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Fernando Henrique Cardoso, o esquecido

A benfeitoria para engrandecer o Brasil foi representada pelo Plano Real, que mudou uma inflação de 89% ao mês para outra com patamar de 4,5% ao ano.


Ulisses Laurindo – Jornali­sta
Articulista

Sociólogo de primeira linha enaltecido no país e, até no exterior, o brasileiro Fernando Henrique Cardoso se descuidou de patentear sua imagem como professor, homem público, depois de passar brilhantemente pela Presidência da República, com lastro até hoje reverenciado pelas pessoas de bom senso deste maravilhoso país. O sucessor de FHC no governo do Brasil, Lula, usando a estabilidade econômica deixada nos oito anos do governo anterior (1995 a 2002) e, a partir daí, implantando sua política populista com a ideia de esperança para o povo beneficiado em parte, mas sujeito a continuar no mesmo status quo, ou seja, na pobreza, com reduzida possibilidade de atingir melhor qualidade de vida.

A benfeitoria para engrandecer o Brasil foi representada pelo Plano Real, que mudou uma inflação de 89% ao mês para outra com patamar de 4,5% ao ano. Com as finanças controladas e, ainda, a sorte de Lula em contar com as exportações da China, o país passou a viver momentos de sossego, quando o povo ria à toa, por viver cercado de alegria e esperança em relação ao futuro.

Com o país serenado, sem inflação e rico com as exportações da Ásia, o governo se viu com liberdade de criar programas de reformas, como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos e outros, de ajuda, é verdade, para amparar os pobres. E despertou também no Presidente o desejo de ser um estadista conhecido no continente e até no mundo. Foi aí que surgiu a ideia de ajudar vários países, autorizando, com recursos brasileiros, a construção de portos, metrôs, ferrovia, rodovia e outros planos, pois dinheiro não faltava, através do BNDES.

Mas é velha a história que não “há mal que sempre dure nem bem que não se acabe”. Veio a crise mundial, partindo dos Estados Unidos, e o mundo que era um passou a ser outro. Lembram-se da marolinha? Sim e não. A partir daí, o que era maravilha passou a ter um espeto no meio, e a consequência é a crise em que vivemos hoje, que resultou no impeachment de Dilma e o tsunami em cima de Michel Temer.

Mas os bons momentos do governo Lula não foram esquecidos pelos seus seguidores da esquerda, beneficiados e que hoje retribuem o carinho recebido devotando ao líder espantosa manifestação de apoio, às vezes incompreendida. A grande verdade é que a grande paixão que Lula desperta em seus seguidores tem raiz nos índices em favor do Brasil, todos, à exceção do Real, positivo em relação à era FHC

Mas o assunto que quero abordar foi o descaminho trilhado por FHC e seu partido PSDB. Jamais se poderia imaginar que uma sigla da sua importância fosse se misturar com outras de menor significação, cujo objetivo de vida é servir de aluguel. Isolado voluntária ou involuntariamente, FHC é um nome perdido depois de tanto brilho no Sol brasileiro. Não capitanearam a força brutal de um homem, até prova em contrário, sério e com muito para dizer. O PSDB aparece nas pesquisas como força secundária, quando poderia representar algo muito forte. A consequência é que o próprio Fernando Henrique e seu partido esmoreceram em cuidar da herança deixada em bem do Brasil, e hoje podem morrer juntos, cedendo lugar a pessoas nem sempre bem capacitadas para conduzir este país continente, a exemplo do apresentador de televisão Luciano Huck, citado pelo próprio FHC como bom nome para a Presidência da República, deixando de lado nomes de seu partido, como Geraldo Alckmin.


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