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A delação premiada, criada como  instrumento para esclarecer fatos e  conhecer os culpados, transformou-se em modelo de autodefesa, no qual os autores pilhados em malfeitos soltam a língua, atropelando tudo e todos, comumente sem comprovação, apenas pelo desejo de incriminar.


Ulisses Laurindo
Articulista

Claro que no dia marcado para as eleições o eleitor sai de casa consciente de que está cumprindo seu dever cívico, rejeitando qualquer ideia de manipulação do seu voto. Tempos depois, acaba observando que seu nobre gesto de cidadania foi traído por elites políticas que prometendo tudo em nada melhoram a vida comum de todos e, pior, com malefícios para o país. É o reflexo da atual situação do Brasil que, criminosamente, foi levado ao quase inimaginável caminho da confusão, onde não existem deveres e só direitos.

A delação premiada, criada como instrumento para esclarecer fatos e conhecer os culpados, transformou-se em modelo de autodefesa, no qual os autores pilhados em malfeitos soltam a língua, atropelando tudo e todos, comumente sem comprovação, apenas pelo desejo de incriminar. Transformou-se então no caso que se poderia chamar um saco de gato. Apoiado na sua única verdade diz o quer e o que melhor lhe convém.

A conclusão, porém, é não se saber se são verídicos os fatos denunciados, logo prontamente refutados por quem foi atacado. No fim, onde está a verdade? A deleção de Sérgio Machado, jogando areia na reputação de alguns políticos, sugere ser manobra orquestrada hoje pela oposição para colocar mais lenha numa fogueira que se tenta apagar. Não foge também ao eleitor a forma pressurosa da ação do procurador geral da república, de enviar às instâncias superiores, no caso, ao Supremo Tribunal Federal, que terá que decidir mesmo atropelando o conceito de independência dos poderes.

Fica bem claro que o que se passa hoje é uma luta não de adversários, e sim de inimigos políticos, porque o PT não perdoa nunca a quebra de seu pretenso domínio no país projetado para mais de 20 anos.

Mentes esclarecidas e honestas sabiam que o presidente interino Michel Temer herdaria um trono esvaziado e que suas ações por mais sensatas que fossem teriam como resposta o grito sonoro de não a quaisquer de suas medidas saneadoras e a peja rotunda e inaplicável. A luta no Senado, entre situação e oposição, já deixa no ar a suspeita de que a volta ao governo anterior, antes reprovada por avassaladora maioria, pode ser ainda possível, fazendo temer aqueles que esperavam e ainda esperam um rumo mais condizente com este país grande e benevolente.

Aquele eleitor que saiu de casa para exercer o seu direito de cidadania e agora descobre que foi enganado e, pela ordem natural do processo, o mundo político não aprendeu ou não quer mudar. Não se duvida de que esse tsunami que assola o país no momento, com a maioria de seus políticos prevaricando, levam-nos a acreditar que tem seus dias contados, pois o Brasil, hoje, está na linha de baixa credibilidade, mas já foi o país do futuro e, como diz o jornalista Luiz Melo, “e isso os políticos não veem”.


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