Diário no Carnaval

Francisco Lino participa há 70 anos do carnaval amapaense

O sambista, nos autos de seus 89 anos, é autor de vários sambas-enredo e é uma das personalidades vivas que ajudam a contar a história dos 80 anos do Amapá


 

Algumas personalidades ajudaram a escrever as páginas da história do carnaval amapaense, deixando uma marca nas fantasias e alegorias, mais especialmente nos versos que ecoam pelo sambódromo nos dias de desfiles: o samba-enredo. Nesses 80 anos do Amapá, a trajetória do sambista Francisco Lino se confunde com a do carnaval. Aos 89 anos, ele participou da composição de mais de 35 canções escritas para a Boêmios do Laguinho, a agremiação que ajudou a fundar.

 

Neto da parteira Mãe Luzia, que dá nome à maternidade pública do estado, e único fundador da Boêmios vivo, Lino começou a paixão pelo carnaval quando foi morar no bairro que dá nome ao grêmio que ama. Foi entre uma partida e outra de dominó com os vizinhos, que há 70 anos, em 1954, o sambista criou o bloco carnavalesco apelidado de “Bandoleiros da Orgia”.

 

 

“Minha história com o carnaval começou com este bloco. Depois que me casei, fui morar na rua da casa da minha avó. Os vizinhos sempre foram receptivos e todos me trataram como se eu já estivesse lá há muito tempo. Então sempre nos reuníamos para jogar dominó. Foi assim que, em um simples cafézinho da tarde, tomamos essa iniciativa e hoje faço carrego o carnaval na minha vida”, recorda Lino.

 

Sozinho, ele compôs o primeiro samba-enredo da escola, que se popularizou entre os foliões. Das 25 vezes em que a agremiação foi campeã dos desfiles das escolas de samba do Amapá, 20 tiveram a assinatura de Francisco Lino.

 

Os mais famosos são “Ritos e Mitos do Bairro do Laguinho”, de 1963; “Fortaleza, o Atalaia do Norte”, de 1975; e “Que Fim Levaram as Nossas Pedras?”, de 1992, o último antes de se aposentar e que levou a escola de samba a mais um título no carnaval.

 

 

“Ninguém queria escrever o samba-enredo. O pessoal preferia outras coisas, como fantasia ou cuidar da bateria. Como eu já tinha um contato com isso, eu acabei ficando com essa parte e me deram todo o apoio. Abracei essa causa e pesquisei com um professor vários termos regionais. Foi chegar o carnaval que a letra virou chiclete”, lembra o sambista.

 

O carnaval está memória, na história e nas paredes da casa do sambista, que criou um cenário artístico com caricaturas grafitadas de outros personagens do carnaval.

 

Os desfiles das escolas de samba, que, na época, tradicionalmente ocorriam na Avenida FAB, no centro de Macapá, passaram a ser mais organizados com as festas que cresciam cada vez mais. Essa é uma lembrança que se eterniza na memória de Francisco Lino, que nasceu em 1933 e viu a criação do Território Federal do Amapá de perto, além de ser uma figura histórica para o carnaval amapaense.

 


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