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O Brasil em que vivemos

Mas o lado vitorioso, com a decisão do afastamento da Presidente, não foi tão absoluto com era natural entre perdedores e vencedores. O fatiamento favorecido para a Presidente punida foi a rigor uma derrota, não só para um dos lados, mas para ambos.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

Para qualquer decisão existem sempre dois lados como forma de melhor se apurar a verdade, embora o racional sempre cabe à vitória ao lado que traz melhor benefício à desejada harmonia. O exaustivo processo do impeachment de Dilma Rousseff se norteou pela defesa de pontos contra e a favor. Ao fim, o resultado positivo era esperado por mais de 80% da população, que se sentia aliviada, imaginando dias menos ruins para a vida de cada um.

Mas o lado vitorioso, com a decisão do afastamento da Presidente, não foi tão absoluto com era natural entre perdedores e vencedores. O fatiamento favorecido para a Presidente punida foi a rigor uma derrota, não só para um dos lados, mas para ambos. As decisões de uma Câmara Alta não deve ser cega à lei maior que rege decisões subalternas, como, ao cabo, prevaleceu na decisão. O presidente Ricardo Lewandowski, tão presente no processo do Mensalão, no comando da sessão do impeachment vacilou, permitindo que hoje aquele lado perdedor se julgue no direito de bradar gritos de golpe a partir da permissibilidade do julgamento que definia uma situação instável vivida pela população.

Veem-se agora grupos armados nas ruas pedindo ‘Fora Temer’ escudados no vacilo de um processo que deveria seguir por um caminho e que, não obstante, perdeu o rumo. Os grupos ligados ao PT se fortaleceram com o vacilo final e não vão parar por aí, até conseguirem os objetivos guardados nos tempos de sua liderança.

Imaginava-se que com o afastamento da Presidente o país passaria a viver clima de tranquilidade, e os derrotados aquietados em seus desejos trabalhassem para novas forças da vida social do país, e o desemprego vil, que aumenta a fome e a desigualdade, diminuísse. Ao contrário, interesse ou covardia resultaram no que está engrossando no país a discórdia e a afronta ao Presidente que se senta no trono, acredita-se, tencionalmente, em fazer o melhor. Gritar Fora Temer, no momento atesta que não se quer o bem do país, sentindo-se confortável em viver no meio da corrupção, da recessão e da inflação, mazelas só desejadas por grupos plenamente beneficiados sem interesse em dividir o bolo por todos.

Esconder falsos objetivos, clamando por eleições gerais, é reivindicar o incerto, quando as circunstâncias não permitem tal ação. Sabe-se que os países do primeiro mundo têm em alto grau o sentimento patriótico de seu povo. Essa falha vem desde o tempo escolar, local adequado para incutir em cada cidadão o amor à sua pátria. Por isso, os descaminhos que vivemos.


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