Cidades

Produtor cultural acusa policiais militares de agressão e abuso de poder na ‘Casa Fora do Eixo’

Caso teria ocorrido depois que um oficial da PM, supostamente bêbado, passou a ameaçar pessoas durante um evento no espaço cultural


O produtor cultural Otto Ramos, que é articulador da ‘Casa Fora do Eixo’, um centro de cultura localizado no bairro do Trem, zona sul de Macapá, denunciou na tarde desta quarta-feira (11), no programa ‘O Canto da Amazônia’, na rádio Diário (90.9FM), o que ele classifica como abuso extremo de poder.

Segundo Otto Ramos, na noite do último domingo (8) ocorria um evento denominado ‘Domingo na Casa’, que reúne vários artistas. Por volta de 22h30, uma banda estava se apresentando no palco quando um oficial da Polícia Militar do Amapá (PM-AP), que é vizinho do espaço cultural, teria saído de casa armado com uma pistola nas mãos.

“Testemunhas contaram que ele [policial] estava embriagado. Ele passou a agredir as pessoas verbalmente e derrubou as motos que estavam estacionada em frente a casa. Ele também agrediu uma mulher que tentava impedi-lo de entrar no espaço cultural. Depois, não conformado, ele acionou viaturas da PM. Quando os policiais chegaram, pensamos que o caso seria resolvido, mas para nossa surpresa os policiais passaram a agredir as pessoas que estavam no local. Esses policiais tentaram justificar a invasão dizendo que haviam recebido uma denúncia de perturbação de sossego”, declarou.

O produtor relatou que os policiais passaram mais de uma hora na casa, revistando as pessoas e revirando todos os cômodos do imóvel. “Os policiais disseram que iriam vasculhar a casa atrás de drogas, mas encontraram apenas equipamentos como câmeras e outros materiais de trabalho, como não seria diferente. Somos fomentadores de cultura, apenas isso”, relatou.

Ainda de acordo com o produtor cultural, houve uma ‘agressão gratuita’ dos policiais. “Muitos desses policiais riam, chegando a ironizar, dizendo assim: ‘Chamem o Batman’ (sic). Foi uma demonstração de abuso de poder e humilhação para as cerca de 300 pessoas que participavam do evento”, detalhou.

Ao término da revista, os policiais ainda deram voz de prisão ao produtor. “Fui levado no camburão de uma viatura para o Ciosp do Pacoval. Durante o trajeto, ouvi coisas impublicáveis, ditas por aqueles que deveriam estar nos defendendo. Fui jogado dentro de uma cela como um criminoso. O delegado mandou me chamar assim que chegou à delegacia. Ele [delegado] foi atencioso, me ouviu e fez uma mediação. Para se ter ideia os policiais, ao perceberem a besteira que haviam feito, chegaram a propor aos nossos advogados que tudo ficasse ‘ali mesmo’, como uma forma de abafar o caso. Porém, jamais nos curvaremos diante de uma situação dessas. Somos comprometidos com a cultura e se alguém não conhece direito nosso trabalho, não nos julgue, respeite. Não ferimos ou transgredimos a lei em momento algum. Sempre trabalhamos em nossos eventos respeitando a lei ambiental, operando dentro dos decibéis cabíveis. Foi uma ação isolada de um oficial da PM que desencadeou toda essa situação. Agora, queremos tornar isso público, correr atrás de nossos direitos e dizer ao mesmo tempo à sociedade que jamais devemos nos calar ou intimidar diante de ações arbitrárias e abusivas. O comando da PM tem o dever de apurar essas denúncias e punir com rigor aqueles que cometeram tal barbárie”, desabafou.

Otto Ramos encerrou dizendo que os advogados da Casa Fora do Eixo terão uma reunião com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seccional Amapá, para avaliar o caso e ver que medidas jurídicas serão tomadas contra os policiais que já foram identificados. “O policial que provocou essa situação já foi devidamente identificado. Nossos advogados acharam melhor ainda não tornar o nome público para não atrapalhar o processo, mas assim que possível nós o faremos”, concluiu.


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