibol medalha de ouro no masculino e no feminino. Em 2012, levou novamente a seleção feminina ao ódio mais alto,ganhando a medalha de ouro em Londres, 2012 No comando da seleção para os Jogos do Rio de Janeiro , Zé Roberto tem a perspectivas de chegar ao inédito tri campeonato, pois a equipe está em grande forma, como provou vencendo o último Grande Prêmio, terminado neste mês de julho.

Igualmente vitorioso é o treinador Bernardinho que estreou em Jogos Olímpicos em 1988, em Seul, quando foi convidado por Bebeto de Freitas para auxiliá-lo. Em 1996, foi bronze, dirigindo a seleção feminina em 1996 e 2000.

Com boas duas equipes, os treinadores campeões têm duelo muito forte agora, a partir de 5 de agosto, quando começam os Jogos do Rio. Bernardinho não conseguiu ganhar o décimo, título da Liga Mundial porque perdeu para a Sérvia.

Ricardo e Emanuel (XVI)

Na história olímpica brasileira o voleibol tem papel relevante, com conquistas de várias medalhas de ouro prata e bronze, constituindo-se na grande força do esporte do Brasil, trajetória iniciada nos Jogos de Los Angeles, em 1984, com a geração que motivou à formação de uma elite, hoje respeitada no mundo. Foi a heróica medalha de prata, com a seleção onde jogavam astros até hoje lembrados pelos desportistas, nomes como Bernard ( o da Jornada nas Estrelas ), William, Xandó e Bernadinho, atual responsável pelas seleções masculina. Nesta Série, já em sua segunda dezena, registro a medalha de ouro de Ricardo e Emanuel, dupla de praia vitoriosa em Atenas, no ano de 2004. Depois desse primeiro pódio mais alto, a dupla continuou somando novas medalhas de prata e bronze em Jogos posteriores.

Emanuel é curitibano, nascido em 73, e, aos sete anos, teve o primeiro contato com a bola, que sempre disputava com sua irmã. Aos 19 anos migrou para o voleibol de praia, participando de torneio em Vila Velha, ES. No seu primeiro confronto em Olimpíadas não teve sucesso, em Atlanta, 1996, terminando em novo lugar, tendo como companheiro Zé Marco, que, mais tarde, foi estrela com outros companheiros. O ouro veio em 2004, em Atenas, coroando o trabalho cuidadoso desde 1996. A sua participação não parou aí. Em 2008, em Pequim, conquistou a medalha de bronze e, em 2012, a de prata, nas finais de Londres.

Também vitoriosa é a vida de Ricardo, baiano, de Salvador, nascido de janeiro de 75. A seu talento já se mostrara em 2000, nos Jogos de Sidney, quando ganhou com Zé Mario a medalha de prata. Da Bahia, Ricardo foi morar em João Pessoa, e lá começou a dupla com Emanuel, culminando na medalha de ouro, em Atenas. Depois de brilhar no Pan-Americano, do Rio de Janeiro, em 2007, Ricardo e Emanuel ainda apareceram no cenário olímpico, ganhando a medalha de bronze, em Londres, 2012.

Muito ainda vou falar do voleibol, modalidade tratada com muito carinho pelos dirigentes responsáveis quanto à inovação no Centro de Treinamento, na cidade fluminense de Saquarema, possuindo todos os requesitos modernos e tecnologia desenvolvida no mundo.Para os Jogos do Rio, agora em agosto, o voleibol está cotado para subir ao pódio nas diversas equipes inscritas, a começar pela seleção feminina de quadra, campeã da recente Liga Mundial, credencial para chegar ao inédito tri olímpico. Igualmente potentes são as categorias masculina e feminina de praia e a masculina de quadra, comandada por Bernardinho.

Torben Grael/Marcelo Ferreira (XV)

No levantamento dos medalhistas de ouro nos Jogos Olímpicos disse que, por mais de uma vez, iria repetir campeões. Assim o fiz com Ademar Ferreira da Silva, com Torben Grael e Marcelo Ferreira e, agora, com a dupla Torben/Ferreira, que ganhou a medalha de ouro, primeiro em Atlanta, em 1996 e, novamente, em 2004, m Atenas, conquistou novo ouro. Hoje é novamente a vez de Torben e Marcelo que, em 2004, bisaram o título no Star. Foi a partir dos Jogos de Atenas que o esporte brasileiro passou a respirar mais conforto, com a aplicação da Lei Piva, que facultava às entidades manipularam mais verba para a preparação das equipes nacionais para as competições, fora e dentro do país.

Foi então a partir de 2004, que os atletas passaram a ter mais visibilidade nos Jogos, com conquistas de mais pódios, diferente de 2000, em Sidney, que o país passou em branco em medalhas de ouro, ganhando porém, 10 entre prata e bronze.

No esporte moderno as exigências de treinamento é muito grande, e o concorrente que não se preparar bem não vai a lugar nenhum, sendo massacrado por adversário mais treinado. A vela pode ser considerada à parte da grande maioria das outras modalidades do calendário olímpico. Não obstante, embora não tenha dificuldade em relação aos iatistas, que pertencem a padrão social mais elevado. Mas o custo do esporte é muito grande, porque os barcos são enviados para os locais das provas, o que onera os órgãos diretivos. A partir de 2004, a situação melhorou bastante e o esporte olímpico saiu um pouco do marasmo, principalmente no tocante a verba , mas continuou carente quanto a mais valores, pois falta de infra estrutura no esporte em geral.

Voltamos aos campeões Torben e Marcelo. Os dois nasceram em Niterói, cidade litorânea do Rio de Janeiro. A vocação de ambos só poderia levá-los ao triunfo. Torben, além de suas vitórias nas raias olímpicas, depois das duas de ouro, passou a regata oceânica, com veleiro de largo alcance nos mares do mundo. Participou da Regata America Cup. Em 2006, competiu na Regata Volta ao Mundo, com barco Brasil, obtendo a terceira colocação no geral.

Marcelo Ferreira, como já vimos na sua primeira conquista que o seu gosto pelo iatismo era tão grande que ficava na beira no cais esperando que alguém o chamasse para pilotar o barco. Teve sucesso a partir daí e hoje faz parte da história do olimpismo do Brasil.

Robert Scheidt (XIV)

Quando na décima reportagem da série medalhistas de ouro dos atletas brasileiros, em Jogos Olímpicos, sobre a conquista de Robert Scheidt, disse que voltaria a falar do iatista, hoje, junto do Torben Grael e Adhemar Ferreira da Silva, os maiores laureados, com o título de bicampeões olímpicos. E a promessa se cumpre hoje, mostrando novamente o velejador, desta vez, festejando sua segunda medalha de ouro nos Jogos, realizados em Atenas, Grécia, em 2004, competição que marcou o recorde de medalhas de ouro em toda história olímpica brasileira, com cinco pódios de primeiro lugar.

Outra vez, Scheidt conquistou a medalha de ouro na Classe Laser, consolidando sua liderança nas águas do mundo inteiro. Sua vocação foi comprovada, não apenas no Laser, mas também na outra classe, a Star, esta mais complicada do que o Laser. Depois de Atenas, Scheidt fez parceria com Bruno Prada na Classe Star, seguindo sua trajetória vitoriosa. Nos Jogos seguintes, em Pequim, conquistou a prata e quatro anos depois, em Londres, outra medalha, desta vez a de bronze, ainda com Bruno Prada. Depois disso não pôde mais correr no Star, porque o barco foi retirado do programa olímpico.

Nunca é demais conhecer a história inicial do grande velejador que, agora no Rio de Janeiro, vai tentar o tri olímpico, feito jamais realizado por qualquer brasileiro e, também, pouco comum no mundo, pois é difícil para um competidor suportar o desgaste de 12 anos, porque a competição é disputada a cada quatro anos. Lembro que Scheidt começou a conhecer ás águas quando tinha cinco anos de idade, competindo na Classe Optimist, reservada às crianças. Aos nove anos ganhou o seu próprio barco, começando dali sua histórica campanha na vela, não apenas no país, mas no mundo todo, pois foi várias campeão em mundiais, nestes, campeão por oito anos e, em vários pan-americanos.

Insisto em dizer que o Brasil é um bom celeiro para quem tem condição de praticar o iatismo. A dificuldade para a propagação da modalidade está no fato de ser um esporte caro, constituindo assim na maior defasagem para a sua prática. A maioria dos iatistas goza de boa condição econômica e pode se dedicar por inteiro, respondendo pelas despesas decorrentes na manutenção dos barcos nas garagens dos clubes. Fora a esta dificuldade econômica o Brasil poderia fazer anualmente muitos campeões mundiais, em razão da fartura de mares, rios e lagoas existentes em todo território nacional. Mesmo assim, o Brasil ocupa vanguarda no mundo, sendo reconhecido pelos feitos do próprio Scheidt e Torben Grael, outro bicampeão.

Rodrigo Pessoa (XIII)

O esporte do Brasil mudou sua passagem em branco nos Jogos de Sidney, em 2000, onde ficou com 14 medalhas entre prata e bronze, sem nenhuma de ouro, reabilitando-se nos Jogos seguintes, de Atenas, com o pódio de cinco de ouro, uma inclusive do cavaleiro Rodrigo Pessoa, no hipismo, primeira e única desse esporte no histórico olímpico do país.

Rodrigo Pessoa nasceu na França, no dia 29 de novembro de 1972, mas, aos 18 anos, optou pela cidadania brasileira, apesar de nunca morado em terras brasileiras. O seu aparecimento no hipismo se deu quando tinha apenas cinco anos. Aos nove, participou de uma competição na Inglaterra, na Classe Pôney, onde ganhou experiência para futuras jornadas.

Com 12 anos Rodrigo se mudou para a Bélgica, mantendo seu ritmo de treinamento, tendo conquistado vários outros títulos na cidade de Malines. Como cidadão brasileiro integrou a delegação que competiu em Mar Del Plata, na Argentina, competição que deu à equipe brasileira a medalha de ouro no conjunto. Foi também medalhas de bronze nos Jogos de Atlanta, em 1996. Na relação de medalhas de bronze, em Sidney, consta também uma equipe que contou com a participação de Rodrigo.

Com esse cartel privilegiado, para continuar na seleção brasileira era questão obrigatória. E foi o que aconteceu, nos Jogos de Atenas, quando ganhou o cobiçado ouro. Ao final da prova a classificação de Rodrigo era à prata. Aconteceu, porém, que o vencedor individual da prova de salto, acabou desclassificado por dopping, o que privilegiou o brasileiro com o pódio mais alto.

O hipismo é esporte praticamente reservado a participante de poder financeiro elevado, pela natureza do esporte, que não depende só do praticante, mas, sobretudo, de recursos para manter os conjuntos em alto nível. No Rio der Janeiro existe o Clube Hípico, que mantém o calendário da entidade controladora em permanente atividade. Lá, foi o berço de grandes cavaleiros, como o da família Pessoa, de onde veio Nelson Pessoa Filho, que não fez parte das equipes olímpicas, mas com destaque para outros nomes, como Luís Felipe Azevedo e Doda, medalha de prata em Sidney. Na sequencia dessa série vamos falar novamente da vela , depois, do voleibol de quadras e praia, grandes campeões, coroando a participação brasileira.Das 10 medalhas dos atletas brasileiros em Sidney, a metade foi ouro.

Jacqueline Pires-Sandra Pires (XII)

O voleibol, a vela e o judô ganharam exatamente a metade das medalhas do esporte brasileiro em Jogos Olímpicos, contribuindo, juntos, com 54 pódios, no total de 108, de toda a história do país.

Mais uma vez, vamos focalizar o voleibol com as campeãs olímpicas da disputa das arenas montadas nas praias de Atlanta, em 1996, e as duas personagens são Jacqueline Silva e Sandra Pires, responsáveis pela primeira medalha entre as mulheres no esporte nacional. Jacqueline é carioca, nascida no Rio de Janeiro, em 13 de fevereiro de 1962. Aos 9 anos foi atraída às quadras pelo treinador Enio Figueiredo, mostrando o talento e vontade de se tornar campeã.

Aos 10 anos filiou-se ao Flamengo e, com rápida ascensão, foi convocada para a seleção adulta, mas não tinha ainda nível, foi cortada. Sua primeira aparição pública se deu em Porto Rico, no Pan-Americano de 1979.

De personalidade forte, acabou atritando com os dirigentes da Confederação, motivo que a levou a ir morar nos Estados Unidos, onde ficou por oito anos. Por orientação de seu treinador, aceitou a voltar ao Brasil, já de olho nos Jogos de Atlanta. Na época passou a treinar com Sandra Pires, que já praticava o voleibol de praia com grande sucesso. Predestinadas e com o objetivo na medalha, as duas deixaram a Vila Olímpica, alugando uma casa, onde podiam ter livre acesso para os treinamentos.

Com perfeito entrosamento, baseado em longo período de treinamento, Jackie e Sandra atingiram a grande final dos Jogos, derrotando outra dupla brasileira, formada por Mônica e Adriana, pelo placar de 12 a 11 e 12 a 6. A partir daquela campanha maravilhosa em 96, o voleibol, tanto nas areias como nas quadras, passou a ser notado no mundo inteiro, como provam os sucessivos títulos internacionais, fruto do trabalho que já destacamos orientado pela Confederação, criando centros para o desenvolvimento científico da modalidade.

A companheira de Jackie, Sandra Pires, além da medalha nos Estados Unidos, reinou durante muito tempo nas quadras e nas praias, conquistando o título de Rainha das Quadras, por sua tríplice vitórias nos anos de 1999, 2000 e 2001. Aos 36 deixou o voleibol, o mesmo acontecendo com Jackie depois de ser responsável pela comissão técnica das seleções Sub-19 e Sub-20, da CBV.