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Novo Fernando Collor quer voltar

Assumindo o governo logo após o período militar, Collor herdou o país com inflação galopante. Sucedendo a José Sarney, que ajudou na redemocratização, Collor respirava otimismo para conduzir o Brasil a futuro maravilhoso, segundo análise de analistas da época


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

Na democracia os atos impuros praticado por qualquer agente colocam em perigo o conceito de liberdade, e quando ocorre a revisão final de acordo com ótica democrática o resultado mesmo sendo diferente do anterior ao cabo, prevalece a justiça. Na arena política o redemoinho é descomunal, e onde tudo é possível. Vejam no momento o desejo de Fernando Collor de Melo ao anunciar a pré candidatura à presidência. Com certeza ele ainda guarda na memória a decretação do impeachment em 29 de dezembro de 1992, sob a acusação de desvio de recursos, através de contratos firmados com agencias de publicidade, visando cobrir despesas pessoais, com ajuda do assessor Paulo Cesar Faria.

Assumindo o governo logo após o período militar, Collor herdou o país com inflação galopante. Sucedendo a José Sarney, que ajudou na redemocratização, Collor respirava otimismo para conduzir o Brasil a futuro maravilhoso, segundo análise de analistas da época, com avanço na redução das alíquotas sobre bens importados, além de sensível processo de desregulamentação da economia nacional, assim como a abertura do mercado financeiro ao capital estrangeiro.

Mas a juventude na época, com 42 anos, empolgava e o levava para façanhas que o povo desconfiava. Recebendo o país com uma inflação de 80% ao mês, prevalecia no país praticamente, uma jogatina através do Overnight, que sacrificava a poupança do país, premiando os investidores com lucro de 100% em espaço de poucas horas. O impeachment que o afastou da presidência começou no dia 2 de outubro tendo ocorrido 57 dias depois, com votação de 441 votos a favor dos 503 deputados. Punido com a inelegibilidade por oito anos, Collor assinou a renúncia, o primeiro a sofrer o afastamento. Jamais abriu a boca para acusar alguém pela queda.

Hoje, 26 anos depois, Collor anuncia que é candidato a presidência da República. Pergunta-se: mudou para a pior atual geração de brasileiros por culpa do povo, ou por aqueles que derrubaram Collor com a promessa de algo melhor.? Certo é que o eleitores da época pode ainda conservar a visão de que ele se propôs a consertar o país e por fim, acabou sendo abatido.

Quanto os eleitores de agora têm dele uma imagem nova e pode lhe assegurar boa adesão, pois como disse “tenho experiência e isso é valioso em relação aos outros”. Os antigos eleitores vão lembrar o seu grande erro que o levou à guilhotina. O Overnight era o grande movimento do país naqueles dias. Fortunas se multiplicavam da noite para o dia e o país, por certo, não suportaria tanta sangria. A economia se fragilizava, porque o capital era entregue aos especuladores. Os eleitores podem lembrar o gesto imperdoável. Na véspera de sua posse, em discurso na TV, para o país ao lado da Ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, anunciava que os contribuintes nada temessem quanto a política econômica, pois não seria mexida.

Grande tranqüilidade para os ganhadores. Ledo engano. No dia seguinte, o decreto confiscando os valores do programa com a promessa de liberação apenas de R$ 50 reais. Foi duplo o pecado do então confiável presidente: Mentir, absolutamente imperdoável para um magistrado da Nação e, por fim, grave prejuízo aos ricos especuladores que, daquele momento em diante torpedearam sua gestão, culminando no seu afastamento. Convicto de que sua atitude vai encontrar adesão ao seu nome. Collor acredita que ainda tem gente querendo sua volta, mas nunca repetindo falhas como dizer que carros brasileiros “são carroças”.


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