Ulisses Laurindo

Torben Grael/Marcelo Ferreira (XI)

Os personagens da série medalhas de ouro do Brasil são, novamente, os da vela, e nomes que, daqui para frente, vão ocupar novos espaços por suas múltiplas conquistas no campo olímpico desse esporte. São eles Torben Grael e Marcelo Ferreira, campeões nos Jogos de Atlanta, EUA, em 1996, ano em que o Brasil ganhou 14 medalhas, quase recordes de pódios na história brasileira. Torben Grael e sua Classe Star não serão vistos nos Jogos do Rio, em razão da retirada da modalidade a partir de 2008. Mas voltarei a falar da dupla vitoriosa no Star nas próximas edições.

Torben é o líder dos velejadores brasileiros em número de conquistas de medalhas, no total de cinco, sendo duas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Logo a seguir vem o conhecido Robert Scheidt, com quatro também com duas de ouro. Torben Grael nasceu em São Paulo, no dia 22 de junho de 60, mas Lago para Brasília, acompanhando o pai que era militar e, aos sete anos, ganhou um barco do avô, começando a velejar no Lago Paranoá.

Quando chegou a época do vestibular mudou-se para Niterói, onde moram seus tios Axel e Erik Schmidt, nomes de relevo na vela nacional por suas vitórias em Pan-Americanos e mundiais. Foi a época em que formou dupla com Marcelo Ferreira e, após sucessivas vitórias em competições nacionais e internacionais, miraram, como plano maior, os treinamentos para os Jogos de Atlanta, onde foram premiados com o primeiro ouro em sua carreira olímpica. Vivendo do mar e para o mar, Torben também tem, no seu histórico, regatas oceânicas, com barco maiores e próprios para grandes desafios em alto mar. Vivendo numa família eminentemente do mar Torben é irmão de Lars Grael, também velejador medalha de bronze em Atlanta, navegando pela Classe Tornado.

Marcelo Ferreira nasceu em Niterói, cidade banhada pela Baia de Guanabara, palco dos primeiros passos do futuro campeão olímpico. Depois de passar pelas classes optimist e pinguim, aos 18 anos filiou-se a um clube para dar amplitude ao desejo de ser um dia campeão. Nesse período, ele ficava no cais esperando que alguém o convidasse para trabalhar durante a sessão de treinamento. Aprendeu bastante e deu adeus à carreira universitária, preferindo morar nos Estados Unidos, onde se empregou numa loja venda de barcos, o objetivo maior de sua vida. Inquieto e sempre visando à vela, mudou-se para a Itália, país onde foi trabalhou como diretor de um estaleiro, especialista na construção de barco. Regressou ao Brasil e, com o Torben pegaram firme nos treinamentos para Atlanta, de onde trouxeram a medalha de ouro do Star. O voleibol será visto na próxima edição, com o feito das praias.

Robert Scheidt (X)

O currículo da farta proeza da Vela para uns e, Iatismo, para outros, que tem pouca margem de diferença para influir na beleza da modalidade, e também da sua grandeza, toda ela posta a serviço do Brasil. A bola da vez de hoje é o veleiro (iatista) Robert Scheidt, paulista de nascimento, desde do dia 24 de abril de 1973. O seu encontro com as águas seu deu aos cinco anos, pilotando o pequenino barco da classe Optimist, próprio para crianças. A primeira vitória do futuro campeão aconteceu aos nove anos, ainda dirigindo um Optimist. Foi na Represa de Guarapiranga, defendendo o Iate Clube Santo Amaro.

Na carreira de Scheidt houve a presença de outros esportes, atletismo, natação, futebol e esgrima, deixados de lado pela vela. Ainda fazendo sempre presença nas águas, Scheidt participou do primeiro mundial universitário, iniciando, a partir daí, a vitoriosa ascensão, tendo, na época, como domicilio, a Europa, onde se especializou, desta vez, competindo na Classe Laser. O aparecimento internacional começou em 1995, quando ganhou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, em Mar del Plata, na Argentina.

Em 1996, em Atlanta, Scheidt, com à experiência adquirida no ano anterior, chegou a sua primeira medalha de ouro, na Classe Laser, deixando para trás o bambas dos Estados Unidos. Na verdade, a vida de Robert Scheidt foi de vento em poupa, conquistando os pódios mais altos em todos os mundiais disputados no período. A verticalidade na vela o levou a formar, com Bruno Prada, a dupla na Classe Star, barco no qual conquistou a medalha de prata, nos Jogos de Pequim, 2008 e à de bronze, em Londres, 2012, e nova medalha de prata No Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, quando se sagrou tricampeão, da Classe Laser. Voltarei falar de sua brilhante vida no mar, registrando o bicampeonato olímpico em 2004, em Atenas. Com esse laurel todo, Scheidt foi considerado pela Federação Internacional como o melhor velejador do mundo em 2001 e 2004. Para os Jogos do Rio está treinando ativamente para conquistar o título de tricampeão olímpico, privilégio de poucos competidores em qualquer modalidade. Formado em Administração de Empresas, divide seu tempo, entre o profissional e o esporte.

Falar de vela no Brasil pode se utilizar de muitos meios, porque o país oferece boas condições para a prática. A começar pela vastidão da costa marítima brasileira, dando chance a qualquer jovem a entrar na vida de velejador. Há, porém, pequena desvantagem, que é o acesso à sua prática, inacessível para a maioria dos interessados. Além da capacidade de ter os instrumentos próprios, juntam-se, também, a guarda em relação à manutenção nas garagens dos clubes especialistas em vela. Mas, mesmo assim, o Brasil tem grande elite na área que oferece ao país o privilégio de ser presença no mundo.

Voleibol masculino (IX)

Dividindo com o futebol a liderança na preferência dos desportistas brasileiros, o voleibol, masculino, feminino e de praia têm a primazia de ser a modalidade olímpica brasileira líder na conquista de medalhas, somando, a partir de 1984, Los Angeles, 20 pódios, entre ouro, prata e bronze. Depois dos Jogos de 1984, a seleção masculina de voleibol começou a se mostrar para o mundo, obtendo a prata, deixando para trás os ganhadores de sempre, Japão, União Soviética, Polônia, Estados Unidos. Foi a primeira medalha de ouro em esportes coletivos.

Antes de mais nada convém lembrar os nomes dos medalhistas de Barcelona, que foram dirigidos pelo herói da equipe feminina, o bicampeão José Roberto Guimarães. São eles: Amauri, Pampa, Tande, Carlão, Douglas, Giovane, Janelson, Jorge Edson, Marcelo Negrão, Maurício, Paulão e Talmo. A partir dessa vitória heroica o voleibol brasileiro nunca mais deixou de frequentar as manchetes mundiais, em razão de seus feitos, não apenas no adulto masculino, feminino e de praia, como, também, nas categorias mais jovens, ganhando quase todos os mundiais que disputava. As vitórias conquistadas motivaram a CBV a investir maciçamente no planejamento, por entender que era o caminho ideal para o prestígio da modalidade no Brasil e no mundo.

O voleibol tem grande vantagem em relação a algumas outras modalidades, por ser disputado em ambiente fechados de ginásios, oferecendo boas condições para ser levado ao público, através, principalmente dos assistentes de televisão, diferente de outras disputas, como remo, atletismo, hipismo, em campo aberto.. .

A seu favor, o voleibol tem ainda a vantagem de ser de movimento elegante, com muita plástica, bom motivo para agradar ao público que, simbolicamente, anima aos grupos empresariais a investirem nas promoções.

Os resultados hoje colhidos pelo voleibol brasileiro resultam do trabalho de planejamento na formação da base para sustentar a pirâmide, no caso de progresso. Foi o que fez a Confederação Brasileira de Voleibol que criou polos de desenvolvimento, onde a prática obedecia a orientação técnica cientifica.

Ao longo da série que estou apresentando no DIARIO, muito ainda os leitores tomarão conhecimento de outras façanhas desse esporte, criado pelo norte-americano William George Morgan, com aplicação inicial nas Associações Cristãs de Moços. O maior desenvolvimento se deu na Faculdade de Springfield, em 1891. A programação das areias das praias passou de apenas esporádica para se firmar com prioridade. No Rio de Janeiro, estado cercado de excelentes conjuntos de praias, como Leblon, Copacabana e a grande extensão da Barra da Tijuca, foi toque inicial para o aparecimento de grandes campeões, nas areias e nas quadras. A seguir, voltarei a focalizar o voleibol e a vela.

Rogério Sampaio (VIII)

Os efeitos positivos do judô como modalidade olímpica foram mostrados conquista do primeiro ouro para o Brasil, com Aurélio Miguel, meio pesado, 95 quilos, em Seul, em 1988. Hoje, o nosso herói é Rogério Sampaio, campeão olímpico, em Barcelona, em 1992, com apenas 24 anos pulverizando bambas europeus, da sua categoria de meio leve, 65 quilos, como a luta final, contra o campeão húngaro Josef Csak. A história de Rogério no judô é cheia de lances tenazes e heroicos.

Na infância era um menino agitado e, por orientação medica, foi recomendada a prática do judô. Aí ele se encontrou, e os problemas de agitação desapareceram, tornando-se um exemplar aluno. Para controlar seu ímpeto, solicitou do pai que construísse no quintal da casa uma imagem semelhante a um adversário para extravasar toda sua força.

Depois de atritar com a Confederação, como vimos em relação Aurélio Miguel, insatisfeito com a direção da entidade, Rogério também foi atingido, ficando, em consequência, dois anos e meio sem lutar, mas treinando normalmente. Rogério disputou a vaga dos pesos leves, com seu irmão, Ricardo Sampaio Cardoso, para Seul, em 1988.

Não possuindo cartel para impressionar os adversários, Rogério Sampaio chegou na cidade de Barcelona como um ilustre desconhecido e com luta pessoal muito grande, ou seja, a de controlar o peso, pois em disputas de artes marciais, a balança é importante. A sua categoria, na época era meio leve (65 quilos). Para não ultrapassar o peso na hora da pesagem, Rogério, três dias antes, se alimentou apenas de quatro pêssegos e três sorvetes. Deu resultado, pois nas diversas lutas até chegar à final combateu durantes 17 minutos, fato inédito nesse tipo de programa. A vitória produziu no judoca a sensação esperada. Faltavam 15 minutos para dez horas da noite de sábado 01 de agosto, quando ele desabou no tatame, levado por grande emoção.

A vida de Rogério Carneiro seguiu ativamente no judô, porém, atuando mais na área administrativa, porque, devido a lesões,encerrou a carreira em 1998, seis anos depois do glorioso título em Barcelona. Hoje se dedica ao ensino e desenvolvimento do judô na formação de novos praticantes na Associação de Judô que leva seu nome, em Santos. Também é coordenador geral de esportes de alto rendimento do Centro Olímpico de treinamento e pesquisa do município de São Paulo. Sua experiência e talento, o levou comentar o esporte na Tv, o que poderá ser repetido agora nos XXX Jogos, de agosto, no Rio de Janeiro.

As mesmas referências que fiz ao abordar a vida de Aurélio Miguel, quanto à formação dos jovens sobre na educação integral, repito hoje que é um esporte valioso, com a dupla função, a de chegar à glória e se defender quando for preciso.

Joaquim Carvalho Cruz

A primeira de ouro na história do Brasil nos Jogos Olímpicos, em prova de corridas, veio pelo feito do atleta Joaquim Carvalho Cruz, nos 800 metros, em Los Angeles, em 1984, competição que foi marcada pela ausência da União Soviética, respondendo aos Estados Unidos ausentes, em 1980. Joaquim Cruz nasceu em Taguatinga, sexto filho de uma família que migrou do Piauí para Brasília. Na escola do SESI gostava de basquete e chamou a atenção de um professor da Universidade George Washington, que lhe ofereceu um par de tênis e o convite de que seria bem recebido nos Estados Unidos quando concluísse o ensino médio no Brasil.

Com grande aptidão esportiva, logo ingressou numa equipe para os jogos estudantis do Distrito Federal, onde correu a prova de 1.500 metros, com o tempo razoável para um iniciante. A sua vida no atletismo estava iniciada e com brilhantismo. A sua meta era deixar Brasília e ganhar o mundo. Isso aconteceu com sua ida para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Universidade Gama Filho, onde ganhou destaque nas competições nacionais, como Troféu Brasil e Campeonatos Brasileiros.

Em 1981 aceitou o convite do professor norte-americano, embarcando para os Estados Unidos, indo morar em Eugene e, depois, para a Universidade de Oregon. Integrado na equipe foi ao Mundial de Helsinque, obtendo a medalha de bronze nos l.500. Bem treinado, para chegar a Los Angeles, em 1984, foi um pulo e lá conquistou a primeira medalha de ouro para o atletismo de pista do Brasil, com o tempo de 1m43s, bem próximo do recorde olímpico.

Durante os Jogos Los Angeles, 1984, não era tão conhecido como seu adversário, inglês Sebastian Coe. Sem grande retrospecto na prova, pelo menos em nível olímpico, ninguém esperava a façanha do atleta brasileiro. Sua vitória não deixou dúvida, deixando para trás Coe, até então considerado o grande favorito.

Em 1995, Joaquim ainda estava presente nas pistas, ganhando a medalha de ouro nos 1.500, nos Jogos Pan-Americanos de Mar Del Plata, na Argentina.

Nos Jogos de Atlanta, em 1996, não conseguiu vaga na equipe, mas fez parte da equipe brasileira conduzindo pavilhão nacional na abertura. A despedida das pistas se deu em 1997, durante a disputa do Troféu Brasil. Hoje vive em San Diego, onde ocupa o cargo de treinador da equipe paraolímpica dos Estados Unidos e é responsável pela manutenção de projetos sociais esportivos e do Programa Rumo ao pódio Olímpico, sediado em Brasília.

Com a autoridade de campeão olímpico e vivendo no centro mais adiantado do atletismo do mundo, Joaquim Cruz faz crítica ao desinteresse pela propagação do atletismo em âmbito nacional, por concluir que o país tem valores que, explorados, estariam na dianteira desse esporte no mundo

Aurélio Miguel (VII)

O judô é a modalidade brasileira que tem 18 medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos, inclusive três de ouro, com Aurélio Miguel, Rogério Sampaio e Sara Menezes. O protagonista da série de campeões olímpico que estou apresentando é o meio pesado Aurélio Miguel, autor da primeira medalha de ouro nos Jogos de Seul, em 1988. Aurélio é filho de pais espanhóis, e começou a viver sua vida no judô aos quatro anos de idade. Nascido em São Paulo, no dia 10 de março de 1964, aos oito anos ganhou seu primeiro título, na categoria pré-mirim no torneio Budokan.

A carreira internacional começou na Finlândia, no Mundial Universitário, prosseguindo em 1982, com mais dois títulos: Mundial Junior, na Costa Rica e, em Caracas, nos Jogos Pan-Americanos, em Caracas. Judoca polêmico, se desentendeu com o presidente Confederação, na época, Joaquim Mamede, com pequeno desajuste na carreira. Vencendo as divergências, Aurélio brilhou nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, em 1987, chegando ao ouro. A grande conquista do judoca aconteceu em Seul, nos Jogos de 1988, quando levou o Brasil a ganhar a primeira medalha de ouro na modalidade.

A briga com o então presidente da CBJ, pouco retardou sua projeção e, como consequências, não participou de um campeonato mundial, decisão que abalou o meio da modalidade, havendo boicote por parte de vários outros judocas. Apesar do atrito com a cúpula do esporte, continuou treinando e, ainda, conseguiu medalhas nos campeonatos mundiais de 1993 e 1997. Em 1996, ainda estava brilhando como atesta a medalha de bronze nos jogos de Atlanta, Estados Unidos, em 1996. Uma lesão no joelho, o privou de participar dos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, encerrando a carreira um ano depois.

Como reconhecimento ao judoca vitorioso, a Comitê Olímpico Brasileiro deu-lhe o privilégio de conduzir a Bandeira Nacional na abertura nos Jogos de Barcelona, em 1992. Aurélio Miguel deixou de lutar em 2001. Em 2004 foi eleito Vereador, em São Paulo, momento em que trabalhou para incentivar o judô em todas as áreas da cidade, principalmente nas escolas.

Parte do programa das artes marcais, o judô foi criado em 1882, por Jigoro Kano, propagando-se como atividade esportiva, mas, basicamente, como defesa pessoal. Por isso. a proliferação de academias que mantém turmas, em parte por puro lazer e, também, como competição esportiva. Como arte marcial, o preparo maior da prática do judô é a disciplina que impõe ao praticante, que sabe, no caso de confronto com adversário despreparado, jamais usa da sua força e da técnica para levar vantagem. No Brasil inteiro existem centros próprios para desenvolver suas qualidades, que visam, em primeiro lugar, educar com disciplina.

Eduardo Penido – Marcos Soares (V)

No universo de uma programação com mais de 32 modalidades, nesses 96 anos de olimpismo, o Brasil só em 10 esportes conseguiu chegar ao ouro, alguns como o atletismo, a vela e voleibol masculino, feminino e de praia, em mais de uma vez.

A partir da década de 90 é que o país, com diversas leis de incentivo ao esporte, deram condições aos atletas para fazer presença nos Jogos Olímpicos, que sempre foram comandados pelos Estados Unidos e a então União Soviética que, juntos, possuem quase a metade das conquistas de outros países: Estados Unidos 2mil 402, pódios, sendo 979 de ouro. A União tem 1 mil 10.

Por isso, não há de que estranhar que até esta quinta reportagem, apenas três esportes tenham figurados entre os medalhistas , Paraense, (tiro), Adhemar (atletismo), Alex e Lars, (vela) e, hoje, mais uma vez, vamos falar sobre vela, desta vela com os campeões em Moscou, em 1980, na Classe Star.
Eduardo Henrique Gomes Penido, nasceu o Rio de Janeiro. Sendo filho de oficial da Marinha, começou a velejar com 10 anos, pilotando as Classes Pinguim e Optimist, barcos pequenos com facilidade para conduzir.

Durante a lida no iatismo, juntou-se na vela a Marcos Soares e, com 20 anos, ganhou o ouro. Depois de Moscou competiu por mais um ano, abandonando em seguida. Formado em engenharia ainda mantém o gosto pela vela sendo coordenador técnico da equipe olímpica da Confederação.

O companheiro de Penido, Marcos Soares se tornou campeão olímpico com apenas 19 anos, título que conquistou na Classe Star, na cidade de Talin, na última regata, surpreendendo os favoritos, soviéticos, americanos e noruegueses.

Igualmente ao companheiro Penido ele começou também na Classe Pinguim, onde chegou a campeão. brasileiro, mostrando a qualidade para, mas tarde, colocar a medalha de ouro no peito.

As cidades que compõem o complexo do Rio de Janeiro são boas para a prática de competição de vela, por onde surgem bons campeões. A Baia de Guanabara, hoje mais poluída do que nunca é sempre o local onde todas as semanas o Iate Clube do Rio de Janeiro promove competição nas variadas classes. Ainda tem a Lagoa Rodrigo de Freitas e Marina da Glória, igualmente propícias às regatas. Fora da capital, tem Búzios, em Cabo Frio, verdadeiro recanto para a prática da vela, além de oferecer condições de lazer para a multidão que o visita.

A vela não pára por aí com suas vitórias. Falaremos ainda de Torben Grael e Robert Scheidt, campeões autênticos não só no Brasil, mas no mundo, principalmente em Jogos Olímpicos, onde são recordistas.

Alex Welter-Lars Björkström (IV)

Com 21 participações em Jogos Olímpicos, desde 1920, o esporte brasileiro conquistou 108 medalhas, e a vela contribuiu com 17 delas, inclusive à de ouro conquistada pela dupla de velejadores Alex Welter e Lars Björsktröm, na Classe Tornado, que hoje não mais faz parte do programa olímpico, desde 2008, em Pequim.

A dupla campeã é formada em engenharia e se juntou 1976 no Iate Clube Santo Amaro, em competição eliminatória conquistando a segunda colocação e o direito de participar do Campeonato Mundial, daquele ano na Austrália. Welter que é descendente de alemães, foi morar e estudar na Alemanha, aonde aproveitou para ter acesso aos barcos de competições e à tecnologia.

Lar Björkström é sueco de nascimento e se naturalizou para ter condição de competir pelo Brasil. Por influencia de um parente começou a velejar aos 12 anos. Formado em engenharia civil, em 1971 veio, para a América do Sul e, em São Paulo, conheceu a Represa de Guarapiranga e daí começou sua trajetória vitoriosa na vela.Em 1975, já em companhia de Alex Welter o barco conseguiu a classificação para a competição pré-olímpica de Talin, onde foram realizadas as regatas dos Jogos de Moscou, em 1980. A dupla velejou até 1984, quando se dedicou à vida profissional.

A Classe Tornado foi olímpica de 1976, em Montreal, até 2008, em Pequim. A proibição na programação decorreu por ser um barco multicascos, com grande velocidade.A medalha de ouro veio para a estatística brasileira 24 anos depois da medalha de Adhemar Ferreira, em 1956, em Melbourne, com defasagem menor do que o espaço entre Paraense, 1920 e 1952.

A partir dos Jogos de Moscou, o esporte olímpico brasileiro ganhou outra dimensão e, cada evento, os atletas foram melhorando suas performances, aumentando o número de medalhas para o país.

O iatismo brasileiro sempre esteve presente no Brasil dentro e fora dos Jogos Olímpicos. O histórico dessa modalidade é cheia de grandes vitórias, principalmente em campeonatos sul-americanos e mesmo mundiais. Sendo o Brasil banhado pelo Oceano Atlântico nas suas principais capitais, o número de campeões, comparado com a facilidade para a pratica da modalidade é pequena, tendo, porém, forte dependência em relação aos seus praticantes, por ser um esporte caro, praticamente permitido em que tem recursos para dispor de barcos e tempo necessário para os treinamentos exaustivos.

Esta série ainda falar de Robert Scheidt e sua vitoriosa participação nos diversos eventos mundiais. Mas, por certo, nesses Jogos do Rio de Janeiro, ele vai ocupar lugar destacado, contribuindo assim para aumentar o número de medalhas no currículo da vela, que está atrás do voleibol de quadra e praia e do judô, outra modalidade que poderá aumentar na disputa do Rio de Janeiro. A seguir, a série prossegue com outra dupla do iatismo, Eduardo Penido e Marcos Soares, heróis da vela, também em Moscou.

Adhemar Ferreira da Silva (III)

Parte da vida do atleta Adhemar Ferreira da Silva foi dissecada no triunfante do primeiro título olímpico do salto triplo nos Jogos de 1952, em Helsinque, Finlândia, quando, numa tarde superou quatro recordes mundiais e garantir a medalha de ouro. Hoje, a história de Adhemar prossegue com mais um título olímpico, desta vez, em Melbourne, Austrália, vitorioso no triplo com 16m35, abaixo de recorde de seu 16m56. Mais uma vez o mundo se curvou para o brasileiro com o bi olímpico, numa modalidade pouco conhecida no programa atlético.

Possuindo a força e a técnica de quatro anos antes, Adhemar confirmou se favoritismo, apesar de uma história pouco revelada, mas que trouxe apreensão na delegação brasileira como ameaça à conquista da segunda medalha de ouro. Três dias antes da prova, Adhemar apareceu com um terrível dor dente, levando os adversários já o considerarem carta fora do baralho. Tinha 29 anos e se recuperou deixando para trás 31 saltadores, dando ao Brasil o bi olímpico.

A participação de Adhemar, além de importante para o esporte nacional, com suas vitórias, valeu para impulsionar a prova do salto triplo, que fez história no mundo, com João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, recordista mundial no Pan-Americano do México, em 1975, e a medalha de prata de Nelson Prudêncio nos Jogos do México, em 1968. Ele é hoje o único atleta brasileiro no Hall da Fama, da Federação Internacional de Atletismo.

A vida de Adhemar Ferreira da Silva, nascido no bairro de Casa Verde, em São Paulo, no dia 29 de setembro de 1927,foi vitoriosa não apenas no esporte. Filho único, Adhemar cuidou da vida profissional com acerto e se tornou bacharel em Artes Plásticas, Professor de Educação Física, Advogado, Relações Públicas e Jornalistas. Com essa bagagem, foi Adido Cultural, em Lagos, Nigéria, de ‘1964 a 1967. Na sua biografia tem o episódio de quando ganhou o primeiro ouro, em Helsinque, O Jornal Gazeta Esportiva, de São Paulo, lhe ofereceu uma casa e, ele prontamente, recusou para não perder a condição de atleta amador.

Depois de Melbourne, Adhemar ainda alimentava esperança de chegar ao tri, nos Jogos de Roma, quatro anos depois. Os Jogos na capital italiana foram realizados de 25 de agosto a 11 de setembro de 1960. Seria uma tarefa dificil, considerando que uma prova desgastante como o triplo, é muito dificil para um atleta se manter em forma física e técnica. Além do mais, dois anos antes da competição, ele adoeceu de tuberculose óssea, mas, com dificuldade, continuou treinando, competindo e ganhando como sempre. Em Roma, porém, não conseguiu acompanhar o ritmo da prova e, após não obter classificação entre os oito finalistas, deixou o estádio sob aplausos de milhares de torcedores.

Com 73 anos, Adhemar faleceu em 12 de setembro de 2001, deixando saudável legado para o atletismo olímpico mundial.

Adhemar Ferreira da Silva (II)

Na história do esporte olímpico talvez não tenha havido um campeão mais badalado pelo público e mídia do que o atleta paulista Adhemar Ferreira da Silva, na prova de salto triplo, campeão nos Jogos de Helsinque, em 1952, quando, numa tarde, melhorou por quatro vezes, o recorde mundial, que já lhe pertencia , estabelecido em 1951, saltando seguidamente diante de um estádio lotado, 16m05, 16m09, 16m12 e , finalmente, 16m22, novo recorde mundial.

A trajetória do saltador aconteceu durante a disputa do Troféu Brasil de Atletismo, na pista improvisada do Fluminense, no bairro das Laranjeiras. Numa pista sem as condições ideais, ele saltou 16m01, superando a marca do japonês Nabu, antes de 16 metros cravados.

Adhemar Ferreira da Silva começou a pratica atletismo com 20 anos e seu primeiro salto foi a marca de 12m90, inicio de uma trajetória que logo atingiu os 15m. Em 1948, esteve em Londres, na reabertura dos Jogos, depois da guerra, mas não conseguiu nada para mostrar seu talento só saltou 14m46. Com uma rotina dura de treinamento em apenas três dias por semana, Adhemar reservava o resto do tempo para estudar o que lhe valeu uma boa posição na vida profissional e, como poliglota, foi adido cultural na Nigéria, país que muito se aproveitou dos ensinamentos que ele tinha do esporte e, em especial, das provas de saltos.

A vida de Adhemar continuou intensa no atletismo participando de inúmeras seleções brasileiras nas disputas de Pan-Americanos e sul-americanos. Depois de 1952, como detentor do recorde mundial estabelecido em Helsinque, Adhemar aumentou a marca de 16m22, para 16m56, nos segundos Jogos Pan-Americanos, na cidade do México, em 1955, resultado que despertava no mundo grande reviravolta, pois a partir daí, vários países começaram a se espelhar no estilo do brasileiro para melhorar os índices dos seus atletas.

A figura de Adhemar despertava enorme atração e por onde passava encantando a todos, pelo prestígio que lhe dava, não apenas marca olímpica e mundial mas , também, pela cultura, resultado do seu enorme esforço. Além do sucesso nas pistas, a versatilidade o levou a ser convidado para estrelar o filme Orfeu do Carnaval, roteiro de Vinicius de Morais, onde

fazia o papel da morte.

A atuação de Adhemar despertou o interesse do Ministério da Educação e Cultura, na época em desenvolver um projeto de salto triplo no país inteiro, tal o prestígio que o atleta levou ao mundo, em razão da maneira nobre como valorizou o esporte. Depois de vários anos competindo pelo São Paulo, onde começou, Adhemar se transferiu para o Vasco da Gama, clube ao qual deu grandes resultados, e hoje é nome bem lembrado no clube de São Januário.