Wellington Silva

(1789) A Inconfidência Mineira: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade, ainda que tardia…)

 

A figura histórica de Tiradentes e dos Inconfidentes sempre nos faz refletir a respeito do necessário espírito de luta, os ventos da mudança, ação e reação, a causa e efeito, o caminho, aquilo que é justo e reto!

Narra a memória oral que Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ganhou este nome por ter sido exímio odontólogo em seu tempo. Foi também brilhante engenheiro de obras e apresentou arrojados projetos de engenharia a coroa portuguesa, no Brasil, tendo também sido oficial de cavalaria (Alferes).

Era figura muito popular e bem quista no meio profano!

Vivia Tiradentes em um mundo de grandes revoluções, de transformações culturais e estruturais. Eram os ventos da mudança, sinais e movimentos da democracia muito bem articulados pela Maçonaria a levantar bandeiras e a soprar forte na Europa e na América do Norte.

Sob a Iluminada Trilogia Concebida, a tríade LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE promoveu lutas de classe após enfáticos discursos contra a nobreza e o clero, em defesa dos povos escravizados e colonizados.

 

O AMBIENTE POLÍTICO E MAÇÔNICO DA ÉPOCA

A historiografia registra que em 1.775, na França, palco da Revolução Francesa (1789), já existiam 104 lojas maçônicas, sendo 23 em Paris, 71 no interior, 10 específicas de militares e 45 em organização. Em 1789 o quadro subiu para 614 ou 703 lojas, sendo 65 em Paris, 442 no interior, 38 nas colônias do exterior e 69 militares. Na Inglaterra, sede da Loja Mãe da Maçonaria Universal (1.717), havia 525 lojas, nos Estados Unidos 85 e na Irlanda 227.

Este era o ambiente político encontrado pelos jovens brasileiros que estudaram na França e em Coimbra (Portugal) na década de 1.780 e depois se destacariam na Inconfidência Mineira de 1.785 – 1.789. Foram eles, Domingos Vidal de Barbosa Laje, José Joaquim da Maia, José Mariano Leal da Câmara, José Álvares Maciel, e outros.

 

UM ENCONTRO DECISIVO

O carioca José Joaquim da Maia teria sido enviado por comerciantes liberais, do Rio de Janeiro, para conversar com Thomas Jefferson, embaixador dos Estados Unidos na França. O encontro, ocorrido em 1.787, contou também com a presença do brasileiro Domingos Vidal de Barbosa Laje. Diz a historiografia maçônica que Thomas Jefferson era o sucessor de Benjamin Franklin em seu posto e que este fora, em sua estada na França, o Venerável Mestre de uma Loja Maçônica (Neuf-Souers), a mesma que iniciou Voltaire. O intermediário entre Maia e Jefferson fora o professor José Maria Joaquim Vigarious, de Montpellier, que pertencera às lojas parisienses “ L’Amenité” e “ La Moderation”, período 1.784 a 1.787.

 

O IDEÁRIO

Num tempo em que as classes sociais eram rigorosamente estratificadas, desde o nascimento, e no qual, sobretudo, era reservado a uma só classe – a nobreza – o exercício dos postos de comando do Estado, LIBERDADE significava abolição absoluta da monarquia, poder de suposta origem divina, incontestável por sua própria natureza. IGUALDADE significava a abolição das diferenças de classe dando-se aos cidadãos a oportunidade de regerem seu próprio destino. FRATERNIDADE era o grande objetivo moral e final de uma Nova Ordem.

 

DA PROVÁVEL REUNIÃO INCONFIDENTE DO DIA 26 OU 27 DE DEZEMBRO DE 1.788

As árduas pesquisas feitas pelo historiador Tarquínio Oliveira teorizam que a reunião decisiva da Inconfidência pode ter sido realizada na casa do Tenente Coronel Francisco de Paula Freire de Andrada, em uma madrugada do dia 26 ou 27 de dezembro de 1.788, dia de São João, consagrado desde Cagliostro pela Maçonaria.

A história da Inconfidência Mineira toma sempre por base informações dos historiadores/pesquisadores Joaquim Felício dos Santos, Joaquim Norberto de Souza, Tarquínio Oliveira, Gustavo Barroso, Hércules Pinto, Augusto de Lima Júnior, Tenório Cavalcante de Albuquerque, Tito Lívio Ferreira e Manoel Rodrigues Ferreira.

 

DELAÇÃO E PRISÃO DOS INCONFIDENTES

Delatados por Joaquim Silvério dos Reis e presos em 10 de maio de 1.789, o Movimento Revolucionário/Libertário dos Inconfidentes é abafado!

Torturado e em evidente estado de desespero, o Inconfidente Domingos de Abreu Vieira entrega o nome de diversos companheiros. Alvo de peça sucinta e escrita, arquitetada pela coroa, foi ele que mais entregou militares inconfidentes.

Em seu depoimento, destacamos algumas passagens:

“E que alguns oficiais estavam convidados também: o Tenente Antônio Agostinho disse que o Tiradentes estava falado e que ele respondera que estava tudo pronto, pois também era mazombo. O cabeça de tudo era o Tiradentes, dizendo que ele e o Alvarenga haviam de ser os heróis da função, pois defendiam sua Pátria; que os mazombos tinham valimento e sabiam governar”.

A notícia da prisão dos Inconfidentes, ocorrida no dia 10 de maio de 1.789, chegou a Vila Rica na noite do dia 17 de maio de 1.789, sendo passada a Cláudio Manoel da Costa, Tomás Gonzaga e Diogo Pereira de Vasconcelos, na mesma noite.

 

DÚVIDAS SOBRE A MORTE DE TIRADENTES

O pesquisador Gustavo Barroso comentou que Martins Francisco Ribeiro de Andrada escrevera um livro afirmando que Tiradentes fora substituído no patíbulo por outra pessoa, secretamente, tudo para evidenciar a Dona Maria, a louca, que realmente Tiradentes fora enforcado.

O grande escritor Machado de Assis, em uma de suas crônicas, afirmara que Tiradentes vivera até 1.818, sobrevivendo com uma pensão autorizada por Dom João VI. A histórica crônica teria sido publicada no jornal Gazeta de Notícias, jornal da época. Escrevera o poeta que Joaquim José da Silva Xavier morrera no Rio de Janeiro, onde, desde 1.810, tinha uma loja de barbeiro, dentista e sangrador.

Verdade ou não, o boato continua até hoje entre historiadores, pesquisadores e nos meios maçônicos…

Trabalho apresentado no dia 20 de abril de 1.994 na Loja Maçônica Tiradentes 2599, e revisto e atualizado no dia 20 de abril de 2023.

 

Caminhos a se pensar…

 

Para que o Brasil possa cumprir os 17 compromissos assumidos na Organização das Nações Unidas – ONU, até o prazo determinado, que é o ano de 2030, ele fundamentalmente necessitará vencer seus velhos e históricos problemas econômicos e sociais.

 

De lembrar que em setembro de 2015 as Nações Unidas renovaram seu compromisso com uma agenda global para o desenvolvimento.

 

Existe uma forte tendência mundial de balancear políticas de ajuda de desenvolvimento de um país com benefícios de acesso ao mercado, desde que este país cumpra as exigências definidas pela ONU, quais sejam, de respeito ao direito, apoio ao trabalho sustentável e livre, proteção ao meio ambiente e combate a corrupção, tarefa não muito fácil para países em crise e democracias fragilizadas por atos de corrupção, violência urbana e taxas preocupantes de desemprego.

 

Um grande desafio:

Como o Brasil pretende criar melhorias para a geração de qualidade de vida de uma expressiva população na linha da pobreza e abaixo da linha de pobreza se apresenta nestes últimos anos cenários de taxas oscilantes e crescentes de pessoas que não conseguem acessar o mercado de trabalho?

 

Para pesquisadores e analistas, o programa populista Auxílio Brasil, por exemplo, não passou de um paliativo diante do grave cenário social brasileiro, isto é, a oferta do governo de pequena ajuda financeira, por tempo determinado, sem encarar o problema de frente:

 

O desemprego!

Às nossas crianças pobres não lhes é dada a oportunidade de frequentar a mesma escola de qualidade que crianças pertencentes ao staff de moradores de prédios e residenciais de luxo frequentam.

 

Em nosso país ainda perduram graves dificuldades para a promoção da igualdade social ou justiça social. Trata-se de uma herança cultural atual que o governo Lula tem de encarar de frente, como desafio fundamental.

 

Na visão de muitos analistas a crise econômica, a corrupção, a violência urbana, polarização política e os desastres ambientais são sérios problemas que precisam ser urgentemente vencidos para que o Brasil possa se firmar com respeito no cenário mundial.

 

Mister lembrar que a adesão do Brasil aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) ocorreu em setembro de 2015, em Nova York, durante a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

 

Dentro dos próximos 15 anos os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que são 17 objetivos e 169 metas, devem ser cumpridos por todos os países que adotaram os ODS.

 

Particularmente, nós, brasileiros, temos alguns pontos a comemorar:

 

A nossa matriz energética é considerada muito mais limpa que a de muitos países que ainda apresentam dependência excessiva de combustíveis fósseis.

 

Mas, infelizmente e tristemente, a meta nacional para redução do desmatamento ainda não foi alcançada. E ainda bem que o nosso Estado do Amapá figura como o mais bem preservado do Brasil e um dos mais do mundo. Lamentável é o mundo globalizado não reconhecer o Amapá como uma das regiões mais bem preservadas do planeta, e tudo ficar no “deixa pra lá e pra depois” as ditas e não cumpridas compensações financeiras.

 

Imperativo também mudar a velha política perversa de tributação em cima de salários ao invés de tributar a renda e o patrimônio. Diante deste “andor”, nesta via sacra os pobres são os que mais pagam impostos, demandam mais políticas públicas e não conseguem retorno daquilo que necessitam.

 

 

Nilson Montoril

 

O Professor Nilson Montoril de Araújo nasceu no dia 2 de maio de 1944, no município de Mazagão. É filho de Francisco Torquato de Araújo, pioneiro amapaense e emérito maçom da Grande Loja Maçônica do Amapá, e de Olga Montoril de Araújo. Viveu boa parte de sua infância em Mazagão e depois em comunidade localizada no rio Furo Seco, Ilha de Marajó. Sua infância foi envolta em um rico ambiente cultural de festividades culturais e religiosas, daí surgindo a sua paixão pelos costumes e tradições do povo amazônico.

 

Formado em administração, entre os anos 70, 80 e 90 exerceu com muito zelo e dedicação na Secretaria de Educação e Cultura – SEC a árdua tarefa de planejar e executar o processo de desenvolvimento da educação, da cultura e do desporto amapaense. Integrou por muito tempo a equipe de notáveis planejadores da SEC, quando tudo estava por fazer.

 

Nilson Montoril foi Presidente do Conselho de Educação e Presidente do Conselho de Cultura do Amapá, assim como da Academia Amapaense de Letras. Foi também conselheiro da nossa tradicional Banda, consagrado como o maior bloco carnavalesco da região Norte e um dos maiores e dos mais interessantes e irreverentes do Brasil, e também membro da Academia Amapaense Maçônica de Letras – AAML.

 

Se aposentou como servidor federal, lotado na Universidade Federal do Amapá – Unifap.

 

Atuou em diversos veículos de comunicação e sempre divulgou fatos, mitologia regional, nossas lendas e nossas tradições, contos e “causos”, bem como relatos diversos importantíssimos de nossa história, por muitos desconhecidos.

 

Suas amizades, extremamente duradouras, não são e nunca foram poucas!

 

Dentre elas destaco a com meu saudoso pai, João Lourenço da Silva, Carlos Nilson, Paulo Guerra, Professora Madalena, Professor Tostes, Maria Alves de Sá, Geraldo Leite e Geraldo Magela, por exemplo, um grupo de notáveis, como ele, que sonharam e souberam planejar a nossa educação.

 

Faleceu no dia 28 de março de 2023.

 

Obras publicadas:

2004: A Banda – O Arrastão do Povo

Mar acima, Marabaixo.

 

Antes de nos deixar foi merecidamente aclamado por unanimidade e homenageado como Presidente de Honra da Academia Amapaense de Letras, uma justíssima homenagem a este notável Mestre que com tanta dedicação e zelo sempre teve o cuidado de catalogar e guardar não só o arquivo da Academia como também da memória histórica do Amapá.

 

Ao Mestre, com carinho, nossa eterna reverência, e gratidão!

 

 

A união da bancada federal tucuju

 

A união faz a força, diz o velho adágio popular. Acima das questões político-partidárias, acima de qualquer linha ideológica, obviamente deve prevalecer o bem estar comum do Amapá e no geral do Brasil.

 

Os amapaenses que já estiveram no Congresso Nacional bem sabem das dificuldades que nossa região sempre enfrentou para ser ouvida, sentida, e atendida em suas mais justas reivindicações.

 

Neste início de primeiro semestre do ano de 2023 começa a se formar uma espécie de frente única visando o tão necessário desenvolvimento de nossa região.

 

Quem já viu, conviveu ou ainda convive com o ambiente político em Brasília bem sabe não ser nada fácil aprovar uma emenda parlamentar e prontamente conseguir destinar recursos para seu estado. Lá, no Planalto Central do Brasil, bancada parlamentar é como peso na balança: vale quanto pesa!

 

E quem é que pesa mais na balança na Câmara Federal e no Senado?

 

Bom, por ordem de pesagem, temos os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e mais o restante do eixo pesado da região sudeste.

 

Com uma pequena população de 877.613 mil habitantes (Fonte: IBGE 2021), Clécio Luiz elegeu-se governador do Amapá com 222.168 mil votos. E o Amapá segue classificado como o segundo menor estado quando falamos em população de cada unidade federada.

 

Somente o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, obteve 13.480.643 milhões de votos!

 

Perceberam a gritante diferença numérica do eleitorado paulista para o amapaense?

 

O que nos resta fazer?

A Bancada Nordestina, por exemplo, a cada eleição procura se fortalecer para conseguir aprovar seus pleitos formando uma frente única aos pesos pesados da política nacional.

 

Resta-nos, inicialmente, fortalecermo-nos tecnicamente para seguidamente buscar o fortalecimento geral de toda a bancada do Amapá e da região Norte visando a qualidade de vida do povo amapaense e no geral do povo amazônico. A nosso favor temos o Senador Randolfe Rodrigues, Líder do Governo Lula no Congresso, eleito por diversas vezes como o melhor senador do Brasil, de perfil trabalhista, sempre preocupado com questões sociais e humanitárias, assim como o nosso Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional do Brasil, o ex-governador do Amapá, Waldez Góes, também de perfil trabalhista.

 

Na presidência da Comissão de Constituição e Justiça-CCJ do Congresso Nacional temos o Senador amapaense Davi Alcolumbre, ele que também já atuou como Presidente do Congresso Nacional no período de 2019 a 2021. Na presidência da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara temos o deputado federal amapaense Acácio Favacho e no Senado Federal Lucas Barreto, todos sempre bem representando o Amapá em defesa de pautas emergenciais, principalmente nas áreas de educação e saúde.

 

Se, antes, o grande problema para nossa região era principalmente carência de força política e descaso do poder central, este ano, cremos nós, os cenários podem mudar consideravelmente!

Boto fé!

 

 

Lula, Haddad, o mercado e o povo

 

Todo poder emana do mercado, “power of money”, e em seu nome ele deve ser exercido?

 

Evidentemente que não! E seria até uma aberração pensar assim!

 

Nenhuma Constituição do mundo democrático, jurisprudência, os reais valores jurídicos do mundo livre sequer pensam em tamanho absurdo!

 

Mas, ocorre que o mercado especulador, o lobby plantonista instalado no Brasil, forçosamente quer que assim seja!

 

Então, a gente se pergunta:

 

E o povo?

 

Entre nós e eles, pode parecer que somos apenas um detalhe!

 

Deixa transparecer, também, bem dentro de nós, aquele sentimento ufanista, sonhador, quando relemos na Constituição da República Federativa do Brasil a expressão socrática de que “todo poder emana do povo e em seu nome ele deve ser exercido, através de seus representantes eleitos”.

 

Como a esperança é sempre uma fonte nascente em nossos corações e olhos marejados de esperas e canções, expectativas e ansiedades, rogamos sempre fé nas falas e sentimentos de Luís Inácio Lula da Silva e do ministro Fernando Haddad, justamente quando externam a sua permanente preocupação com o povo, os pés descalços, favelados, desempregados, os esquecidos e desamparados pela sorte, eles que já somam mais de 36 milhões, de acordo com levantamento de pesquisadores.

 

Se, antes, entre 2004 e 2014, mais de 30 milhões de brasileiros deixaram a linha de pobreza (Fonte: IBGE), e, hoje, mais de 36 vivem abaixo da linha de pobreza, é porque algo de muito errado e de muito sério ocorreu nestes últimos anos como notável política de ignorância perante o grave cenário social brasileiro.

 

Se o impostômetro arrecadou trilhões e tantos bilhões, ano passado, e a Petrobrás obteve um fantástico lucro de mais de 106 bilhões em 2021 é porque evidentemente a força da lucratividade tem sido muito forte neste país, a nossa “Pátria Mãe Gentil…”

 

Como bem pensou, disse e escreveu Eça de Queiroz, advogado, jornalista, poeta e grande escritor do realismo português:

 

“Há no mundo uma raça de homens com instintos sagrados e luminosos, com divinas bondades do coração, com uma inteligência serena e lúcida, com dedicações profundas, cheias de amor pelo trabalho e de adoração pelo bem, que sofrem, e se lamentam em vão.

 

Estes homens são o Povo, e são os que nos servem.

 

E o mundo oficial, opulento, soberano, o que faz a estes homens que o vestem, que o alimentam, que o enriquecem, que o defendem, que o servem?

 

Primeiro, despreza-os ao não pensar neles, não vela por eles; trata-os como se tratam os bois; deixa-lhes apenas uma pequena porção dos seus trabalhos dolorosos; não lhes melhora a sorte, cerca-os de obstáculos e de dificuldades; forma em redor uma servidão que os prende e uma miséria que os esmaga; não lhes dá proteção; e, terrível coisa, não os instrui: deixa-lhes morrer a alma”.

 

Eça de Queiroz e o povo

 

“Há no mundo uma raça de homens com instintos sagrados e luminosos, com divinas bondades do coração, com uma inteligência serena e lúcida, com dedicações profundas, cheias de amor pelo trabalho e de adoração pelo bem, que sofrem, e se lamentam em vão.

Estes homens são o Povo.

Estes homens, sob o peso do calor e do sol, transidos pelas chuvas, e pelo frio, descalços, mal nutridos, lavram a terra, revolvem-na, gastam a sua vida, a sua força, para criar o pão, o alimento de todos.

Estes homens são o Povo, e são os que nos alimentam.

Estes homens vivem nas fábricas, pálidos, doentes, sem família, sem doces noites, sem um olhar amigo que os console, sem ter o repouso do corpo e a expansão da alma, e fabricam o linho, o pano, a seda, os estofos.

Estes homens são o Povo, e são os que nos vestem.

Estes homens vivem debaixo das minas, sem o sol e as doçuras consoladoras da Natureza, respirando mal, comendo pouco, sempre na véspera da morte, rotos, sujos, curvados, e extraem o metal, o minério, o cobre, o ferro, e toda a matéria das indústrias.

Estes homens são o Povo, e são os que nos enriquecem.

Estes homens, nos tempos de lutas e de crises, tomam as velhas armas da Pátria e vão, dormindo mal, com marchas terríveis, à neve, à chuva, ao frio, nos calores pesados, combater e morrer longe dos filhos e das mães, sem ventura, esquecidos, para que nós conservemos o nosso descanso opulento.

Estes homens são o Povo, e são os que nos defendem.

Estes homens formam as equipagens dos navios, são lenhadores, guardadores de gado, servos mal retribuídos e desprezados.

Estes homens são o Povo, e são os que nos servem.

E o mundo oficial, opulento, soberano, o que faz a estes homens que o vestem, que o alimentam, que o enriquecem, que o defendem, que o servem?

Primeiro, despreza-os ao não pensar neles, não vela por eles; trata-os como se tratam os bois; deixa-lhes apenas uma pequena porção dos seus trabalhos dolorosos; não lhes melhora a sorte, cerca-os de obstáculos e de dificuldades; forma em redor uma servidão que os prende e uma miséria que os esmaga; não lhes dá proteção; e, terrível coisa, não os instrui: deixa-lhes morrer a alma.

É por isso que os que tem coração e alma, e amam a Justiça, devem lutar e combater pelo Povo.

E ainda que não sejam escutados, tem na amizade dele uma consolação suprema”.

Eça de Queirós, escritor, jornalista, advogado, foi um dos mais importantes escritores do realismo português. É considerado o maior representante da prosa realista da língua portuguesa. Nasceu no dia 25 de novembro de 1845 em Póvoa do Varzim, cidade localizada no norte de Portugal. Foi filho do brasileiro José Maria Teixeira de Queiroz e da portuguesa Carolina Augusta Pereira de Eça. Passou grande parte da infância na cidade de Aveiro, sob os cuidados de sua avó. Depois, foi morar na cidade do Porto, a fim de estudar no Colégio Interno da Lapa, no qual se formou, em 1861. Seguindo os passos de seu pai, foi estudar Direito na Universidade de Coimbra, graduando-se em 1866. Chegou a exercer a profissão de advogado e, mais tarde, de jornalista, na cidade de Lisboa. Tempos depois entra para a carreira política sendo nomeado Administrador do Concelho de Leiria, em 1870); Cônsul de Portugal em Havana (1872); Cônsul de Newcastle e Bristol na Inglaterra (1874); e Cônsul de Portugal em Paris (1888). Em Paris, em 1886, casa-se com Emília de Castro Pamplona Resende, com quem teve quatro filhos: Alberto, Antônio, Maria e José Maria. Faleceu no dia 16 de agosto de 1.900, em Paris, aos 59 anos de idade.

 

 

Alice “joiada”, a rainha da boiada

 

Estamos passando por um karma muito pesado, débitos passados, coisa e tal, tal e coisa, só pode ser isso! Sim porque loucura perde e o céu não é o limite quando procuramos lembrar e comentar sobre as atitudes absurdas de grupos bolsonaristas.

 

A vergonha internacional é tamanha, vexatória, e advém desde o começo da pandemia de covid-19 com as atitudes negacionistas do Capitão Mortalha e seu grupo político, muitos em defesa da maldita imunização de rebanho, sempre contrários ao isolamento social e ao uso de máscaras, normas básicas adotadas por todos os países, emanadas pela Organização Mundial de Saúde, a OMS.

 

Mas, as coisas tristemente e lamentavelmente não pararam só por aí! Houve perseguições contra cientistas, médicos, pesquisadores e contra especialistas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, ao defenderem, urgentemente, na mídia, a vacinação de adolescentes e crianças como forma segura de combater o vírus da covid-19.

 

Outra situação absurda criada foi a adoção do tal Disk-Denúncia contra a obrigatoriedade da vacina, uma aberração de Da – mares para tentar jogar todo mundo num mar de conflito religioso e ideológico contra a lógica da razão da ciência.

 

E depois?

E depois veio a indústria Disneylândia do nazifascismo nas redes sociais onde a pauta ou palavra de ordem bolsonarista era golpe de estado, ou seja, a ruptura total com o estado democrático de direito, a defesa total e irrestrita do controle sobre tudo e sobre todos, justamente, a instalação definitiva do “mito” totalitário no Planalto Central do Brasil. Felizmente, graças ao fortalecimento histórico das instituições democráticas brasileiras, o tal golpe não vingou, e jamais vingará! Vândalos/terroristas foram presos, após identificados, um a um, os que articularam ou praticaram atos de terror e destruição no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e no prédio do Supremo Tribunal Federal, o STF.

 

Não bastasse tudo isso, eis que Madame Alice “Joiada”, a Rainha da Boiada, outrora michelin, hoje micheque$, checklist, checkout, como queiram, envolve internacionalmente a imagem do Brasil, tipo Lucy no Céu Com Diamantes, causando sério constrangimento ao país, e ainda por cima em tons de ironia.

 

E o Brasil, pobre Brasil, ainda envolto em fatos & boatos, ou boatos & fatos!? Cremos que mais fatos do que boatos, “histórias” de muito mal gosto de Madame Alice “Joiada”, a Rainha da Boiada.

 

Então, se Alice no País das Maravilhas é um conto de sonhos e aventura, o da nossa Alice, a Rainha “Joiada” da Boiada, é um fato, mais do que boato, extremamente desagradável para a nação.

 

 

“Memórias” do capitão

 

Em 1.987, o hoje Capitão Cloroquina, Capitão Covid ou Capitão Mortalha, como queiram, não recebeu o seu diploma de formatura da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais – EsAO porque foi acusado e condenado por arquitetar um maluco e absurdo plano de plantar bombas em quartéis do Exército como forma de protesto contra os baixos salários.

 

O processo, aberto no Conselho de Justificação, foi pessoalmente acompanhado pelo Ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves, que desejava o imediato desligamento do réu, da corporação, “por faltar com a verdade”, conforme sua avaliação pessoal constada nos autos.

 

De acordo com a obra intitulada “O cadete e o Capitão”, de autoria do jornalista Luiz Maklouf Carvalho, o capitão golpista conseguiu concluir seus créditos para se formar como oficial de artilharia na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais – EsAO com nota 7,68. Sua notória impulsividade a cometer atos absurdos acabou rolando ladeira abaixo o seu processo de formatura, em 1.987.

 

Na época do julgamento o réu negou veemente – “mente” que tivesse produzido os tais croquis da bomba, conforme publicado na Revista Veja, e ainda por cima ameaçou a jornalista que produziu a reportagem/denúncia.

 

E o resultado da decisão do Superior Tribunal Militar, em 1.987?

 

Bom, neste ano, o réu foi expulso, de acordo com decisão do próprio Tribunal Militar.

 

No dia 28 de novembro de 2018 o “ex-réu” acabara de ser eleito como autoridade máxima da “nação brasilis”, e tomaria posse dentro de um mês. E lá estava ele, de pé, em uma sala da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, terno preto e gravata cinza, não mais como réu, mas como “autoridade máxima”, cercado de aduladores de todos os naipes…

 

E foi neste dia, por “força das circunstâncias” e das “conveniências políticas”, que finalmente o “Capitão” receberia o documento que o consagraria como Capitão do Exército, embora com o agravante da dúvida de suas malucas e absurdas atitudes, arquitetadas em 1.987.

 

 

A necessária ampliação da regulação das plataformas digitais

 

O estado contínuo de abusos cometidos nas plataformas digitais virou festival de incitação ao vandalismo e ao terror no país, atos praticados principalmente por grupos radicais bolsonaristas. Foi graças a esta absurda “facilidade” da era digital que grupos terroristas e de vândalos se mobilizaram e quase destruíram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o prédio do Supremo Tribunal Federal, o STF, atos que já vinham abertamente sendo divulgados por bolsonaristas nas redes sociais.

 

Todo mundo sabia, os serviços de inteligência e segurança pública sabiam, os “caciques” do Twitter sabiam, assim como do Facebook, Telegram, etc, e mesmo assim “rolou geral” a bagunça e a destruição no planalto central do Brasil, no domingo, dia 08 de janeiro de 2023!

 

Para não mais permitir que tais abusos se repitam o Supremo Tribunal Federal-STF decidiu por unanimidade que autoridades e órgãos de investigação nacional podem sim solicitar informações imediatas a provedores da internet bem como a plataformas digitais com sede em outro país, isso sem a necessidade do aval do órgão de justiça estrangeiro.

 

Agora, plataformas digitais com sede no exterior como o Twitter, Facebook, Google, WhatsApp e Telegram são obrigadas a fornecer dados de usuários sem a necessidade de pedidos de cooperação internacional.

 

A decisão unânime da mais alta corte do Brasil com certeza irá facilitar todo um processo de investigação já em curso sobre o covarde ato golpista praticado no dia 08 de janeiro.

 

De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, “as grandes plataformas acabaram, por omissão, colaborando com os atos do dia 8 de janeiro. A organização desses atos não teria sido possível se elas tivessem um filtro mínimo. Teriam não só avisado as autoridades como cessado essa propagação”, enfatiza o ministro.

 

O julgamento no pleno do STF foi marcado por longas exposições. Todos defenderam a necessidade de se ampliar a regulação sobre a atuação das plataformas no Brasil assim como responsabilizar redes sociais que por ventura ignorem atos criminosos de incitação à violência, vandalismo, barbárie, terrorismo, preconceito, racismo, etc…

 

Os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes compararam o preocupante nível agressivo de desinformação que circula nas redes sociais do Brasil a uma droga, como que um entorpecente mental, que acultura as massas.

 

Em sua exposição, assim se manifestou a ministra Cármen Lúcia:

 

“Este não é um momento de mudança de interpretação do direito, mas de transformação do direito para que nós não tenhamos espaços de faroeste digital com efeitos concretos na vida de todos nós”.

 

Nos EUA a Suprema Corte avaliou duas ações que certamente podem acabar com a imunidade das big techs. As plataformas digitais podem não mais dispor do poder de decidir quais conteúdos deve manter online e quais não uma vez que tais atos passariam a ser uma ferramenta de fiscalização exclusiva do governo americano. Os sites, portanto, seriam legalmente responsabilizados pelos abusos que seus usuários por ventura viessem a publicar.

 

 

Carnaval, a alegria do povo como nossa identidade cultural

 

É carnaval, festa e folia, momento momesco de grande alegria do povo brasileiro. Momento de pular, dar risadas, descontrair e tomar uma gelada, porque ninguém é de ferro!

 

É como diz o grande “Coalhada”, personagem criado pelo genial e saudoso Chico Anisyo:

 

– Pois é, tamos aí, batendo de “trivela”, “polivalendo” e tomando uma aqui e acolá, porque ninguém é de ferro!

 

É a hora e o momento do brasileiro curtir a folia e esquecer os problemas, os mitos e micos da vida, a pandemia, a crise, a carestia, os absurdos da loucura do mundo, e se divertir, porque, afinal de contas, é carnaval…

 

Um brinde ao Rei Momo, a todos os brincantes e fundamentalmente um grande brinde aos nossos antepassados da Mãe África, eles que para cá trouxeram o batuque, o toque do tambor, o ritmo forte da Mãe África, com suas alegrias e lamentos…

 

E vieram mar acima, mar abaixo, nas galés infames dos covardes navios negreiros, tratados como mera mercadoria para dar cada vez mais força ao movimento do trabalho escravo nos canaviais, nos engenhos, nas fazendas, nos cafezais, no plantio e na extração e feitura do cacau. Eram bravos escravizados, tristes guerreiros meninos, inocentes mulheres abusadas e torturadas…

 

Mesmo assim, em meio a tanta dor e sofrimento, a este povo sofrido juntaram-se os povos originários do Brasil, os nativos, os verdadeiros donos da “terra brasilis”, para lutar ao lado das tropas portuguesas, expulsar o invasor estrangeiro, e garantir a soberania nacional do país, a sua consolidação territorial e sua sobrevivência como nação.

 

Eis a nossa identidade, nossa lídima expressão cultural!

 

Valorizar nossa identidade e nossas expressões culturais é valorizar a nós mesmos, os nossos antepassados. Respeitar, preservar, proteger e divulgar é nosso dever, sempre!