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De problema em problema, o caos

As crianças são as maiores vítimas dos desmandos dos governantes, sofrendo enorme mortalidade.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

Cabe uma pergunta no início deste artigo que diz respeito a todos os brasileiros.

O que dizer de um povo que vive com taxa de 27 milhões de residências sem esgoto, quase metade da população do país?

Pois é esta a nossa realidade!

As crianças são as maiores vítimas dos desmandos dos governantes, sofrendo enorme mortalidade.

Na outra ponta, o país inteiro vive fugindo de epidemias, como a da febre amarela, que assusta o povo com o temível mosquito Aedes Aegypti.

Há tempo a professora Ermínia Maricato, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP, especialista na matéria, disse que “se você não coleta o lixo, não se salvam os cursos d’água das cidades, e o lixo vai direto para lá”.

Nada mais esclarecedora da necessidade de saneamento para garantir a saúde dos ocupantes desses locais. A professora Ermínia foi além e denunciou que a Prefeitura de São Paulo faz dos rios e dos córregos canais de esgoto, e para piorar a engenharia ordenou o tamponamento de córregos com avenidas asfaltadas em cima.
Isso não resolve problema algum. O quadro dramático é este, com abandono das reformas urbanas essenciais para acabar com a desgraça do povo que morre indefeso

Presos
Vimos o desastre do esgoto no país, e não menos deplorável é a situação prisional, com 726 mil 712 presos, número que vem crescendo de ano para ano, como aconteceu em 18 meses, a partir de 2014, quando surgiram 104 mil novos prisioneiros.

A nossa população carcerária é a terceira maior do mundo, atrás, pela ordem, dos Estados Unidos e China, países cujas populações somam muitas vezes a do Brasil.

O brasileiro mais simples sabe bem das causas dessa tragédia. Primeiro, a morosidade no julgamento dos processos, que não são analisados no tempo devido. Isso revolta o apenado que passa ser muito mais marginal de que quando entrou no cárcere.

Além da morosidade no julgamento dos processos tem a superpopulação em cada presídio, motivo para levar o preso ao desconforto e reagir.

Onde cabem cem às vezes tem trezentos, e assim vai nesta proporção absurda. Enquanto o problema existe, mil outras providências são tomadas pela autoridades, nunca para por fim ao problema. Melhor gastar o dinheiro com outras prioridades em proveito pessoal, e deixar o inferno pegar fogo. O Brasil está numa encruzilhada e, até agora, pouco se está fazendo para o sol dar um pouco de seu calor aos brasileiros.

Constituição
Com autoridade de ex Presidente da República, José Sarney em seu artigo ‘Raiz da crise’, edição de 29 de abril passado do Diário do Amapá, retratou o que disse há 30 anos, quando foi proclamada a Constituição Cidadã: “O país vai ficar ingovernável”, e continuou: “primeiro há o receio de que alguns dos seus artigos desencorajem a produção, afastem capitais, sejam adversos à iniciativa privada e terminem por induzir ao ócio e à improdutividade.

Segundo, que outros dispositivos possam transformar o Brasil num país novo, que precisa de trabalho, mas tem uma máquina emperrada e em retrocesso. E que o povo, em vez de enriquecer, venha a empobrecer, e possa regredir,em vez de progredir.

Sarney foi firme em sua crítica à nova Constituição, e disse mais: “A Constituição, sob o ponto de vista econômico, paralisou o país. É híbrida, parlamentarista e presidencialista. Provocou uma desordem nos poderes, que hoje estão se estraçalhando, destruiu os partidos e os políticos. Implantou um populismo anárquico, um niilismo que nos levou à corrupção, que invadiu todos os setores do país. A única coisa que se salva é o capítulo sobre direitos individuais e sociais, redigido por Afonso Arinos. Hoje vivemos o caos, do qual ninguém vê a saída”.
A verdade está aí pra todo mundo nesssa visão de Sarney, em que pese as oposições que possam se insurgir.


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